Ataque à Europa consumado para um Rio Ave que sabe da tarefa árdua que o adversário direto Famalicão terá nesta jornada. Com direito a reviravolta e golo olímpico nos descontos, a equipa de Carlos Carvalhal bateu em casa o Portimonense por 2x1, assumindo à condição um lugar de apuramento europeu.
Numa tarde de sol mas com muito vento, que soprava na direção da baliza do Rio Ave na primeira parte e da baliza do Portimonense na segunda, os algarvios marcaram muito cedo por Vaz Tê num de muitos pontapés de canto perigosos e os vila-condenses conseguiram ainda no primeiro tempo a igualdade, num penálti de Taremi após longa espera. Já muito perto do fim, Filipe Augusto deu a vitória num pontapé de canto direto.
Carlos Carvalhal mudou quatro peças sem mexer no esquema para a partida, Paulo Sérgio mudou duas com alteração tática: Koki Anzai surgia no onze para os primeiros minutos desde fevereiro, com Hackman a ser puxado para o centro numa defesa que por vezes era a três, por vezes a cinco. Lucas Fernandes surgia na faixa esquerda do ataque e o meio-campo fazia-se com duas peças.
A jogar contra o vento na primeira parte, o Rio Ave teve muitas dificuldades na construção: à questão atmosférica (que influenciava, e de que maneira) juntava-se a agressividade dos algarvios na zona do meio-campo defensivo, interrompendo muitos lances ofensivos vila-condenses, ora em falta ora de forma limpa.
O Portimonense construía melhor, e mesmo que nem sempre conseguisse tirar o melhor partido do vento (em lances mais diretos, a bola tendia a precipitar-se para a linha final ou para o guarda-redes), somou um grande número de pontapés de canto que foram quase sempre perigosos. Logo aos 5 minutos surgiu um desses cantos que valeria um golo madrugador: Tabata a cruzar, Ricardo Vaz Tê a cabecear lá para o fundo e a fazer o segundo golo em três jogos. Antes do canto, houve remate perigoso de Tabata a surgir na sequência de uma falta não assinalada sobre Filipe Augusto.
Além de ser o homem de boa parte das bolas paradas, Tabata era quem mais mexia numa equipa algarvia ameaçadora, e nem a lesão precoce de Dener enfraquecia a formação de Paulo Sérgio, que anda lá por baixo na tabela mas mostrava argumentos para muito mais. Gelson Dala - titular pela terceira vez seguida - teve nos pés uma ocasião de ouro que desperdiçou, o Portimonense continuou a criar perigo nos pontapés de canto e foi já para lá da meia hora que o Rio Ave conseguiu igualar o marcador, com dois momentos-chave separados por qualquer coisa como seis minutos de pausa.
Expliquemos: aos 29', um lance de insistência na grande área do Portimonense, com Gonda a brilhar em frente a Nuno Santos e Dala a encostar para o fundo da baliza... deu-se início à longa espera para análise do VAR, que terá certamente identificado a posição irregular de Nuno Santos no momento do remate mas descortinou também um toque com o braço de Jadson, dando origem a uma grande penalidade que Taremi converteu, num penálti clássico batido já... aos 35 minutos.
Com Kieszek a brilhar tanto ou mais do que Gonda nessa fase, o Rio Ave lá se satisfez com a igualdade ao intervalo - chegou depois de oito minutos de descontos - acreditando que a troca de campo permitiria uma outra tendência na partida, um melhor aproveitamento dos bons elementos ofensivos da equipa da casa.
Foi o que aconteceu. A equipa de Vila do Conde entrou bem melhor na segunda parte do que na primeira, com circunstâncias mais favoráveis, embora por muito tempo sem conseguir ultrapassar uma linha defensiva sólida e numerosa dos algarvios.
Com vinte minutos jogados na segunda metade, Carvalhal arriscou: lançou Mané e Piazón para os lugares de Figueiras e Diego Lopes, reforçando os corredores e aumentando a profundidade, embora sacrificando - na teoria - alguma solidez defensiva. Não calhava mal, porque o Portimonense estava bem menos perigoso no ataque e o jogo acontecia quase sempre para lá do meio-campo e com dez dos onze jogadores algarvios envolvidos em tarefas defensivas.
O Rio Ave quase conseguia também aproveitar uma bola parada para marcar, mas Gonda ia brilhando de novo perante um cabeceamento de Taremi, a quem foi então (mal) assinalado um fora-de-jogo. Em bola corrida, a equipa de Carvalhal continuava a não conseguir ultrapassar a brava resistência algarvia, já muito mais preocupada em defender a igualdade do que em qualquer outra coisa. Seria com a bola parada, com todo o esforço que implicava mantê-la quietinha no chão, que chegaria a solução.
Filipe Augusto foi quem assumiu a conversão de um canto à direita, e o canhoto lançou uma bola em arco que o vento ajudou a empurrar para a baliza de um então ineficaz Gonda. Missão longa mas cumprida para os homens de Carvalhal, que em dois jogos em casa somaram duas vitórias, com uma derrota fora pelo meio. O Portimonense fica mais perto da descida.
Num jogo em que ambas as equipas enfrentaram muitas dificuldades na construção devido a condições climatéricas, tudo acabou por se decidir em bolas paradas (dois cantos e um penálti). O Portimonense criou perigo muito frequente nos cantos, o Rio Ave resolveu a questão da mesma forma.
Se nas bolas paradas decisivas o vento até acabou por beneficiar, a forma como condicionou a construção de jogo das duas equipas foi negativa. O resultado foi um jogo difícil de ver e analisar, já que muitos dos planos coletivos não tinham seguimento.