Não foi só velocidade. Não foi só parecer uma autêntica mota na segunda parte. Foi a confiança, a qualidade técnica, o drible. Nanú esteve em grande na faixa direita do Marítimo. Fechou bem no aspeto defensivo e, com espaço, desequilibrou e brilhou nos últimos 20 minutos. Percebeu muito bem onde estava o ouro e foi para cima da defesa encarnada com toda a irreverência. A finta a Ferro no lance do primeiro golo é brilhante e o trabalho, cinco minutos depois, que permitiu ainda mais conforto, não lhe fica atrás. Exibição de mão cheia.
Tem alternado a titularidade com Charles e, diante do Benfica, provou ao seu treinador que está pronto para ser o número um até ao final da época. Impediu o golo do Benfica e de Chiquinho, ao minuto três, de Carlos Vinícius, ao minuto 17, e de Dyego Sousa, ao minuto 93, com defesas muito boas, especialmente a última. Deu segurança fora dos postes, segurou a equipa nos piores momentos e realizou uma das melhores exibições desde que está em solo português.
Está aqui mais pela segunda parte, porque na primeira também passou algumas complicações junto de Carlos Vinícius. Ainda assim, após o intervalo, cresceu...muito, oferecendo solidez e segurança à última linha dos madeirenses. Cortou um sem número de bolas, foi imponente no jogo aéreo, controlou bem a entrada de Seferovic e provou que é o central mais fiável para José Gomes. O Marítimo continua entre os grandes, também por causa dele.
Que diferença no futebol do Benfica, pelo menos durante os primeiros minutos, com a entrada de Chiquinho no onze. O português ligou setores, movimentou-se muito bem, mostrou criatividade e só não marcou por mérito do guardião adversário. É verdade que caiu, mas foi dos poucos a revelar clarividência e alguma inspiração. Quando a equipa está tão mal, até os melhores, os mais virtuosos, os que podem fazer a diferença, desaparecem.
Não é o maestro do Marítimo, não é o mais virtuoso da equipa, mas é dos poucos a ter boas ideias na cabeça e nos pés. Diante do Benfica, um rival muito mais forte, em teoria, Pelágio lutou, ganhou inúmeros lances, demonstrou inteligência e sentido posicional e, ainda, alguma capacidade no passe. Não se esconde e tem confiança nas suas próprias qualidades. Foi o cérebro da surpresa.
Já tinha atuado ao lado de Weigl em Barcelos e, desta vez, na Madeira, esteve ainda mais apagado. Tentou, é verdade, não se escondeu, mas errou quase todos os passes, especialmente no meio-campo contrário. Alguns deles passaram mesmo muito longe dos colegas, mas o passar dos minutos não ajudou propriamente o grego, que já fez minutos a mais na segunda parte, antes de sair com naturalidade.
O que é feito do internacional português que, com o próprio Bruno Lage, brilhou na segunda metade da época passada, com um futebol desconcertante e desequilibrador. Rafa é, nos dias de hoje, um jogador completamente diferente, mais lento, menos espetacular, menos confiante, mais previsível, com uma falta de confiança visível a milhas. Entrou para melhorar o Benfica e passou, mais uma vez, ao lado do jogo. É dos que tem sofrido mais com a quebra exibicional.
Mais um jogo, mais algumas abordagens inexplicáveis de um central que chegou a ser mais valia durante a segunda metade da época passada. Não há muito a dizer sobre o momento de Ferro, o jogo da Madeira foi apenas mais um exemplo do que faz a falta de confiança a um jogador e, especialmente, a um central. Ferro perdeu completamente os duelo com Nanú nos lance do primeiro golo e do segundo golo e saiu do relvado dos Barreiros com nota negativa.
2-0 | ||
Jorge Correa 74' Rodrigo Pinho 78' |