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    Curiosidades sobre os registos caseiros da Liga NOS

    Agora sem adeptos nas bancadas: o quão importante é o fator casa em Portugal?

    2020/06/02 19:00
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    Sem pessoas e com um silêncio que se torna ensurdecedor. Esta vai ser a realidade da Liga NOS, pelo menos até ao fim desta temporada. Quando os adeptos não estão na bancada, o que acontece ao fator casa? Como vão reagir as equipas que tornavam o seu estádio em fortalezas?

    O aguardado regresso do futebol português está ao virar da esquina e, depois de um longo processo de preparação e garantias de que tudo pudesse correr de forma segura, restava apenas serem aprovados os estádios que vão receber os jogos das últimas dez jornadas. 

    Sabe-se agora que todas as equipas vão jogar em sua casa, à exceção do Santa Clara e o Belenenses SAD, que optaram por fazer da Cidade do Futebol, as suas casas. No total, são 17 os palcos que vão receber jogos da Liga.

    Termo de comparação

    A Bundesliga foi a primeira grande Liga europeia a voltar ao ativo e tem sido vista como um exemplo para todas as outras que pretendem retomar a competição. Houve, no entanto, uma tendência que saltou à vista de todos. Os resultados das primeiras jornadas do regresso registam uma percentagem muito baixa de vitórias caseiras, sobretudo quando comparadas com as percentagens até à interrupção.
     
    À 25ª jornada, 43% das equipas da principal Liga alemã vencia os seus jogos caseiros. Sensivelmente quatro jornadas depois, e à hora da criação deste texto, este número tinha caído para 23%. No total de 34 partidas disputadas, apenas oito delas viram vencer a equipa visitada. Bayern Munique, Borussia Dortmund e Monchengladbach, Hertha, Fortuna Dusseldorf e Hoffenheim foram as únicas a conhecer o sabor da vitória no seu estádio. 

    A grande maioria dos treinadores já abordou o assunto, vários jogadores também o fizeram e até os árbitros comentam. A conclusão é a consensual: não é o mesmo sem os adeptos. 

    Uma imagem estranha do Signal Iduna Park com as bancadas despidas

    Já a explicação para o fenómeno é difícil de encontrar. Julian Nagelsmann, técnico do Leipzig, intitulou jogar sem adeptos como «uma enorme desvantagem». Hansi Flick explicou que «o nível de motivação desaparece com as bancadas vazias» e o Dortmund até contratou um psicólogo desportivo para combater o silêncio no estádio. 

    Peter Bosz foi mais longe e confessou que «não é uma coincidência» que as equipas estejam a perder em casa. Na sua opinião, «torna-se mais fácil para equipas que jogam fora», agora que os adeptos da casa «não podem ajudar». 

    Veremos a mesma tendência em Portugal? O zerozero foi verificar e encontrou algumas curiosidades sobre os recordes caseiros das equipas portuguesas.

    As fortalezas na luta pelo título

    Quando falamos em defender o fator casa na Liga NOS, duas equipas destacam-se. FC Porto e Benfica apresentam os dois melhores registos caseiros da Liga, com 31 e 28 pontos, respetivamente, em 36 possíveis. O Estádio do Dragão estava imaculado até ao dia 17 de janeiro, quando recebeu o SC Braga, na altura orientado por Rúben Amorim, e conheceu, pela primeira vez na temporada, o sabor da derrota (1x2). Depois do tropeção, os comandados de Sérgio Conceição voltaram a uma sequência de vitórias, que foi interrompida na visita do Rio Ave (1x1), na última partida antes da suspensão do campeonato.

    O FC Porto leva 10 vitórias nas 12 partidas disputadas no Estádio do Dragão ©Manuel Morais / Kapta +

    Na Luz, o primeiro dissabor chegou logo à passagem da terceira jornada, no clássico frente aos dragões (0x2). Depois disso, e à semelhança do rival, as águias somaram várias vitórias consecutivas até à visita dos Gverreiros do Minho (0x1). Para além disso, também na última partida, não foram além de um empate, mas com o Moreirense (1x1)

    Para ambas as equipas sobram cinco jogos nas suas «fortalezas». Se olharmos para estatísticas, ao Benfica falta receber adversários que estão na primeira metade da tabela quando se contabilizam apenas os jogos fora (Tondela, Santa Clara, Boavista, Vitória SC e Sporting).  Já no Dragão, para além de Sporting e Boavista, a turma de Sérgio Conceição é visitada por Marítimo, Belenenses SAD e Moreirense, três equipas com recordes negativos quando jogam fora de portas.

    Terão estes dois palcos a mesma imponência sem os seus adeptos?

    Sequências para manter?

    O SC Braga e o Sporting, terceiro e quarto classificados, respetivamente, eram as duas equipas com a melhor forma antes da interrupção. Para os minhotos são quatro vitórias e um empate e para os leões quatro triunfos consecutivos. Entretanto, e durante as sequências, as equipas mudaram de treinador, mas conseguiram manter os registos. Ambas as equipas têm cinco jogos caseiros pela frente na luta pelo último lugar do pódio.

    A 5ª equipa com o melhor registo caseiro é o Moreirense ©Vítor Parente / Kapta+

    Depois do Estádio Municipal de Braga e de Alvalade, surge uma surpresa. O Estádio Comendador Joaquim de Almeida Freitas, casa do Moreirense e, curiosamente, o último a ser aprovado pela DGS, é o quinto palco com melhor registo da Liga. As únicas derrotas chegaram aos pés dos atuais três primeiros classificados. Logo a seguir, vem o Municipal de Famalicão, um reflexo do que tem sido a temporada da equipa de João Pedro Sousa. Contudo, o registo acaba por ficar ligeiramente manchado com a goleada sofrida frente ao Vitória SC (0x7).

    A maldição do João Cardoso?

    Nem todas as casas são confortáveis para quem as habita. Existem casos que seriam de esperar e que se refletem nas classificações dos clubes, mas há um que salta à vista. O Tondela ocupa o 14º lugar da tabela, três acima da linha d’água. No entanto, se olharmos para o registo caseiro, a equipa beirã é a pior equipa do campeonato. O único triunfo no seu estádio foi na receção ao Sporting (1x0). Para além desse resultado, são seis derrotas e cinco empates no Estádio João Cardoso. Para compensar, os pontos conquistados fora de portas colocam a equipa na sétima posição dos registos forasteiros. Vamos voltar a presenciar esta tendência ou os jogadores do Tondela vão ficar menos pressionados, agora sem adeptos?

    Nas 12 jornadas que disputou em casa, o Tondela conquistou apenas oito pontos ©Rogério Ferreira / Kapta+

    Acima estão os dois atuais últimos classificados. Aves e Portimonense, com 11 e 12 jogos caseiros já disputados, respetivamente, têm apenas nove pontos conquistados nos seus estádios. Com visitas de FC Porto e Benfica, os avenses têm, pela frente, a complicada tarefa de inverter este registo caseiro negativo. Em Portimão sobram seis partidas, uma delas contra as águias. Numa luta para fugir para dos últimos lugares, as duas equipas vão precisar de resultados positivos nas suas casas.

    Apresentadas estas estatísticas, sabemos que a sua importância pode ser mínima quando a bola começar a rolar. Tendo o exemplo da Bundesliga, onde vários números caíram por terra, percebemos que tudo pode mudar na hora da verdade. Estaremos, certamente, a acompanhar, com a promessa de trazer um ponto de situação sobre o fator casa depois de disputadas algumas jornadas da Liga NOS.

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