naosabesonde 24-04-2024, 17:51
O futebol parou por todo mundo devido ao surto de coronavírus e por todo o mundo há portugueses à espera de ultrapassar esta situação para voltarem a fazer o que mais gostam: jogar futebol.
Neste tempo em que o exigido é «ficar em casa», o zerozero foi conversar com vários portugueses espalhados pelos quatro cantos do Mundo para perceber como tem sido este período sem futebol e como têm acompanhado toda esta situação, lá fora e em Portugal. Sempre à distância, claro.
Da vizinha Espanha à longínqua Indonésia, o mote passa por ficar em casa e ler os relatos da rubrica: «O meu futebol em quarentena».
zerozero (ZZ): Como tens ocupado o teu dia durante a quarentena?
João Moreira (JM): Não tenho feito muita coisa, não há muito para fazer dentro de casa... Tomo o pequeno almoço, vou treinar 40 minutos a uma hora, depois meto-me a jogar Playstation com os amigos, que eles agora andam aí em alta, e depois tiro um bocadinho para ver as notícias para saber como está a situação. Não é muito agradável.
ZZ: Que indicações te deu o clube?
JM: Aqui foram rigorosos. O Campeonato parou há duas semanas e nem deram opção de esperar para continuar a liga. Ainda tínhamos possibilidade de lutar pelo título, porque o nosso rival Auckland tinha equipas mais complicadas do que nós pelo caminho, mas decidiram terminar a liga e entregar o título ao Auckland. Em relação às indicações, o clube quer que a gente fique em casa e o nosso preparador físico está constantemente em contacto, a enviar algumas práticas de treino e a saber como estamos. De preparador físico acho que está agora em modo psicólogo [risos].
ZZ: Como é ficar tanto tempo em casa?
JM: É uma situação nova. Para todos é difícil, sobretudo para quem está habituado a ter uma rotina de trabalho e agora do nada tens de ficar em casa. Entras quase num estado de choque.
ZZ: Que conselhos deixas (livros, filmes, séries...)?
JM: Há imensas séries, é por gosto. Mas tens a Casa de Papel. Está para sair a 4.ª temporada e já estou aqui a ferver. Vou prolongar a quarentena [risos]. Também sou fã de Vikings.
ZZ: Tens mantido contacto com os teus colegas?
JM: Fala-se bastante. Agora está tudo preocupado. Uns ainda estão naquela fase de pensar que podíamos ser campeões… Depois há outros que já estão mais avançados e perguntam se vamos ficar no clube na próxima época e assim. Agora qualquer coisinha há um grupo e há sempre alguém que começa a conversa e depois são cinco horas até terminar [risos].
ZZ: Como tens acompanhado a situação em Portugal?
JM: Tenho a maioria da família em Portugal e o meu filhote em Espanha, e preocupa-me. É algo que nunca vivemos antes… A mim disseram-me que a peste negra foi uma loucura, mas é uma história que não vivi. E isto agora é praticamente parecido. Na altura não se sabia a cura e agora também não. Não se sabe onde isto vai dar. É preocupante.
ZZ: Como está a situação em Wellington?
JM: Para ser realista, não houve muitos casos. O governo atuou bem e decidiu fechar o aeroporto, os locais públicos, de restauração, e tentar meter as pessoas em casa. Noutro dia saí de casa para ir ao supermercado e ainda está aquele calorzinho… E a praia estava a abarrotar. Na verdade, ainda vejo milhares de pessoas na rua. Seja a passear, a correr, andar de skate ou bicicleta… Não sinto que estejam despreocupadas, mas é aquela coisa… Ainda não sabem a gravidade do que pode ser.
ZZ: Como contas regressar à competição? Tem sido fácil manter a forma?
JM: Tenho estado a par das notícias da federação. Ainda não deram nenhuma data para o retorno da liga. Em termos de treino não tenho de me queixar muito. Infelizmente, estive seis meses sem equipa e treinava muito sozinho. A parte mental acho que está fortalecida. Não é igual, claro, mas tem de ser.
ZZ: Quando isto acabar, qual é a primeira coisa que queres fazer?
JM: Gostava que tudo voltasse ao normal para as pessoas estarem tranquilas. Não vai voltar ao normal tão rápido, pois vamos andar na rua na dúvida. Mas era isso… Que a sanidade das pessoas permanecesse intacta e que todos pudessem ter uma vida normal.