José Fonte: «Temos de continuar dedicados porque a competição pode começar a qualquer momento»

O futebol parou por tudo mundo devido ao surto de coronavírus e por todo o mundo há portugueses à espera de ultrapassar esta situação para voltarem a fazer o que mais gostam: jogar futebol.

José Fonte 2019/2020

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Neste tempo em que o exigido é «ficar em casa», o zerozero foi conversar com vários portugueses espalhados pelos quatro cantos do Mundo para perceber como tem sido este período sem futebol e como têm acompanhado toda esta situação, lá fora e em Portugal. Sempre à distância, claro.

Da vizinha Espanha à longíqua Indonésia, o mote passa por ficar em casa e ler os relatos da rubrica: «O meu futebol em quarentena».

• José Fonte, jogador do Lille, França

zerozero (ZZ): Que indicações te deu o clube?

José Fonte (JF): As indicações que tive do meu clube foram para ficar em casa, fechado com a família para tentar sair o mínimo possível à rua. A nível de manter a forma física temos um plano semanal, um pdf que nos enviam todas as semanas que temos de cumprir à regra. Temos que enviar vídeos, fotos, fazer facetime para eles comprovarem que estamos todos a trabalhar e a dar o máximo para manter o melhor nível de forma possível caso a Liga comece em breve.

ZZ: Como é ficar tanto tempo em casa?

JF: É um bocado igual para todas as pessoas. Os primeiros dias, a primeira semana é espetacular. É bom estar em família e poder fazer coisas que normalmente eu não posso fazer, porque não vivo com a minha família. No meu caso é ótimo estar em casa com os meus filhos e a minha mulher, mas depois de 15 dias de quarentena começam a escassear coisas para fazer, para manter entretidos os nossos filhos e nós próprios. Não é fácil, mas temos de manter sempre o positivismo, tentar encontrar coisas e atividades para fazer. Manter a boa disposição, ter e manter a rotina porque os miúdos continuam a fazer os trabalhos de casa, as escolas continuam a enviar muitos trabalhos de casa, então pela manhã fazemos sempre os trabalhos de casa, tentamos fazer de professores [risos]. Depois de almoço fazemos exercício físico para relaxar um pouco ao fim da tarde.

ZZ: Que conselhos deixas (livros, filmes, séries, jogos...)?

JF: A forma que arranjei que nos tem ajudado para ter uma rotina é escrever semanalmente o que temos de fazer, o que é que os miúdos têm de fazer, vestir, tomar o pequeno almoço, depois vamos começar as nossas aulas, os trabalhos de casa, depois paramos para almoçar, tentamos cozinhar em família, com os miúdos a ajudar a preparar o almoço. Depois de almoço damos um bocado de tempo livre, podemos brincar com eles em alguns jogos que temos aqui para eles, fazemos uns Legos, uns puzzles, fazemos o nosso exercício físico, as nossas tarefas e os nossos jogos no jardim, temos sorte de ter um bom jardim. Quando regressamos vemos um filme ou então fazemos um bolo, os miúdos têm cozinhado bastante com a minha mulher, têm feito bolos, têm feito muita culinária, que ajuda, ou vamos limpar a casa. Temos que inventar e desfrutar, tentar desfrutar do máximo possível e ocupar o nosso tempo.

ZZ: Como tens acompanhado a situação em Portugal?

JF: Tenho acompanhado de perto a situação em Portugal, como é óbvio. Neste momento não está tão grave como em Itália, Espanha e até em França, estou contente. Os portugueses têm aderido e têm feito tudo por tudo para se manterem em quarentena para se protegerem. Há que louvar isso e continuar fortes nesse aspeto para tentar conter o máximo possível. 

ZZ: Como está a situação na França?

JF: Eu estou em Londres, não em França, mas sei que lá as coisas têm subido, os números de infetados e mortos têm subido e sei que os meus colegas estão como eu, em quarentena, só saem para comprar comida. Está assim por todo o mundo.

ZZ: Como contas regressar à competição? Tem sido fácil manter a forma?

JF: Tentando manter a forma da melhor maneira possível. Tenho a sorte de ter um ginásio em casa, um jardim que me permite fazer exercícios físicos, correr, estar com bola, mas não tem sido fácil. Como é óbvio, tens filhos e mulher, tens as tuas tarefas, daí ter a minha rotina, os meus hábitos e escrever para ter o plano semanal e diário para ajustar o exercício que tem de ser feito. Há dias em que estás mais motivado do que outros, mas quando não estás motivado tens que ir buscar lá no fundo o teu profissionalismo e a tua motivação. É óbvio que no fim, quando chegas ao fim do exercício físico é uma recompensa boa porque vale a pena, é normal que antes de fazer exercício não tenhas aquela motivação. É normal por vezes não haver, mas no fim sentes-te recompensado, sentes que lutaste contra a falta de vontade e conseguiste fazer, cumprir com os teus deveres e é isso que tem de ser feito. Temos de continuar dedicados porque a competição pode começar a qualquer momento e temos de estar prontos. É nisso que temos de estar concentrados.

ZZ: Quando isto acabar, qual é a primeira coisa que queres fazer?

JF: Levar a família a um bom restaurante e ter um bom jantar em família. Acho que passa por aí.

• A mensagem de José Fonte: