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    Entrevista à Tribuna Expresso

    (20JUL2019) | «A minha sensibilidade foi: não posso deixar o Benfica assim. Vou tentar mesmo que saia prejudicado»

    2020/03/29 10:34
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    Entrevista da autoria da Tribuna Expresso, originalmente publicada a 20 de julho de 2019 e que pode ser vista na publicação original aqui.

    Saiu do Benfica e, 10 dias depois, era confirmado no Al-Nassr. Não tinha planeado ir para a Arábia Saudita porque «nunca» fez «um projeto de carreira definido» e garante que o que lhe deu «mais gozo» no clube da Luz foi apostar na formação e em portugueses e «conseguir ganhar».

    Fora o trabalho, como é viver na Arábia Saudita?

    «A experiência tem sido melhor do que pensava e adaptei-me muito bem. Temos uma imagem muito diferente da realidade de quem lá vive. O meu dia-a-dia, primeiro, é praticamente futebol, mas lá treina-se mais da parte da tarde, de manhã não se treina. É tudo mais puxado para a noite: acorda-se mais tarde, deitamo-nos mais tarde. Mas tem sido muito positiva também porque, de certa forma, cá temos as expetativas negativas e lá verifiquei que é o contrário».

    O Ramadão é assim tão difícil como se julga ser?

    «Difícil é fazê-lo na Europa. O ritmo é diferente. Lá é tudo adaptado em função do Ramadão. Os empregos são alterados, os nossos horários de treino são alterados e todas as refeições também. Eles acabam por dormir durante o dia e fazem a vida mais à noite. No fundo, é inverter o ciclo, mas, como é uma coisa genérica, não se tem muita dificuldade. Vê-se os muçulmanos com um sentido muito positivo, mas cá é sempre associado a algo negativo, acha-se que os jogadores não vão aguentar. Mas, quando temos uma equipa envolvida nisto, fica mais fácil. Depois é gerir os estrangeiros que temos com os muçulmanos e temos que separar as coisas. Foi uma experiência de vida muito interessante nós, como equipa técnica, termos que montar isto. A própria confeção das refeições é diferente, eles não podem beber água durante o dia e tudo tem que ser bem pensado. Correu tudo bem, porque acabámos por ser campeões mesmo no meio do Ramadão».

    Imagino que isto implique deitarem-se, também, às tantas.

    «Não é difícil, porque ao estarmos mais sozinhos, sem praticamente família lá, temos essa flexibilidade. Depois, o português tem capacidade de adaptação e de perceber o contexto, que faz toda a diferença. Foi uma experiência que vivi com muito agrado».

    E como é dar treinos e trabalhar sempre com um tradutor ao lado?

    «[Ri-se] Quando cheguei lá, lembro-me que aterrei à hora de almoço e fui treinar ao final do dia. O primeiro treino foi uma estranheza enorme. Normalmente estou dentro do exercício e, de repente, tenho uma pessoa quase colada a mim, a andar por tudo o que é lado, sempre os dois juntos. Fez-me uma confusão tremenda. Mas tem que ser assim. Tem sido muito interessante e tem funcionado bem, apesar de não ter tradutor de português para árabe - tenho um tradutor inglês-árabe. Como o meu inglês não era muito fluído, foi um desafio que criei a mim mesmo. Depois, porque vivo desta passagem da mensagem com emoção, o meu tradutor faz isso exatamente assim. Se altero o tom de voz, ele também altera. Temos situações curiosas por causa disso».

    Não sente que do português para o inglês e do inglês para o árabe se perde alguma coisa?

    «Perde-se, porque sou muito de ir buscar expressões do nosso dia-a-dia e transportar isso para situações árabes fica difícil. Por exemplo: “O cavalo passa à porta de toda a gente”. Tenho que passar isto para inglês. Isto, muitas vezes, surge a meio das palestras de forma muito espontânea e intuitiva. E ficamos ali um bocado apertados, porque também temos de pensar na cultura. Então, comecei a preparar as minhas intervenções com o tradutor, especialmente as de pré-jogo e durante o intervalo, para ver se conseguia transmitir aquilo que eu queria e se isso se percebia. Estas expressões não são fáceis de ser traduzidas».

    Ajuda que o tradutor perceba de futebol ou pode limitar-se só a traduzir?

    «Ajuda muito, muito. Este tradutor já tem 20 anos de experiência, já passou por muitos treinadores. Há coisas nos exercícios que nós, treinadores e jogadores, quase só com uma indicação está percebido. Mas, se o tradutor não perceber, fica difícil. Eu não falo um inglês corretíssimo, mas ele percebe tudo aquilo que quero e passa a mensagem como eu gosto».

    Estou a lembrar-me da final da Taça da Liga, com o Paços de Ferreira, em que vai ao quarto dos jogadores dar-lhes uma carta. Na Arábia Saudita fica mais complicado ter estas estratégias de comunicação/motivação?

    «[Ri-se] Tive um episódio curioso na Arábia. Faço isso em função do contexto que tenho à frente - dos jogadores, do grupo, da cultura. Num dos últimos jogos, quis passar um pequeno vídeo, com 30 segundos, para apelar um bocadinho à solidariedade, à cooperação, à entreajuda e até à humildade. O vídeo era simples, era uma pega de uma tourada. O vídeo estava praticamente pronto para avançar e eu, à última hora, lembrei-me de perguntar ao meu tradutor. Quando lhe pergunto, ele diz: "Coach, is better no". Porque eles podiam entender aquilo de forma diferente, não conhecem as touradas, parece que estamos a enfrentar um touro... O que é que aconteceu? Perdemos. Durante a semana seguinte, o homem estava completamente assustado, andava em pânico, porque associou: será que isto aconteceu porque não fiz o que o coach queria? Tive que o tranquilizar, claro que não perdemos por não passarmos o vídeo».

    Os árabes são muito supersticiosos?

    «Não senti. É evidente que o dia deles é associado à parte religiosa e temos que ter um cuidado extremo com as rezas. Mas não vejo os jogadores agarrados a isso para ganharem. A reza não podemos contrariar e tudo tem que ser certo. Temos que preparar sempre o processo de treino em função dos horários das rezas».

    ©Al Nassr

    Porque decidiu ir para o Al Nassr?

    «Surgiu-me um convite aliciante, financeiramente também. Depois, porque entendi duas coisas: ou ficava em Portugal e, se calhar, fazia uma paragem durante uns meses, também para fazer uma introspeção e pensar um bocado na vida; ou saía um bocadinho para um contexto diferente e aproveitava uma experiência que podia ser importante para o ano seguinte. Fazer três, quatro meses de uma época para agora entrarmos neste, se não fôssemos campeões, preparávamos as coisas para o sermos este ano. Foi a parte financeira e foi o discurso das pessoas. Senti uma persistência enorme em quererem que eu fosse para lá. Testemunhei isso porque podiam ter contratado outro treinador, havia uma pressão enorme para que fosse buscar alguém, quando a equipa não estava a ter resultados. Houve uma pessoa que foi convicta, que forçou, que esperou e eles diziam-me muito isto: não queremos só um treinador, queremos um partner. Essa pessoa foi criticada, mas teve muito mérito para que eu fosse para lá».

    Quem é essa pessoa?

    «É um elemento da anterior direção que agora vai sair. Foi, praticamente, a pessoa mais responsável por me levar para lá. Pelo discurso, pela convicção, pela forma como transmitiu a mensagem e como satisfez tudo o que queríamos para irmos para a Arábia. Estiveram, salvo erro, dois meses com o Hélder [Cristóvão] como treinador interino e esperaram porque viram que era eu quem eles queriam. E olhe, deu certo».

    Tomada a decisão de sair de Portugal, quis que fosse para um campeonato mais afastado?

    «Teve que ser uma decisão de 24, 48 horas. Ou se decidia naquela altura, ou eles tinham que optar por outro treinador. Não tive tempo para amadurecer muito isso. Não fiz um projeto de carreira muito definido, é uma das coisas que tenho para a minha carreira. Vou abraçando as situações que vão aparecendo, que me tocam, onde vejo que posso ser feliz. Tive ali qualquer coisa, um feeling com aquela pessoa... Até disse uma frase na altura: 'Nós vamos, mas vamos para ganhar'».

    Entre a saída do Benfica e o anúncio oficial no Al-Nassr passaram sete dias.

    «Foi menos até. Ficou decidido num fim-de-semana. Saí na sexta-feira e, na segunda, tive desde as 10h até às 3h e tal da manhã para decidir se ia para a Arábia».

    Quando saiu do Benfica disse que havia um desgaste da opinião pública. Sentiu-se aliviado por sair de Portugal?

    «Não. Às vezes, estamos envolvidos neste contexto e acabamos todos contagiados por isso. É quase como morarmos todos na mesma rua e vivemos a vida uns dos outros. Quando fui para a Arábia não era porque necessitasse desse alívio. Foi, também, por obrigação da profissão, porque me tive que dedicar ao Al-Nassr, ponto. Passei a debruçar-me completamente sobre o que se passava na Arábia. Não foi um alívio, mas acabou por ser um virar de página».

    Saiu a bem do Benfica e de forma pacífica, como chegou a dizer?

    «Sim, completamente a bem. Não havia outra razão. Dava-me e dou-me muito bem com as pessoas que estavam a trabalhar diretamente comigo, nomeadamente com o presidente e o diretor-desportivo. Não houve qualquer problema em relação a isso. Entendemos que há momentos em que temos de mudar de estrada para chegarmos ao caminho comum. Foi isso que fiz e que o clube também fez».

    Um mês antes de sair, Luís Filipe Vieira vê uma luz, tem um feeling e o Rui fica. O que sentiu?

    «Nessa altura tomámos a decisão em conjunto. Nesse dia, se saísse dessa forma do Benfica, se calhar estava a assinar por outro clube durante a tarde. Era assim. Olhando agora para trás, talvez o indicado fosse sair. Mas todos quisemos tentar. Sabíamos o que estávamos a fazer, o que tínhamos construído durante três anos. Fiz isto de consciência e hoje fazia na mesma. Aceitei continuar e o clube aceitou que continuasse».

    Mas hoje aceitaria, mesmo, de novo?

    «Gosto sempre de me posicionar no momento. Agora é fácil. Naquele momento, a minha sensibilidade foi: se ainda acredito nisto, não posso deixar o Benfica assim. Vou tentar até ao limite, mesmo que saia daqui prejudicado».

    Quando um treinador passa muitos anos no mesmo clube, isso cria uma ligação que depois dificulta estas decisões?

    «Não quero dizer frieza, mas sou pragmático na minha vida. Mas, em relação a isso, sou mais sentimental, de facto. Estive quatro anos em Fátima, quatro anos em Guimarães, fiz um ano em Paços de Ferreira e no Benfica já ia para o quarto ano. Nunca pensei na história de ganhar e sair, como alguns colegas meus fazem, com toda a legitimidade. Mas nunca pensei nisso porque é assim que me sinto bem. Olhando para trás, foram quase quatro anos que vivi em cada clube. Porque gosto de me envolver muito mais, vou mais além do que a apresentação de uma equipa ao fim de semana e, às tantas, estou envolvido na parte organizacional das equipas. É assim que gosto de estar e não vejo que seja um problema. Aliás, o dia-a-dia vai-me dando razão, cada vez mais os clubes português não fazem contratos só por um ano com os treinadores. Há mais estabilidade nas equipas e há noção de que essa estabilidade traz frutos. Também penso assim».

    Luís Filipe Vieira disse que os benfiquistas ainda iam ter muitas saudades suas. O que acha?

    «Não sei. O que o presidente quis dizer, percebo perfeitamente, não tem a ver com resultados. E posso falar disto abertamente: tem a ver com o facto de nós, em conjunto mas partindo muito dele, termos mudado um bocadinho o que se falou como o paradigma no Benfica. Houve um trabalho árduo em que corremos riscos e foi nesse sentido. Sei como o presidente pensa, conheço-o bem e aquilo foi uma mensagem clara de amizade. Tem a ver com ele sentir que tínhamos contribuído muito para o Benfica. Ele acreditava naquela mudança e eu também. E conseguimos aquilo que pensámos ao início».

    Havia o risco que qualquer treinador herda caso não seja campeão no Benfica e continue no clube?

    O maior risco não foi aí. Quer dizer, ir para o Benfica e para um clube grande é sempre arriscado, mas é algo a que nunca se pode negar. Todos tínhamos a noção de que ir para o Benfica, naquele contexto, em que o treinador anterior tinha sido campeão, em que havia uma esperança enorme de renovação do título - no caso, seria o tri - era um risco. Mas o risco foi a mudança que queríamos fazer. Havia jogadores da equipa B que fui acompanhando e que entedíamos que podíamos ir lançando na equipa principal, esse é que foi o risco. Podia ter lá chegado e ter voltado para trás, como esteve quase a acontecer numa primeira fase da época em que as coisas não estavam a correr bem e numa segunda fase é que começaram a aparecer os resultados. Aconteceu o mesmo quando fui para o Paços, em que senti que vou e se calhar volto para a Segunda Liga. Depois, o risco foi a continuidade do trabalho, quando ganhámos e depois não ganhámos. O que me deu maior sabor foi ir para o Benfica e acreditar na ideia que levava: apostar em jogadores que podia haver na formação, sempre que possível apostar em mais portugueses e conseguir ganhar. Isso é que me deu gozo, porque pensámos nisso antecipadamente.

    ©SL Benfica/João Paulo Trindade

    Sendo treinador do Benfica, está sempre a ir a conferências de imprensa e é questionado sobre tudo e mais alguma coisa do clube. É desgastante?

    «Muito. Depois, é curioso analisar o que cada vez mais treinadores começam a ter o tal ano sabático. E estamos a falar de treinadores jovens: o Guardiola já fez, o Ancelotti, o Luís Enrique, o Zidane, o Villas-Boas. Teoricamente, uma pessoa com 60 anos, com a vida organizada em termos financeiros, é que pensa em descansar um ano. Mas não, estamos a falar de treinadores jovens e isso quer dizer que há uma tensão muito grande nesta profissão. Tem que se ter uma estrutura mental com determinado perfil, se não, temos a propensão para nos desequilibrarmos e podermos começar a cometer erros».

    Chegou muitas vezes a casa com a cabeça a arder?

    «Isso não, porque desligo. Consigo ser muito auto-regulado em relação a isso. Saía do Seixal e fazia questão de ter a minha vida normal em casa. Via televisão com as minhas filhas quando tinha de ver. Era um cidadão normal e conseguia separar. Entendo que, para ser melhor treinador, tenho que ter esta vida social. É uma questão de equilíbrio».

    Ter a família em casa não lhe fez falta na Arábia Saudita?

    «Também fez, mas, lá está, o português consegue-se adaptar. Claro que é sempre agradável ter o conforto da família em casa quando se tem um dia menos bom. Mas a vida de treinador é isto, nunca podemos ter estabilidade total, para se ter uma coisa não se pode ter outra. Agora é passar por estes sacrifícios, é mesmo assim, não vale a pena estar a lutar contra isto».

    Conseguiu ir vendo os jogos do Benfica este tempo na Arábia Saudita?

    «Não via muito futebol português. Lá via um jogo ou outro, mas não. Preocupei-me com aquilo que se passava na Arábia, fiz quase um reset. É evidente que ia acompanhando, mas não o suficiente para ter uma opinião fundamentada e ao pormenor».

    Soube-lhe bem desligar do que se passava em Portugal?

    «Sim, também para viver outra realidade, conhecer outro mundo, integrar-me noutra sociedade e adaptar-me à cultura. Soube-me muito bem. Não tive esse afastamento por medo do futebol português, não foi por isso. Foi porque me soube bem conhecer outras coisas. Fui para a Arábia com uma perspetiva muito positiva e foi meio caminho andado para o sucesso».

    Quando estava no Benfica lia muito o que os jornais escreviam e o que se dizia nos programas de televisão?

    «Nada, deixei de ver. É com alguma mágoa que o digo, mas, quando era muito mais novo tinha a preocupação de, todos os dias, ler um jornal desportivo. Gostava de estar no café a ler. A partir do Vitória de Guimarães deixei de ver os jornais desportivos. Só se houvesse alguma coisa que as pessoas que trabalhassem comigo me indicassem é que os lia. Na televisão deixei de ver os programas porque, a determinada altura, pensei: acrescenta ou não acrescenta para o meu bem-estar? Se não acrescenta, então prefiro ver outra coisa. Tenho mais coisas para fazer e ver com a minha família. E hoje dou por mim a receber os jornais e a não os ler. De certa forma, há um desgosto, algum lamento, porque acabamos por não dar tanta importância aquela informação, por não ser muito linear, é sempre muito embrulhada em muitas coisas».

    É o tal desgaste de que falou quando saiu de Portugal?

    «Não, já muito antes disso só dava atenção aquilo que entendia ser pertinente para a minha profissão. Ou ao que me chamava atenção. Caso contrário, nem sequer estava para aí virado. Não ligava. Acho que desgostado é uma palavra muito forte, mas houve algum desgosto com esta parte que adorava antes de chegar a este nível. Quando era mais novo sabia tudo o que era segunda e terceira divisões, conhecia tudo, e a determinada altura perdi aquilo de que tanto gostava, que era olhar para esses campeonatos. Não por qualquer falta de humildade, ou por ter chegado ao Benfica, não. Pura e simplesmente, deixei de ler jornais. Perdi algum rasto a jogadores, treinadores e clubes com quem me dava bem».

    Como é que gosta que uma equipa sua jogue?

    «Genericamente, sempre competitiva. Uma equipa que seja muito mais agarrada a valores coletivos do que à espera que alguém resolva um problema individualmente. Portanto, uma noção muito coletiva. E, sempre que possível, jogar bem. Quando digo isto é ter qualidade de jogo. Por outro lado, e pela experiência que fui tendo, muitas vezes temos que nos adaptar ao que o clube necessita naquele momento - muito mais do que, propriamente, a minha ideia de jogo. Se calhar, o clube precisa de começar a época a ganhar. Será que posso correr riscos ao jogar desta forma? Então, vamos dar uma pequena nuance para que se consiga ter um bocadinho mais de segurança para se ganhar. Acho que também é preciso que tenhamos esta adaptação. Temos que olhar para o que cada contexto precisa».

    Mas o jogar bem é muito subjetivo. O seu jogar bem pode ser diferente do meu.

    «Evidentemente. Quando digo isso do jogar bem, o que é que é bonito? Gosto de uma equipa que saiba o que está a fazer em campo, que tenha bons posicionamentos, que consiga nos quatro momentos do jogo básicos saber o que faz em cada um. E que seja uma equipa muito mais automática do que mecânica. Ou seja, que os jogadores consigam dar respostas quase com base no que têm no disco rígido».

    Que as coisas saiam sem pensar?

    «Saiam de uma forma automática, que não sejam um gesto mecânico, que não seja 'tenho de fazer porque é aquilo que é para fazer'. Gosto que os jogadores tenham capacidade de tomar decisões. O jogo do futuro no futebol vai obrigar cada vez mais à tomada de decisão do jogador. Vai haver mais nuances táticas. Em Portugal somos riquíssimos nisso. Os treinadores criam complicações de pormenor aos outros treinadores, que nos obrigam a estudar tudo o que são pequenas coisas que o adepto comum não faz ideia. Isto faz com que o jogador seja inteligente, mas é uma inteligência que tem de ser muito automática, em que é preciso receber informação e dar resposta. Isso leva tempo e os jogadores têm de ter determinadas características».

    No treino, isto trabalha-se à base da repetição ou com exercícios que criem dúvidas aos jogadores?

    «Temos esses dois caminhos. Gosto de ir mais pela descoberta guiada. É evidente que há a repetição, mas não gosto de repetir exercícios - gosto de repetir para os mesmos objetivos, mas com formas diferentes de estruturar os exercícios. Parece que estamos a comentar um jogo. Repare, agora é fácil falar, passar para a prática não é. O que preconizo é que o jogador consiga estar no jogo e dê decisões de uma forma rápida».

    A sua equipa está a jogar e os movimentos A, B e C para atacar a baliza adversária não estão a resultar. É frustrante para o treinador se aperceber que a equipa não está a arranjar uma solução?

    «Daí a minha visão da parte automática do jogo. A parte mecânica é nós vamos fazer isto, isto, isto e isto. Mas os adversários também nos conhecem e cada vez mais se apercebem daquilo que é o modelo de jogo e a forma de jogar da outra equipa. Daí a parte automática e a inteligência que os jogadores devem ter. Os princípios estão lá, então, se não vamos por aqui, se calhar temos de adotar outra estratégia. Aí entra muito o trabalho das equipas técnicas na preparação do jogo, de analisar tudo o que o adversário nos pode condicionar. O futuro é pensar meio segundo à frente do adversário, é o que basta. É eu arrancar primeiro que o meu adversário direto e esta fração de segundo é suficiente. Da mesma forma que meio segundo mais rápido de pensamento é decisivo».

    A inteligência pode ser treinada? Ou, pelo menos, fomentada?

    «Pode-se fomentar e treinar com muito exercício de treino, que leve o jogador a ter que tomar decisões de forma rápida. Que o leve a uma variedade de opções. Mas a inteligência não é de uma pessoa que é licenciada em Medicina. Nada disso. É uma inteligência muito prática. É sobre o que o jogador aprendeu ao longo da sua vida para, agora, poder dar uma resposta. Por exemplo, não gosto de um jogador que esteja sempre a fazer o mesmo tipo de movimento, sempre a repetir a mesma rutura. Há uns anos, lembro-me que os nossos laterais portugueses eram o que chamava de laterais carrileiros. Parece que estão num carril de comboio e só fazem um movimento vertical, por fora. Não é por acaso que, no Benfica, a partir de determinada momento, começámos a introduzir mais a entrada do lateral por zonas interiores do Grimaldo e do próprio Nélson Semedo. É um movimento diferente que a outra equipa não está a contar. Temos que ir criando esse tipo de alternância nos jogadores».

    No seu Benfica via-se muito a associação entre lateral e extremo, com a equipa a tentar criar muito por fora em organização ofensiva. Era algo em que sempre quis apostar pelos jogadores que tinha?

    «O jogo é também um somatório, ou uma ligação, de um conjunto de microestruturas. Nós pensamos muitas vezes numa microestrutura que já está estabelecida. Aquele lateral, com aquele ala, com aquele médio interior, aquele triângulo funciona melhor com aqueles três e, se calhar, temos o melhor jogador de fora. Mas para a nossa ideia de jogo nessa zona do campo, aquela microestrutura pode funcionar melhor, embora estejamos a prejudicar um jogador. Isto acontece algumas vezes. Há jogadores que se entendem tão bem. Dividimos um corredor lateral em dois corredores, um jogador tem que estar por dentro e outro por fora e este entendimento tem que estar lá. Estas relações vão evoluindo e o jogo é isto. Depois destas microestruturas todas ainda há o conceito global».

    ©Global Imagens / Jorge Amaral

    Além de tudo isto ainda tinha Jonas. Quando se tem um jogador assim há a tentação de construir a equipa à volta dele?

    «Confesso que a equipa teve de ser montada não só à base do Jonas, mas também do aproveitamento das características dos jogadores que tínhamos. Se calhar a equipa foi montada em redor daquilo que era a função que o Jonas executava. Depois, houve uma mudança quando o Jonas começa a perder capacidade física para poder algumas funções. Todos, em conversa, entendemos que devíamos mexer porque já não dava para cumprir o que tínhamos idealizado em anos anteriores. Era um jogador com uma capacidade e eficiência enormes, a bola ia-lhe ter aos pés para fazer golo. Com um avançado já na área, ele aparecia em zonas onde os adversários não percebiam. Sempre tentámos aproveitar isso até os problemas com lesões lhe tirarem frescura e continuidade a este trabalho. Aí tivemos de remodelar um bocadinho».

    Quando tira um jogador tão influente da equipa é inevitável que isso obrigue a mudar muita coisa.

    «Se tirarmos o Ronaldo à Juventus ou quando estava no Real Madrid, ninguém me venha dizer que não é importante. Ou o Messi, que fez 60 ou 70 golos. É tudo muito bonito, mas são golos de jogadores que resolveram as partidas. Quis que o Jonas entendesse a nossa forma de jogar, mas nunca tirando-lhe as características que tinha para potenciar. Fiz isso com o Jonas e faço com qualquer jogador. Não quero que se tenha de modificar do dia para a noite, para jogar. Vou é tentar ver se há algum denominador comum entre o que é o meu jogar e aquilo que ele pode dar. Há aí uma margem na qual podemos agarrar».

    Prefere adaptar-se aos jogadores que tem, ou que eles se adaptem à forma em que quer jogar?

    «Não é isso. Tenho uma ideia do jogo muito clara e definida. Fui para o Benfica no início de uma época, mas havia um conjunto de jogadores que tinham sido campeões e com perfis muito específicos, nomeadamente o Jonas. Não posso chegar ali e mudar a posição do Jonas só porque gosto de jogar em 4-3-3. Não, vamos ver onde este jogador tem mais rendimento, porque são 40 golos numa época. Não se pode esquecer isto».

    Jonas foi o melhor jogador que treinou até agora?

    «Não gosto muito de dizer isto, porque tenho imenso respeito por todos os jogadores que treinei. Tenho a certeza de que não fui justo com todos e posso até ter cometido alguns erros, mas há algo com que me posso congratular: nunca o fiz de forma propositada. Não gosto de estar aqui a isolar. Tenho uma preferência muito grande por jogadores que se dêem à equipa, que emprestem tudo o que têm à equipa. Gosto mais de jogadores trabalhadores do que propriamente de jogadores artistas. Não digo que não trabalho com uns e com outros, mas há aqueles que morrem em campo pela equipa, pelo treinador e pelo clube, e há outros que não estão nada preocupados com isso, mas que resolvem. Tenho mais tendência para os primeiros. 49:33 Mas não quero ser indelicado para ninguém».

    Já teve muitos jogadores com rendimento espetacular no treino e que não rendiam metade em jogo?

    «Ó, no futebol dizemos muito que há jogador de treino e jogador de jogo. Há muitos que, se não os conhecermos bem, podemos cometer erros. Há jogadores que chega o dia da competição, ligam um chip [estala os dedos] e mudam a forma de estar no jogo. Às vezes, se olharmos só para o treino, o jogador não joga. Se soubermos isto, pensamos: sei que ele no treino é assim, mas quando entrar no estágio vai dar resposta. E chegamos aqui quando conhecemos o homem».

    É-lhe fácil abordar um jogador quando percebe que tem alguma coisa dentro da cabeça?

    «Tentamos detetar e depois há várias estratégias. Muitas vezes os jogadores nem se apercebem que estou a intervir sem estar a falar com eles. Vou saber o que se passa ao seu redor, se está tudo bem na vida familiar. Repare, nós olhamos para os futebolistas e pensamos que são máquinas. Se tiver um jogador com um pai ou uma mãe com um problema de saúde grave, a 7.000 quilómetros de distância, e souber isto, o rendimento tem que ser analisado de forma diferente. Tenho de compreender isto. Os jogadores não são máquinas. O treinador é quem tem maior intervenção psicológica nos jogadores mesmo quando não está a dizer nada. 51:50 Quando estou parado, eles estão a olhar para mim e a tirarem uma fotografia. Temos intervenções sem os jogadores, sequer, saberem, se calhar até contra nós próprios».

    Mais ainda se forem miúdos, não?

    «Tenho uma máxima com jogadores mais novos. Para muitos deles seria muito agradável, até podia ser uma imagem de marca: 'Eish, quando foi o meu primeiro jogo, o mister disse-me isto e aquilo'. Eu, nos primeiros jogos, praticamente não digo quase nada. Se for dizer alguma coisa dá ideia que estou assustado, que tenho de avisar de tudo o que são pormenores. Se és escolhido é porque já tens a minha confiança, portanto, vai lá para dentro. Se calhar era mais agradável porque, de facto, são coisas que marcam, dizer 'este é o teu momento, diverte-te, atenção que ele é perigoso e se vier pela esquerda tu tapas'. Mas, por outro lado, estou a intervir sobre ele de uma forma que lhe acrescento peso. A minha visão é muito clara: não dou nada a ninguém de borla, portanto, se estás aqui, é porque tens qualidade. Faz aquilo que fazes nos treinos e joga. A intervenção sobre cada jogador tem que ser diferenciada».

    Porque há jogadores que gostam da atenção.

    «Não trato todos por igual. Tenho o mesmo respeito por toda a gente, mas ninguém trata toda a gente da mesma forma. Mesmo no nosso grupo de amigos há aquele que permite que brinquemos com ele e com a família, mas há outro que sabemos que não vai deixar. Com os jogadores é a mesma coisa. Isto é um jogo e por isso é que é uma profissão tão aliciante.

    Lembra-se da primeira vez que chamou o João Félix para treinar com a equipa principal?

    «O dia em concreto não. Fui acompanhando todos os miúdos da formação do Benfica. A partir do momento em que entravam nos juvenis, no segundo ano, dizia sempre que entravam no meu radar. Quase para fazer um crivo. Porque podiam jogar na equipa de juniores e, ao jogarem lá, podem passar para a equipa B e, portanto, na principal. Chamei-o como chamei variadíssimos outros. Tem qualidade, como muitos têm. Não queria estar a aprofundar muito a questão do João, embora entenda que é mediático por causa da transferência [para o Atlético de Madrid]. É um jogador fantástico e tem uma qualidade e um potencial enormes».

    ©Bruno de Carvalho / Kapta+

    Como é que o descreveria?

    «É um jogador tremendamente eficiente e há uma diferença entre eficácia e eficiência. Ele faz tudo com menos gasto de energia. Tomar a boa decisão com menor gasto de energia. É uma definição que dificilmente algum jogador tem com esta idade. É para fintar, finta, é para rematar, remata, e não baralha isto. Não é daqueles que pode rematar e dá mais uma voltinha. É para parar no peito e não perder tempo, ele não perde. Isto é eficiência».

    Ou seja, o anormal no João Félix é o lado mental, a tomada de decisão?

    É isso que faz a diferença. Muitas vezes o jogador de futebol não é quantificável. Quantos milhões isto vale? Esta tomada de decisão mais rápida do que os outros vale milhões.

    Disse-lhe que quando entrasse no onze, ele não sairia da equipa. Mas quando ainda estava no Benfica o João Félix foi entrando e saindo.

    «Reparemos nisto: todos os jogadores que lançamos no Benfica não o foram ao mesmo tempo. O primeiro foi o Nélson Semedo na Supertaça, o jogador em que tomei mais risco ao lança-lo. Depois entra o Victor Lindelöf em janeiro, o Renato Sanches em dezembro, o Ederson foi mais tarde num Sporting-Benfica. Isto não é linear, há um contexto. E com o João era a mesma lógica. Primeiro foi o Gedson porque não tínhamos um número 8 para colmatar a posição. Isto é faseado. Quando digo entrar, falo na capacidade para começar a estabilizar. Na altura, o nosso sistema tática era diferente do que o Benfica acabou por jogar e, aí, mérito ao Bruno Lage porque viu uma possibilidade de a equipa poder render. No nosso sistema, o João estava num lote de cinco jogadores para as alas. Não jogávamos com um jogador por trás do avançado. Quisemos rentabilizar o Jonas na posição 9. Continuámos com a rotina de 4-3-3 da época anterior. O João entrava nessa lote em que todos os jogadores tinham qualidade. Para qualquer deles seria injusto ficar de fora. Mas tinha noção de que o João tinha esta capacidade, como há muitos jogadores que, se lhes for dada essa oportunidade, pegam no jogo».

    Quando sai do Benfica tem algum tipo de contacto com o Bruno Lage?

    «Fui para a Arábia e nunca mais falámos. Acabou, fui para uma nova vida e o Al-Nassr tem uma dimensão imensa na Arábia Saudita e a dedicação tem que ser tremenda».

    Tem mais um ano de contrato. O que vai querer fazer depois?

    «Ainda não sei, estou aberto a tudo. A partir do momento em que vou para a Arábia não tenho qualquer limite em relação a campeonatos e a países. Também não quero fazer qualquer cenário, como nunca montei para a minha carreira. Tenho ideias do que gosto de fazer, a minha forma de estar num clube é ser mais do que um treinador que está só no campo. Por mais que os clubes digam o contrário, gosto sempre de "meter a minha colherada" em termos organizacionais. Onde vai ser? Não sei. A vida reserva-nos tantas surpresas que nunca sabemos».

    Gostava de experimentar alguma liga?

    «É evidente que os campeonatos europeus são mais mediáticos, onde gostamos de estar. Mas fiz uma leitura muito clara quando estava no Benfica. O Al Nassr estava em segundo lugar, havia hipótese de ganhar um título e isso também me fez tomar a decisão. Podia ter aguentado em casa e ia para outro clube qualquer, mas a possibilidade de ganhar um título foi um aliciante muito grande. Felizmente aconteceu. É isso que vou buscando, ir somando. Passamos um ano a trabalhar para termos um dia de glória. Até levantarmos uma taça e, no dia seguinte, o treinador já estar a pensar em como vai preparar a próxima época. A vida de um treinador é isso e estes dias de glória têm um significado muito grande».

    Iria para um clube da Premier League ou da liga espanhola que lhe só lhe pedisse para ficar a meio da tabela?

    «Depende muito da ideia que me fosse transmitida. Quando digo isto de ganhar títulos também tenho noção da realidade das coisas. Estou aberto a tudo, mas claro que esses campeonatos são muito aliciantes. É como se costuma dizer: é preciso estar no momento certo, à hora certa. O futebol tem particularidades tão engraçadas que estes pequenos pormenores às vezes podem mudar a vida de um clube e de um treinador».

    Portanto, está aberto a...

    «A continuar na Arábia, a voltar para Portugal, a trabalhar na Europa, a trabalhar em funções mais alargadas».

    Agora que está longe, como vê o estado do futebol português?

    «Vejo com alguma tristeza, mas não no sentido negativo. Tristeza pela parte tão mesquinha com que muitas vezes analisamos e vivemos isto. Coisinhas muitas vezes sem importância, mas a partir das quais se criam discussões. Por outro lado, vejo um país com potencial enorme em que quase só falta mesmo acertarmos as agulhas. Há valor e há capacidade nos vários agentes. Já tivemos o melhor jogador, o melhor presidente, o melhor empresário, o melhor treinador, o melhor árbitro. Já fomos os melhores em tudo, até no futsal e no futebol de praia. O que falta? As pessoas encaixarem em tudo isto e entendermos esta indústria como algo fortíssimo do nosso país. Olha-se para o futebol e ainda se diz que os jogadores ganham muito dinheiro. Mas se se ganha muito, também se dá muito dinheiro».

    E é uma coisa que se exporta?

    «Às vezes não temos bem a noção do valor que tem lá fora um país da nossa dimensão. Temos um conjunto de treinadores que tiveram sucesso em várias partes do mundo e isto não acontece com outro país. Não vejo ingleses noutros lados, não vejo treinadores espanhóis a serem campeões em vários países. Não vejo. Da mesma forma como acontece com os jogadores. Ainda ninguém analisou este processo, mas o Benfica e o futebol português conseguiu pôr jogadores em vários clubes, de vários dos países mais fortes da Europa - Barcelona, Bayern de Munique, Manchester United, PSG, Juventus - e em diferentes posições. Não há outro país que faça isto. Antigamente vendíamos muitos extremos (Cristiano, Nani, Simão e Quaresma), tínhamos essa riqueza. Agora estamos a vender para todas as posições e vários campeonatos. Há qualquer coisa que não é comum. Onde estão os jovens do Real Madrid ou do Barcelona? Jogam no clube deles ou não os vejo em lado nenhum. Mesmo que saiam, podiam estar a jogar no Chelsea ou na Juventus, por exemplo. Temos uma riqueza que desprezamos. Ou melhor, nem sequer pensamos bem nisso».

    ©Getty / Michael Regan

    O facto de o João Félix ter sido vendido pelo dinheiro que foi não devia levar as pessoas a pensarem mais nisto?

    «Sim, porque quando entram 126 milhões de euros assim, por um jogador que, no fundo, jogou seis meses, e quando há possibilidade de isto acontecer em vários clubes, acho que há que pensar bem. Em Guimarães, quando houve problemas financeiros, tivemos que reformular e apostar em jogadores da formação. Foi o Tomané, o Paulo Oliveira, o Josué, o Hernâni, o Ricardo Pereira, o André André, jogadores que estavam a jogar no Campeonato Nacional de Seniores. E não foi por isso que não chegaram à primeira liga. É preciso termos uma ideia de projeto, não se pode desprezar esta riqueza que é fazer estas transferências milionárias que, se calhar, vão "salvar" os clubes portugueses. É uma fonte de riqueza enorme. É sempre pertinente olhar para determinados jogadores e ver o que eram em juniores. Há que dar tempo ao tempo e esperar. Mas o Nélson Semedo e o Victor Lindelöf eram isto quando tinham 18 anos? O Ederson que foi para o Ribeirão era isto? E, se formos mais atrás, o Ricardo Carvalho esteve no Alverca a fazer um ano emprestado. Todos passaram por certos contextos. Não se pode dizer que este gajo não serve. Inserido num contexto e numa ideia de projeto, um jogador pode vir a ser alguém».

    O contexto competitivo de Portugal é o mais adequado para os jovens, com o campeonato de sub-23 e algumas equipas B?

    «Defendo que não podemos olhar para tudo a direito. Quando ainda jogava, tive um colega que a melhor coisa que fez foi ir para Bragança jogar. Estava aqui debaixo da alçada dos pais e de repente foi para um sítio onde não havia auto-estrada e só vinha a casa de dois em dois meses. Fez-se jogador, foi internacional, chegou a um grande clube e estou convencido que essa mudança de contexto foi a melhor coisa que lhe aconteceu. Cada jogador tem de ser olhado assim - segundo o treinador, o contexto, o clube e até a cidade onde estão. Já dei conselhos a jogadores meus de que a melhor coisa que podem fazer é irem treinar com outro treinador. Treinem com outro para terem estímulos diferentes. Quando fui para Fátima não levei alguns porque eles não tinham de continuar comigo, tinham de apanhar qualquer coisa de outro treinador e, depois, logo se vê».

    Portugal
    Rui Vitória
    NomeRui Carlos Pinho da Vitória
    Nascimento/Idade1970-04-16(54 anos)
    Nacionalidade
    Portugal
    Portugal
    FunçãoTreinador

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