Ainda não encanta, mas já vence...

«O mais importante é vencer». E venceu. Os dois dias de trabalho não davam a Rúben Amorim muita margem de manobra para moldar a equipa do Sporting à sua imagem, mas já deu para ver um pequeno toque do novo treinador, nem que seja pelo modelo.

O conjunto de Alvalade recebeu e venceu o Desportivo das Aves (2x0), sem grande brilhantismo, tendo beneficiado de duas expulsões madrugadoras - Rúben Macedo (11') e Luiz Fernando (19') deixaram os visitantes em apuros.

Duas expulsões em... 19 minutos

O jogo de estreia de Amorim em Alvalade começou bem antes do apito inicial. Milhares de adeptos manifestaram-se fora do estádio contra a Direção presidida por Frederico Varandas, pedindo a sua demissão, e, assim que foi dado o apito inicial, a falta de apoio estendeu-se à equipa. Bancadas despidas (26.272 adeptos), longos minutos de silêncio e mais críticas ao presidente, dando várias vezes a sensação de estarmos a assistir a um jogo à porta fechada.

Em relação ao jogo propriamente dito, jogado dentro das quatro linhas, em 20 minutos, duas expulsões dos avenses tornaram uma partida presumivelmente de tendência clara num jogo de sentido único para o lado leonino.

Wendel 'forçou' as expulsões de Rúben Macedo e Luiz Fernando, em dois momentos que destruíram por completo a estratégia pensada por Nuno Manta Santos. O técnico do último classificado da Liga viu-se limitado a defender literalmente com tudo - linha de cinco bem fechada e três homens imediatamente acima, que complicaram sobremaneira a manobra ofensiva da turma de Amorim.

Em superioridade clara, o novo treinador dos leões tirou Ristovski e lançou Jovane Cabral, numa mensagem clara para a equipa, disposta em 3x4x3, modelo que transita com Amorim de Braga para Alvalade, pensar o jogo de forma mais ofensiva.

Pelo meio de tudo isto, ainda houve um lance em que uma saída em falso de Maximiano quase comprometia, com Mato Milos sem capacidade para atirar na direção da baliza verde e branco, mas de resto praticamente só se jogou no meio-campo avense.Ainda assim, não foram muitas as claras oportunidades. Só Sporar e Vietto estiveram realmente perto do golo, com o argentino a atirar à barra nos descontos da primeira metade.

Expulsão de dois jogadores do Aves marcaram o jogo em Alvalade ©Carlos Alberto Costa

Água mole em pedra dura...

... tanto bate até que fura. No regresso dos balneários, Amorim voltou a surpreender, ao lançar Francisco Geraldes para o lugar de Mathieu. Perfeitamente confortável com o jogo, mas ainda sem o resultado desejado, a entrada de mais um médio foi a forma encontrada para pressionar ainda mais o bloco defensivo do Aves.

A equipa circulou, circulou, circulou, da direita para a esquerda e da esquerda para a direita, num jogo monótono e sem grande história. O Sporting procurava o 'buraco da agulha' para criar o tal desequilíbrio que resultasse oportunidade de golo e foi preciso alguém com cabeça para desatar o nó.

Numa dessas inúmeras jogadas, Wendel cruzou no corredor esquerdo para o cabeceamento certeiro de Sporar. O mais difícil estava feito. O golo do avançado esloveno tranquilizou os leões e, pouco depois, uma mão na bola de Afonso Figueiredo permitiu a Luciano Vietto ampliar a contagem e matar definitivamente o jogo.

Se antes já era difícil, os dois golos de uma rajada foram um autêntico balde de água fria para os visitantes. O melhor que conseguiram foi apenas um remate de Zidane Banjaqui, sem grande perigo, aos 86 minutos. Muito pouco, é verdade, mas também era difícil esperar mais de quem ficou bastante condicionado na etapa inicial.

Para a história fica a vitória leonina na estreia de Rúben Amorim no comando técnico do Sporting e a derrota de um Aves com a vida cada vez mais complicada no fundo da tabela.