É difícil de encontrar um padrão neste Bayer Leverkusen de Peter Bosz. O 4x2x3x1 tem sido o sistema mais vezes utilizado (chegou a ser o 4x3x3), mas o 3x4x3 pareceu firme nas últimas semanas. Para além disso, o holandês altera frequentemente as peças, tornando quase impossível a tarefa de identificar um onze base.
O historial dos farmacêuticos contra equipas portuguesas é relativamente longo e este duelo aparece como uma estreia absoluta (o único jogo disputado foi não oficial). No entanto, este Bayer é distinto do que defrontou o Sporting de Jorge Jesus em 2016, já que na altura era guiado por Roger Schmidt.
O holandês volta, por isso, a aparecer como líder de um projeto fresco e recheado de bons valores, fazendo lembrar o Ajax de 2016/17 que atingiu a final da Liga Europa e que deu visibilidade a muitas pérolas da formação. Depois de uma má experiência em Dortmund, Bosz regressou ao futebol alemão e fê-lo causando um impacto extremamente positivo.
O Bayer Leverkusen apresenta uma proposta de jogo interessante, ainda que necessite de alguns ajustes. A inconstância (ou inconsistência?) exibicional tem sido a grande pedra no sapato deste conjunto irreverente e adepto do espetáculo.
No que a pontos fortes diz respeito, o controlo da posse aparece em destaque. Bosz é um confesso admirador do futebol total e as suas ideias vão sendo mais bem absorvidas pelo plantel com o passar do tempo. O Bayer gosta de pressionar alto e de forma intensa, de ser mandão, de controlar os tempos e de dominar o adversário. Muitas vezes cumpre o plano com sucesso, mas falha muitas vezes pela tal inconstância, por vezes incompreensível, durante os próprios 90 minutos.
Havertz é um dos maiores talentos do certame alemão e desempenha um papel fulcral na manobra ofensiva pela forma como se movimenta e explora o espaço vazio. Praticamente um sobredotado na forma como vê e executa, o já internacional pela Mannschaft proporciona grandes momentos aos homens do ataque.
Mas... não se engane. Este Leverkusen é também muito forte nas transições, sobretudo na ofensiva, e na forma como explora a profundidade. Leon Bailey, Bellarabi, Moussa Diaby, Kevin Volland, todos eles elementos diferenciados e fortíssimos no último terço.
As imagens de marca deste Bayer Leverkusen são a pressão alta e intensa, a posse de bola e a potência no ataque. Estes três aspetos combinados causam muita mossa...
Continua o mesmo problema: arranjar um equilíbrio entre as grandes e as pobres exibições. Por vezes, os farmacêuticos caem abruptamente durante o próprio jogo quando menos se espera.
Roberto Hilbert disse-o sem rodeios ao zerozero (veja aqui) e é, de facto, uma opinião difícil de contrariar. Havertz só tem 20 anos, mas é internacional e figura de um grande clube como o Bayer Leverkusen. Um diamante dos mais valiosos do futebol mundial.
Apareceu com pompa e circunstância em Amesterdão, falhou redondamente em Dortmund, mas aparece de novo em grande plano em Leverkusen. Peter Bosz encaixa que nem uma luva no projeto e o Bosz-ball promete continuar a contar histórias bonitas tanto a nível nacional como a nível internacional.