Passar para segundo plano já deu asneira

Na última vez que o Benfica pisou um tapete de Liga Europa foi mais ou menos isto que aconteceu. Uma Águia manietada, sem espaço para brilhar, com o talento absolutamente amarrado. Uma certa predominância do campeonato sobre a prova internacional resultou numa segunda mão dos quartos complicada e numa eliminatória que teve um desfecho tão justo como natural para o Eintracht. 

Por via do título, Bruno Lage, uns meses mais tarde, teve a oportunidade de se estrear na Liga dos Campeões, mas nem por isso o conjunto encarnado foi muito mais convincente. A fase de grupos foi recheada de exibições dececionantes e nem a boa ponta final foi capaz de impedir mais uma descida para a segunda prova mais importante do Velho Continente. 

O adversário Shakhtar também não foi muito mais feliz na fase de grupos. Luís Castro lutou pelo apuramento até à última jornada, mas a surpreendente Atalanta superiorizou-se no jogo de todas as decisões. Segue-se o Benfica e um duelo particular com Lage que deu mais vermelho em 2018/2019. 

Gestão ou revolução?

Só os treinadores poderão já saber a estratégia e o onze a utilizar na primeira mão dos 16 avos, mas é perfeitamente natural, dada a exigência e a fase muito competitiva, que Lage proceda a uma certa gestão no campeão nacional. A dúvida passa só pela profundidade da mesma. 

Chiquinho deve regressar ao onze ©Rogério Ferreira / Kapta+

Weigl, já se sabe, vai ser substituído no meio campo por Florentino ou por Samaris, mas as mudanças poderão passar por outros setores. Grimaldo vem exibindo alguma fadiga e o segundo de três Tavares (Nuno) poderá ter uma oportunidade de ouro. Taarabt, apesar das constantes titularidades, deve manter, até pela importância atual, a condição de titular, enquanto que Chiquinho e Seferovic terão a possibilidade de assumir outro protagonismo na frente de ataque. 

Para trazer um bom resultado para Lisboa, contudo, não bastará o talento. É preciso estabilizar um último setor que já apresentou debilidades no passado recente e, sobretudo, é preciso um coletivo mais presente em relação aquele que passou uma imagem pálida nas deslocações da época passada a Zagreb e a Frankfurt. 

Sobre o Shakhtar conhece-se bem o treinador, a forma de jogar, que não mudou assim tanto face ao reinado de Paulo Fonseca, e o talento capaz de criar muitos problemas, com especial destaque para Taison, Marlos e Junior Moraes, o substituto de Facundo Ferreyra que vem demonstrando a mesma arte para fazer golos em catadupa na Ucrânia. 

Na conferência de imprensa de antevisão, Lage assumiu que num clube como o Benfica não se pode escolher umas competições em detrimento de outras. Terão as Águias capacidade de transportar a ideia para o jogo jogado?