Reforço de peso no onze, depois de ter sido poupado em Viseu, teve direito a braçadeira de capitão e esteve bem à altura da responsabilidade. Senhor das bolas paradas, começou por criar algum perigo em cantos e livres laterais até ser para ele o penálti, que não desperdiçou (como tinha feito no clássico), chegando ao nono golo na época - e sim, é lateral. Garantiu ainda o terceiro jogo seguido a marcar... e ainda fez a assistência para o golo de Zé Luís.
Aproveitou o toque leve para ganhar penálti, e se o lance é muito discutível a qualidade com que abordou a bola para o segundo golo não o é. Tinha sido eficaz na primeira mão, voltou a sê-lo com um grande cabeceamento que deixou a eliminatória praticamente resolvida. Boas indicações como pivô ofensivo, a lançar quem vinha de trás, e o posicionamento que se pede a um ponta-de-lança mais clássico como mostra ser.
Não que tenhamos visto o melhor FC Porto da época, nem perto disso, mas os dragões lá foram conseguindo visar a baliza viseense, onde estava um senhor sem qualquer vontade de deixar quebrar a resistência. Respondeu com defesas a Manafá, a Zé Luís, a Corona, a Vítor Ferreira... quase uma dezena de defesas de um guardião que os três golos sofridos não envergonham, de forma alguma.
A jogar na zona mais recuada do meio-campo, na linha de Uribe, era muitas vezes quem iniciava a construção da jogada ofensiva. De olhos postos nos colegas mais ofensivos, esteve numa constante análise de possíveis linhas de passe, que executou quase na perfeição. No passe curto esteve imaculado, nos passes longos esteve ousado, avaliando bem cada situação. Desta vez não assistiu, como fez em Viseu, mas voltou a ganhar pontos em ambiente de Taça.
Alguns paralelismos com a exibição de Vítor Ferreira na questão do passe longo, mas a jogar numa posição mais ofensiva e com mais liberdade de movimentos. Procurou agitar uma primeira parte muito fraca, com um remate desviado nos primeiros minutos e um remate perigoso à malha lateral. Serviu Corona e Zé Luís com qualidade, não teve direito a assistência porque não calhou. Irrequieto e irreverente como se lhe pedia nesta posição, mesmo sabendo que nem sempre tudo lhe sairia na perfeição.
Facilitou num lance em que João Mário brilhou e o Académico de Viseu chegou a lançar um alerta, mas cresceu daí até ao final e acabou o jogo com belos indicadores no capítulo do passe e no desarme, com destaque para um corte de recurso no segundo tempo. Mostrou a personalidade nas bolas paradas ofensivas, primeiro tentando ele próprio os remates de cabeça (sem sucesso) e lá para o final assistindo mesmo Sérgio Oliveira para o terceiro golo do jogo.
Importantíssimo na caminhada histórica do Académico de Viseu até esta meia-final, trazia no bolso um golo decisivo contra o Chaves e um golo na primeira mão contra este FC Porto. Voltou a lançar alertas ao Dragão, em particular no lance em que aproveitou uma falha de Diogo Leite e fez gato-sapato de Mbemba, mostrando criatividade e velocidade. Já havia também ameaçado num lance que acabaria por ser resolvido pelo congolês. A jogar no centro mas com grande mobilidade, alimentou o sonho viseense ao longo desta meia-final a duas mãos.
Apresenta-se como Zimbabwe e é um daqueles médios-defensivos que não dão bolas como perdidas. Acabou, porém, por mostrar fragilidades, mais expostas à medida que o tempo passava. Viu amarelo logo à passagem da meia hora e isso terá condicionado a abordagem defensiva do cabo-verdiano, muitas vezes driblado na zona do meio-campo. Tanto Vítor Ferreira como Nakajima tiveram direito a espaço e tempo para pensar as jogadas, e devido à posição que ocupa pelo menos parte da responsabilidade tem de ir para ele. Substituído aos 72'.
3-0 | ||
Alex Telles 19' (g.p.) Zé Luís 64' Sérgio Oliveira 72' |