Esteve muito perto de ser uma fotocópia da temporada passada, mas a estrelinha, desta vez, não apareceu. O SC Braga voltou a encontrar o Sporting na meia-final da Taça da Liga e desta vez partiu pedra na Pedreira. Os bracarenses superiorizaram-se a um leão gravemente ferido e carimbaram a passagem à finalíssima, almejando o feito de 2012/13, num encontro onde a justiça acabou por prevalecer até ao apito final.
Os mesmos intervenientes, o mesmo resultado ao intervalo, golos marcados em alturas semelhantes com autores do mesmo setor do terreno. Muitos pontos convergentes entre este e o duelo de 2018/19. Até o enredo foi um tanto semelhante: melhor entrada do SC Braga deu vantagem; jogo arrefeceu durante alguns minutos, o Sporting cresceu e chegou ao empate. Curioso, não é verdade?
Esta versão gverreira, no entanto, partiu bem mais confiante. Está numa forma excecional com Rúben Amorim, veio de um triunfo sublime no Estádio do Dragão e, para além de irreverente, joga perante a sua massa associativa. Tónicos perfeitos para bater de frente contra um Sporting ferido pelas derrotas frente aos eternos rivais e em queda no que à qualidade de jogo diz respeito.
Arrogância. Um adjetivo que define bem a entrada dos visitados. O Braga sabia que o momento e a psicologia aumentavam o seu favoritismo. E sabia-o bem. Bastou uma pressão minimamente sufocante e alta para desmontar um puzzle de problemas verdes e brancos. Um quebra-cabeças criado pelo próprio leão que, atarantado, viu-se encurralado num beco sem saída. A primeira fase de construção simplesmente não funcionava, Battaglia - a grande novidade de Silas - foi perdendo bolas de forma quase amadora e era uma questão de tempo para o destino fazer das suas.
Paulinho deu um cheirinho inicial e Horta, no terceiro erro grosseiro do argentino, não perdoou. Um remate de pé esquerdo característico de um extremo mais goleador que muitos avançados. A melhor fase dos bracarenses durou alguns instantes até os pés ficarem assentes no chão. Agradeceu o Sporting, que mesmo tropeçando nos seus próprios erros e com uma falta de criatividade gritante aproveitou esse arrefecimento para se aproximar da baliza de Matheus.
O primeiro sinal chegou... aos 25 minutos. Deu para Bruno, Camacho e Doumbia provocarem um burburinho (e até umas mãos na cabeça) e para o Braga voltar a ameaçar com transições relâmpago guiadas por Galeno. E quando mais parecia certo o intervalo, num livre que tinha a bola bombeada para a área como o desfecho mais provável, Mathieu, astuto, igualou distâncias. Experiência também é sinónimo de matreirisse...
Foi uma reentrada a todo o gás. Uma toada assumidamente ofensiva por parte de um Braga mais perto de estar na frente e um Sporting, por outro lado, retraído e expectante na possibilidade de ferir a qualquer momento.
Battaglia teve, na cabeça, o primeiro lance capital, mas a formação de Silas mostrava-se impotente para sair de um labirinto criado com código próprio. O nível de dificuldade aumentou, ainda mais, com a expulsão de Yannick Bolasie - cartada lançada ao intervalo -, por agressão, e o pânico instalou-se de imediato.
A ultrapassagem foi, por esses mesmos motivos, natural e Galeno trazia o cheiro constante de um 2x1 cada vez mais provável, impedindo Ristovski de cavalgar pelas suas sete-quintas e falhando no momento da finalização.
A insistência colheu, pois, os seus frutos, com Paulinho a carimbar, em cima dos 90', uma jogada de coração. Terminou o reinado do ferido Rei Leão por culpa uma armada de gverreiros destemidos.
Rúben Amorim continua 💯% vitorioso como treinador do SC Braga, após 4 jogos:
— playmakerstats (@playmaker_PT) January 21, 2020
➡7x1 Belenenses SAD
➡2x1 Tondela
➡2x1 FC Porto
➡2x1 Sporting pic.twitter.com/s5pUPecZ7z
É de salutar, uma vez mais, a forma como o SC Braga de Rúben Amorim volta a encarar novo desafio de dificuldade acrescida. Melhores em praticamente todos os momentos do jogo e resilientes na procura de um golo que chegou nos minutos finais. Prémio justíssimo.
Negro, muito negro. O Sporting voltou a não conseguir jogar nem dar uma imagem positiva. A crise vive-se fora e dentro do campo e o momento atual é de risco extremo. Só a Liga Europa sobrevive no meio de uma época desastrosa.