Foi com um triunfo pela margem mínima, sem brilho, mas cheio de emoção e entrega, que a equipa de Pepa voltou a vencer e saiu da zona de despromoção. Perante um Moreirense com novo treinador, os castores foram felizes e agarraram-se com tudo à vantagem que lhes apareceu.
A nova versão do Moreirense, com Ricardo Soares no banco, foi a prometer dinâmica. Filipe Soares no meio-campo e Pedro Nuno junto dos três da frente eram garantia de mais ideias e foi isso que se viu nos primeiros minutos, onde cedo o Paços percebeu que teria de defender à entrada do seu meio-campo para evitar sobressaltos.
E assim o sentimento do jogo mudou. O Paços agarrou-se a essa felicidade, passou a fase da adaptação, que existia também pelas ausências de Pedrinho e Diaby e pela pouca rotina de Vasco Rocha, e passou a estar confortável. Muito longe de estar brilhante a atacar, soube estancar o Moreirense.
Ricardo Soares ia vendo, com o andar do relógio, esfumarem-se as ideias. Bilel, uma das novidades no onze, deu-se muito ao jogo e foi também muito solicitado, mas tudo o que conseguiu foi colecionar más decisões em lances aparentemente simples de executar - o seu pecado tradicional, diga-se. Com várias faltas a meio-campo e eficácia a defender os lances de bola parada, os pacenses nunca se deixaram surpreender e tornaram cada vez mais frustrantes as tentativas da equipa forasteira.
Não estamos a falar apenas dos últimos minutos da primeira parte, mas sim também de metade da segunda. Mais de 20 minutos de gelo constante e zero motivos de interesse, obviamente motivado pelos interesses de um Paços que, pela corda na garganta, abdica de espetáculo em prol dos saborosos pontos. E o pontapé na monotonia até foi de Luiz Carlos, no primeiro bom desenho em muito tempo.
Cínico e muito eficaz, o Paços fez o seu jogo e não permitiu qualquer oportunidade real. Com o jogo muitas vezes parado, Hélder Malheiro acrescentou mais 8 minutos, mas nem assim. O Paços agarrou os três pontos e, à sua maneira, fez por os merecer.
Defensivamente, o Paços esteve com uma segurança irrepreensível. Marco Baixinho liderou o setor recuado e deu-lhe sempre voz de comando e organização, o suficiente para que o Moreirense tivesse tido um jogo quase sem oportunidades criadas.
Pode-se falar e elogiar a entrega e a intensidade, mas nunca o bom futebol. A segunda parte então foi uma mão cheia de nada. Para quem estivesse a ver no estádio, deu para sofrer, não deu para apreciar. Para quem viu na televisão, terá dado para mudar de canal.
Arbitragem positiva, rígida no critério disciplinar, mas coerente. O encontro foi viril e apitou-se muitas vezes, mas Hélder Malheiro soube controlá-lo quando se percebia que havia muito nervosismo de parte a parte. Bem também em não ter problemas em dar 8 minutos de descontos para compensar as muitas pausas da segunda parte.