*com Tiago Ramalho
Em Oliveira de Azeméis, a juventude é marca vincada de um projeto que acaba o ano no terceiro posto do campeonato, apenas atrás de Benfica e Sporting. No Futsal Azeméis mora o treinador da primeira volta para o zerozero, Ricardo Canavarro, que tem, nos últimos três anos, alavancado a evolução de um dos seus pilares: Rúben Freire.
Até começou tarde para quem tem tantas ambições no futsal, mas a qualidade vem sempre à tona. Aos 21 anos, e na terceira época sob o comando de Canavarro, esta já não é propriamente uma jovem promessa. É a confirmação de um ala que nesta primeira volta se fixou no cinco base da terceira melhor equipa da Liga Placard e ainda acrescentou quatro golos (e a caminho de superar a marcar de seis golos no campeonato do ano passado).
Tudo acabou por correr rapidamente e passado pouco tempo chega ao ARC Moinhos também da zona de Paços de Ferreira. «Saí do Boavista para o Moinhos e, com idade de juvenil, já jogava por juniores e seniores, na distrital do Porto», recorda. O maior salto seria em 2015 com a mudança para a distrital de Braga. Destino: Desportiva Jorge Antunes.
E como é que se chama a atenção de um dos grandes clubes de formação? Através da seleção distrital do Porto. «Na altura do Moinhos fui chamado à seleção distrital, por um observador que é o André Filipe. E quando ele foi contratado para treinador da Desportiva quis-me levar também».
«Era de Fafe e tinha de ir para Vizela treinar. Fazia a viagem todos os dias, à boleia do treinador que vinha do Porto». Só à sexta é que não treinava e fazia 50 quilómetros por dia para continuar a treinar e jogar ao mais alto nível de juniores.
Pode parecer frase feita, clichê ou nem soar a novidade. E não é novidade, mas não deixa de ser importante. Antes de arrancar viagem de malas feitas para Oliveira de Azeméis importa perceber o que ficou para trás com a mudança para uma capital do desporto nacional.
A bola rolou, para trás e para a frente, mas continuam a ser os amigos a apoiar nos bons e nos maus momentos – e é ponto assente que essa é uma nota a deixar da entrevista. «Eu estou fora de casa e quando vou para a minha terra é com eles que estou e quero estar. São eles que mandam mensagens a dizer que vai correr bem ou a perguntar como estou».
«Sempre tive o sonho de chegar até este patamar. E fazer aquele esforço de ir e vir [na Desportiva] todos os dias e não ter tempo para mais nada, tinha de valer a pena. E consegui completar os meus estudos até ao 12.º ano e o futsal nunca me impediu de nada», reforça Rúben Freire. O internacional sub-21 português não descura a parte académica e deixa o recado: «Os estudos são muito importantes e não ocupam espaço».
Acabou o 12.º ano e tem o curso de Gestão e Comércio completo e, sem a perspetiva de continuar envolvido no desporto no longínquo final da carreira, quer aproveitar os conhecimentos adquiridos e dar algum seguimento no futuro, construindo o próprio negócio.
Os elogios ao Azeméis são muitos. Desde a integração facilitada no primeiro ano à crescente responsabilidade acumulada ao longo destes anos, fruto do trabalho e dos bons resultados. A titularidade na maioria dos jogos desta edição da Liga Placard confirma isso mesmo.
«Cheguei a um plantel muito experiente e o objetivo também passava por chegar ao plantel de juniores e subirmos à nacional. E acabei por fazer os jogos todos do campeonato nacional», relembra o jovem do Futsal Azeméis sobre uma época de estreia bastante bem conseguida. A partir daí, o crescimento foi evidente – e a preponderância na temporada passada e no início desta é evidente.
O objetivo futuro passa claramente pela seleção principal: «O meu objetivo, espero que a curto prazo, é representar a seleção A. É um lugar de excelência e não é qualquer um que consegue chegar lá. E, claro, trazer títulos para Portugal».
Todo este sucesso deve-se, indica, também à aposta frequente em jovens feita pelos clubes, e em particular pelo Azeméis. «Tem havido muita aposta nos jovens. O facto de haver seleções jovens, e com cada vez mais estágios, também ajuda muito os clubes e temos tido mais jovens a afirmar-se a jogar na liga portuguesa», reflete.
E o aumento da qualidade do campeonato também é um facto para Rúben. «A realidade é que o campeonato está cada vez mais competitivo. Claro que o Sporting e o Benfica estão superiores, os resultados comprovam e estão sempre nas grandes decisões. Nós e as outras equipas não estamos num campeonato à parte, mas estamos a aproximar-nos, a criar dificuldades. E nota-se que os dois clubes têm passado muitas dificuldades».
Azeméis é a casa onde está bem e onde tem evoluído para um dos grandes valores da Liga Placard, com um contributo forte para uma época acima das expectativas mais otimistas, com Rúben Freire a ser um dos pilares da equipa sensação do campeonato.