Inacreditável! O Sporting esteve a perder 2x0 em Portimão, viu Bolasie ser expulso ainda na primeira parte e foi para o intervalo a perder por 2x1, mas fez uma segunda parte épica e uma recuperação para recordar. De 2x1, os leões, com menos um jogador, viraram para 2x4 e contaram com uma preciosa ajuda do Gil Vicente, que venceu o Rio Ave. A defesa da Taça da Liga continua depois de um jogo que teve de tudo e que acabou de uma forma inacreditável. O Portimonense, que teve o apuramento na mão, diz adeus à prova.
A depressão Elsa causou muitos estragos, mas em Portimão não houve chuva. É certo que houve algum vento, mas a depressão Sporting trouxe problemas apenas à equipa de Silas, que a precisar de ganhar não podia ter entrado de pior forma e cometido mais erros. Sabemos que os algarvios gostam de praia, mas a melhor maneira de lidar com essa depressão foi ao ritmo do Cha Cha Cha.
Com o Sporting sem avançados fixos - Camacho, Bolasie e Vietto iam trocando nessa posição - o primeiro sinal de perigo até veio da equipa leonina, que tentou aproveitar um erro da defesa a cinco da formação de Folha. Ainda não tinha chegado o impacto da depressão, mas quando veio... começou tudo a desabar.
Como sempre nestas ocasiões, há resistentes. Alguém que tenta enfrentar a tempestade e segurar a casa até à última. No Sporting, Bruno Fernandes tentou segurá-la, mas deixou-se engolir num mar de erros coletivos. Maximiano, no entanto, durou mais tempo, mas o vento soprou mais forte quando Camacho, na sequência de uma grande defesa do guardião leonino, cometeu uma grande penalidade sobre Aylton Boa Morte. O Portimonense já tinha estado duas vezes perto do golo, ambas por Jackson Martínez. A terceira tentativa deu mesmo Cha Cha Cha, mas as danças não ficariam por aqui.
Enquanto o Sporting estava completamente perdido - péssima exibição defensiva -, o Portimonense aproveitou para criar perigo e mostrar que estava a apostar forte na passagem à final four da Taça da Liga. Para ganhar ainda mais vantagem bastou carregar mais um pouco e forçar mais um erro. Desta vez de Mathieu, que fez um autogolo e colocou uma mancha ainda mais negra numa exibição irreconhecível por parte do defesa francês.
O orgulho ferido de um leão que até agora tinha sido mais do que manso acabou por vir ao de cima e com isso surgiram as principais figuras. O golo da possível recuperação surgiu numa jogada criada por Bruno Fernandes e finalizada por Vietto, mas a depressão Sporting ainda não tinha passado. Antes de ir para os balneários, os leões ficaram reduzidos a dez por expulsão (injusta) de Bolasie e a tarefa para a segunda parte parecia ainda mais exigente.
A verdade é que com 10 acabou por ficar tudo mais fácil. Claro que não é bem assim, mas a forma como a equipa do Sporting jogou a segunda parte e fez tudo para conseguir uma reviravolta que parecia impossível merece uma palavra. Se a qualidade do plantel é muitas vezes discutida, a vontade não o pode ser, pelo menos pelo que se passou nos 45 minutos da segunda parte no Algarve.
Sem mexer diretamente na equipa, Silas colocou três homens perto da baliza de Gonda. Vietto, Camacho e Bruno Fernandes ficaram virados apenas para a baliza e com isso as situações de perigo começaram a acumular-se. Vietto teve duas perdidas inacreditáveis, mas o espírito de depressão sportinguista passou a tempestade ofensiva e isso trouxe uma reviravolta épica!
Sem que o golo estivesse a aparecer, Silas optou por recuar Camacho para a lateral e deu mais profundidade ofensiva aos leões. O Portimonense não conseguia reagir e Gonda também não conseguiu fazer nada quando Rafael Camacho rematou uma bomba com o pé esquerdo. O Sporting acreditava, a reviravolta parecia possível. E foi!
Num lance que provocou alguma polémica, o recém-entrado Gonzalo Plata isolou-se na cara de Gonda e marcou o golo que levou à loucura o banco sportinguista. Isto porque em Vila do Conde havia 0x0. O Sporting, com 11, esteve praticamente fora da Taça da Liga, mas com 10 o impensável aconteceu e tudo se foi conjugando. O último lance do jogo deu para Luiz Phellype fazer o 2x4 e sentenciar o jogo, enquanto isso, em Vila do Conde, o Gil Vicente marcava e apurava o Sporting para a final four da Taça da Liga. Incrível!
Erro grave da equipa de arbitragem ao expulsar Bolasie. O avançado não atinge o jogador do Portimonense na cara quando faz a finta e não deveria ter visto o segundo amarelo, que também o deixa de fora do jogo com o FC Porto. Na segunda parte, fica ainda no ar uma possível expulsão a Fernando Medeiros, que levou amarelo depois de uma falta muito dura. Mais tarde, erro grave no golo que deu o 2x3 a Plata. O equatoriano comete falta antes de se isolar. Não houve VAR e hoje sentiu-se isso.
A Taça da Liga é uma competição que provoca sempre algumas discussões - formato, calendário, etc -, mas para a história vai ficar esta reviravolta leonina. Silas disse, e bem: foi mesmo uma segunda parte de leão.
Se já não vinha para a partida com o conforto de uma vitória bastar para o apuramento, o Sporting ficou ainda mais desconfortável por culpa própria. Os leões entraram muito mal no jogo, cometeram muitos erros e dificultaram imenso o jogo. Por outro lado, o Portimonense também acabou por falhar quando não podia e facilitou o trabalho do Sporting.