Não há Fama Show que trave este Benfica. Os encarnados somaram a 11.ª vitória consecutiva na Liga e deram mais uma afirmação clara do bom momento da equipa de Bruno Lage, que goleou o Famalicão por 4x0. Os nortenhos tentavam afugentar a pior fase da época, mas depois do primeiro golo acabaram engolidos e nunca mostraram argumentos e intensidade para recuperarem de um jogo que teve dois grandes nomes como protagonistas: Pizzi e Chiquinho, a companhia perfeita.
Tínhamos escrito na antevisão que este era um jogo de líderes, o antigo e o novo. Em certa medida e durante uma parte do jogo foi isso mesmo. O Benfica, em grande momento de forma, chegou com estatuto de claro favorito, mas nem por isso chegou com ideia de que o jogo ia ser fácil de resolver. Apesar das 10 vitórias consecutivas e de não sofrer golos na Luz desde o jogo com o FC Porto, os encarnados mostraram respeito pelo Famalicão, que não acusou o mediatismo da partida e assumiu-se como aquilo que foi, um líder.
Nos primeiros 20 minutos, a equipa de João Pedro Sousa mostrou a identidade que mereceu elogios no início da época e chegou à Luz com intenções de assumir o jogo. Só que Bruno Lage também trouxe a lição bem estudada. Apesar de dar maior iniciativa à formação famalicense, a equipa encarnada nunca passou por grandes perigos por isso mesmo. Apesar de ver o Famalicão com mais bola do que seria expectável, o Benfica soube sempre encurtar os espaços que iam dar à baliza de Vlachodimos, pelo menos aqueles que o Famalicão gosta de percorrer. O corredor central das águias foi bem bloqueado por Chiquinho, que caia em cima de Assunção, e Taarabt (que jogador diferente!) e na frente, apesar de algumas desmarcações e tentativas de resolver individualmente, Fábio Martins e Toni Martínez eram facilmente anulados.
O tal respeito obrigou o Benfica a preocupar-se primeiro em defender o seu espaço e só depois atacar o seu. Isso ajuda a explicar a primeira meia hora mais apagada de Carlos Vinícius, que ainda nem tinha tocado na bola. Do outro lado também estava uma equipa muito eficaz a tapar o corredor central, mas o mesmo não se pode dizer dos laterais. Foi por aí que o Benfica encontrou o caminho de um triunfo que foi tranquilo, mas que o Famalicão tornou ainda mais meritório.
Se no lado esquerdo o regressado Rúben Lameiras ajudou como pode Riccieli, Fábio Martins não fez o mesmo do lado direito e as consequências ficaram à vista. Espaço por esse corredor aproveitado por Chiquinho, que, como tem sido habitual, fez um sem número de trocas posicionais com Pizzi. Na cara do golo apareceu Carlos Vinícius, simplesmente para encostar e fazer a pose. Foi um jogo de paciência, de estudo e muito tático, mas o mais importante para o Benfica estava feito. A seis minutos do intervalo, a vantagem encarnada tinha chegado. Agora a expectativa era perceber como ia o Famalicão reagir a este contratempo, é que apesar daquele arranque positivo os famalicenses mostraram pouca agressividade atacante e por isso Vlachodimos estava a ter uma noite tranquila.
Se a imagem da primeira parte, apesar do golo sofrido, até foi positiva, pedia-se muito mais ao Famalicão no segundo tempo. A tarefa era complicada logo à partida, um golo de desvantagem na Luz, com uma equipa moralizada como o Benfica, não é fácil, mas a equipa de João Pedro Sousa parece ter voltado na mesma ou ainda pior dos balneários. Há, no entanto, uma explicação, ou pelo menos algo que ajuda a explicar. O 2x0 do Benfica. Não demorou muito, novamente com Chiquinho a assistir, desta vez para Pizzi.
Três minutos e um golpe ainda mais difícil de recuperar. Ligado às máquinas, o Famalicão nunca de lá conseguiu sair. João Pedro Sousa tentava puxar pela equipa, Fábio Martins procurava resolver os problemas individualmente, mas a solução não apareceu, nem sequer com as mudanças do treinador do Famalicão. Aproveitou o Benfica, que, novamente por Pizzi (trabalho formidável sobre Centelles), fez o terceiro e matou por completo a partida. Ver o vídeo do golo é resumir a passividade famalicense numa segunda parte em que a equipa nortenha praticamente não existiu e foi engolida por um Benfica em claro ponto de rebuçado. Até deu para Caio Lucas, nos últimos instantes, fazer o quarto!
O antigo líder está cada vez mais longe desse estatuto, já o atual justifica-o a cada vitória. Na Liga já são 11 e a este ritmo...
O início da partida foi de respeito pela equipa que estava pela frente, mas mais tarde foi uma lição de domínio por parte de uma equipa que está numa fase difícil de parar.
Quando a partida estava igualada, faltou ao Famalicão mais presença na frente e agressividade com e sem bola, mas foi com a desvantagem que se viu a pior face dos famalicenses. A equipa de João Pedro Sousa não conseguiu reagir ao segundo golo e entregou o jogo ao Benfica.