*com João Gonçalo Silva
Foram dois inícios de partes fatais para as aspirações do Boavista, mas de grande satisfação para o Marítimo, naquela que foi a primeira vitória em dez partidas para os madeirenses. A jogar em casa, a equipa de José Gomes, que se estreou a vencer no comando técnico, bateu o Boavista por 1x0. Sem grande história, a partida ficou marcada pelos arranques dos dois tempos.
Foi tudo o que foi preciso. Os adeptos que vinham atrasados do almoço não chegaram a tempo de assistir ao golo dos homens da casa. Jogava-se ainda o primeiro minuto e o Marítimo inagurava o marcador. E aqui, mérito para a grande surpresa da partida.
José Gomes fez alinhar Bebeto na direita da defesa, no lugar que costuma ser de Nanú. O lateral tinha disputado apenas 15 minutos na presente edição da Liga NOS, em agosto. O habitual dono do lugar, Nanú, recebeu ordens para assumir posições mais avançadas no terreno e foi, precisamente, através dessa parceria que nasceu o golo.
Do outro lado também foi a surpresa a estar em destaque, mas pela negativa. Idris, em estreia absoluta na temporada, introduziu a bola na própria baliza. Bracali nem teve tempo de reação.
Motivados pelo golo madrugador, os madeirenses continuaram a impôr pressão, numa tentativa de controlar o rumo da partida e aumentar a vantagem. Lito Vidigal não gostava do que via e fazia passar essa ideia aos seus jogadores. Eventualmente, o Boavista foi reagindo e conseguiu equilibrar a partida.
Equilíbrio na posse que não se traduziu em perigo. As ocasiões perigosas ficaram ao cargo dos da casa, mas o desacerto não permitiu dilatar o marcador. O intervalo chegou com uma oportunidade de Stojiljkovic, o mais lutador do ataque axadrezado.
Na palestra ao intervalo, Lito devia ter pedido mais atenção no retomar da partida, a prevenir nova entrada em falso. Mas a verdade é que, outra vez nos primeiros momentos, nova desatenção com influência no desenrolar da partida.
Erivaldo apanhou as panteras a dormir, arrancou em velocidade e foi travado por Duvanto quando ia em direção à baliza. João Pinheiro mostrou o cartão vermelho sem hesitação e, após a verificação do VAR, manteve a decisão. Julgamento difícil porque a bola não parecia estar enquadrada com o caminho da baliza.
Mas mais difícil ainda ficou para os visitantes que, para além de já estarem em desvantagem, ficaram em inferioridade numérica. Ainda assim, a equipa de Lito Vidigal conseguiu equilibrar a partida, mais por demérito dos da casa do que mérito próprio. O Marítimo foi cada vez mais abdicando de ter bola e apostou no ataque rápido, que até acabou por ter algum resultado prático.
Getterson, por duas vezes, esteve perto de fazer o segundo e acabar com as esperanças axadrezadas, mas voltou a vacilar. O Boavista ia acreditando, mesmo com menos um, mas não conseguiam chegar com critério à baliza de Amir.
Os adeptos do Boavista, que se fizeram ouvir mais que os visitados, perderam a paciência com a equipa e Lito foi visado de forma pouco simpática, à medida que viam a equipa sofrer a quarta derrota em cinco jogos. Já o Marítimo foi premiado com três pontos muito por culpa do aproveitamento dos erros adversários.
José Gomes alinhou com Bebeto e Nanú no corredor direito pela primeira vez. Dois laterais que resultaram bem e estão na origem do único golo da partida. Nanú acabou mesmo por ser considerado o homem do jogo.
Os dois arranques da partida foram demasiado penalizadores para a equipa. Um golo no minuto um da primeira parte e uma expulsão no início do segundo tempo foram uma montanha demasiado alta para trepar.
João Pinheiro teve a complicada decisão de expulsar Dulanto. Ainda que o toque exista, a bola não parece ir na direção da baliza, mas o juiz não teve dúvidas. Ainda anulou (bem) um golo por fora-de-jogo.