Quatro golos, muito (mesmo muito) tempo de espera devido a intervenções do VAR e o marcador a mexer pela última vez já aos 90+7' (!). O duelo das ilhas entre Marítimo e Santa Clara trouxe indefinição até ao fim, com a equipa da casa a conceder uma reviravolta e a arrancar um empate a ferros, na verdadeira aceção da palavra.
José Gomes estreou-se na nova casa, os Barreiros, e a primeira metade do jogo trouxe uma série de boas indicações, com o Marítimo a saltar para a frente do marcador muito cedo e a aparentar algum conforto contra um adversário em dificuldades no jogo. Logo nos primeiros minutos, João Afonso travou Marcelinho em falta (sem contestação) e Daizen Maeda abriu o marcador com toda a calma perante Marco.
O Santa Clara tinha muitas dificuldades na primeira fase de construção e concedia espaço entre linhas que o Marítimo procurava aproveitar em lances rápidos. A formação madeirense via-se em situação de potencial contra-ataque com muita frequência, mas acabava por não conseguir construir tantas ocasiões de golo como poderia ter conseguido se tivesse melhor execução. Ainda assim, destacava-se o japonês Maeda, que além de ter marcado criava outros calafrios à defesa açoriana, pressionando os adversários quando estes tinham bola e encontrando espaços que lhe permitiam, por exemplo, forçar Marco a uma enorme defesa aos 37', depois de uma primeira intervenção mais simples do guardião perante o nipónico.
A defesa do Marítimo apresentava-se muito sólida, com o bem adaptado Renê em plano de destaque, mas contra a corrente do jogo o Santa Clara viria a conseguir o empate e até a ameaçar ainda na primeira metade a reviravolta. A igualdade surgiu aos 41', com João Afonso a surgir nas alturas e a desviar uma bola vinda de um canto batido por Lincoln. Aqui tivemos a primeira de várias muito longas análises com recurso ao VAR.
O momento de suspense seguinte surgiu muito pouco depois: Carlos Júnior apareceu isolado perante Amir e foi travado em falta pelo guarda-redes do Marítimo dentro da grande área, mas depois de outra longa espera o lance foi anulado por fora-de-jogo, chegando o intervalo com uma igualdade desconfortável para o Marítimo (do mal o menos, pensariam os da casa...).
O mal maior para os maritimistas surgiu mesmo aos 61', com Ukra a finalizar um cruzamento de Carlos Júnior desviado pela defesa. Amir ainda tocou mas não evitou a reviravolta dos açorianos, que viriam a marcar novamente logo depois por Thiago Santana (belo cruzamento de Zaidu) mas veriam o árbitro anular o lance por posição irregular. Para não variar, vários minutos de espera.
O Santa Clara de João Henriques via-se em vantagem e, por fim, numa posição aparentemente confortável no jogo, mas o tudo-por-tudo do Marítimo nos últimos minutos mexeu mesmo com o marcador. O lateral Rúben Ferreira lançou uma bomba de longa distância que se transformou em golo às duas tabelas: bola no poste, bola nas costas de Marco e bola dentro da baliza. Um final dramático para os açorianos.
O Marítimo está provisoriamente quatro pontos acima da primeira equipa em zona de despromoção (o Paços de Ferreira), com o Santa Clara a somar mais dois pontos do que os madeirenses.
Deu em empate, mas ambas as equipas demonstraram querer sair dos Barreiros com os três pontos. O Marítimo esteve melhor na primeira parte, o Santa Clara em boa parte da segunda e as equipas nunca se deram por satisfeitas... veja-se a forma como a reviravolta açoriana foi festejada, assim como a forma como os maritimistas deram tudo nos últimos minutos depois de um jogo muito exigente a nível físico.
Imensas quebras de ritmo devido a longas análises dos lances capitais, como já dissemos e repetimos. Ainda que crie o tal suspense que pode entusiasmar alguns adeptos, é inegável que se torna frustrante ver um jogo com paragens tão longas. Além disso, para a condição física dos jogadores não pode ser positivo haver tantos momentos de quebra. Às vezes é necessário, mas desagradável.
Jogo com muitas intervenções da equipa de arbitragem e também do vídeo-árbitro. As decisões em lances capitais eram difíceis de tomar (foras-de-jogo quase milimétricos) mas analisadas as imagens acabam por se justificar as decisões finais. Ainda assim, as paragens para análise dos lances pareceram por vezes demasiado longas. Além disso, um ou outro erro no capítulo disciplinar.