Alvibranco 25-04-2024, 09:39
É certo que as duas equipas já se tinham defrontado em 2014. É verdade também que alguns dos jogadores chamados por Bruno Lage conheciam as condições muito específicas da partida. Ainda assim, a ocasião não deixou de ser especial, pois, mais de três décadas depois, o Benfica regressou ao Municipal José de Santos Pinto.
Apesar do muito frio, que fez mais mossa na equipa do zerozero do que propriamente na população local, o ambiente esteve quentinho, rasgadinho, ainda que sempre dentro dos limites da razoabilidade. É mais bonito (e seguro) assim.
Passavam sensivelmente 30 minutos das 18 horas quando chegámos ao estádio do Sporting da Covilhã. O frenesim era percetível, entre a formação de uma pequena massa vermelha que tentava combater o frio com a esperança e a expectativa de poder receber em festa o campeão nacional em título.
Foi, sem dúvida, o primeiro grande momento da noite. Cânticos, telemóveis ao alto para gravar a ocasião e felicidade estampada nas gentes serranas. Afinal, não é nada habitual ver por aquelas bandas um autocarro de um grande clube. O aparato é totalmente distinto.
Na viagem pelo exterior do estádio, começámos por falar com uma família de três gerações. Avô, pai e neto, equipados a rigor, à Benfica, explicaram-nos que não estavam ali sequer para assistir à partida, mas que não podiam deixar passar a ocasião para sentir o pulso ao ambiente e proporcionar ao mais novo um momento especial.
Depois, uma dupla de petizes assumiu a responsabilidade, substituindo os familiares mais velhos na arte de responder. Benfiquistas, não deixaram de demonstrar a grande confiança que tinham numa vitória. Quatro golos, confessaram-nos, antes de desvalorizarem eventuais ausências importantes: “Pizzi não joga? Não interessa. Ganhamos na mesma...”
Mais à frente encontrámos um adepto especial dos da casa. Um iniciado do Sporting da Covilhã, Duarte de seu nome, um jovem atleta que já tinha vivido as emoções do jogo de 2014 - triunfo encarnado, com Jonas a brilhar, no outro estádio. Foi o que esteve mais perto de acertar, pois já preconizava antes da partida dificuldades para o Benfica, diante de um underdog com capacidade para se agigantar e fazer uma gracinha.
O pelado que chegou a fazer parte da vida e da história do Sporting da Covilhã foi também tema de conversa. Luís Miguel Tinalhas, adepto do Benfica, contou-nos que chegou a jogar no campo antigo, que também recebeu equipas grandes noutros tempos, antes de projetar uma vitória do seu clube, mas com dificuldades, até porque jogar numa altitude daquelas faria diferenças face a quem está mais habituado a um futebol mais rés-do-chão.
Memórias e recordações que são parte essencial do desporto-rei.
1-1 | ||
João Bonani 46' | Jota 82' |