O FC Porto esteve às portas da eliminação na Liga Europa em solo suíço, mas arrancou a ferros uma vitória com cambalhota no marcador que deixa as aspirações de apuramento na última jornada bem vivas e o dragão a depender apenas de si. Vincent Aboubakar foi o herói portista, no primeiro jogo como titular nesta temporada, com dois golos entre os 76' e os 79'.
Os dragões têm razões de queixa da equipa de arbitragem, mas apesar disso e do resultado positivo devem também olhar para si próprios e para mais um jogo europeu em que durante demasiado tempo faltou fio de jogo. Uma falha da defesa numa bola parada deu o golo suíço, o FC Porto demorou a acordar mas já perto do fim conseguiu a reação e três pontos preciosos. A formação portista tornou-se na primeira equipa a vencer esta época no terreno do Young Boys e vai decidir o apuramento frente ao Feyenoord, no Estádio do Dragão.
Sérgio Conceição surpreendeu um pouco para o encontro: fez Marchesín voltar à baliza, apostou em Mbemba no lado direito da defesa e repetiu o duplo pivô com Danilo e Loum, deixando Uribe fora da ficha de jogo; acima de tudo, lançou Aboubakar como titular, sendo que o camaronês somava apenas 48 minutos pela equipa principal esta época, e nenhum jogo no onze inicial.
Aboubakar viria a ser herói, mas até então muito jogo se passou e muito o FC Porto sofreu. Nos golos, sofreu apenas um, mas esteve durante a maior parte do jogo em busca de uma reviravolta que parecia quase impossível de alcançar, pela falta de argumentos demonstrada. A situação negativa arrancou logo aos 6 minutos, altura em que o lateral Ulisses Garcia bateu um livre lateral e Fassnacht (em grande plano durante todo o jogo) surgiu a cabecear e a aproveitar a imperdoável apatia defensiva de Marcano e companhia (destacamos o espanhol porque foi ele o principal protagonista pela negativa). Um lance, de resto, que mereceu o primeiro momento de ira portista face à arbitragem, por ter sido precedido de falta.
Começava mal, era obrigatório reagir, mas o relvado sintético transformava-se num deserto de ideias portistas durante demasiado tempo. Tantos, tantos passes falhados (Loum como destaque negativo) e pouca inspiração, apesar das tentativas de Corona e de momentos excecionais em que a ameaça de golo lá surgiu: acima de tudo, em dois lances com Marega como protagonista, primeiro a rematar para defesa enorme de Von Ballmoos depois de boa entrega de Otávio, e já perto do intervalo no momento em que foi travado por Zesiger dentro da grande área, ficando a clara impressão de um penálti por assinalar. Sem VAR à vista, por se tratar da Liga Europa.
A lentidão de Mbemba nos processos ofensivos motivou a primeira substituição, com Sérgio Conceição a apostar em Wilson Manafá logo para o arranque da segunda metade. O FC Porto ganhava outra profundidade, ainda que o perigo pelas alas continuasse a surgir principalmente pelos pés de Corona, que atirou às malhas laterais pelos 69'.
Houve depois novo momento em que os portistas visaram a equipa de arbitragem - Sérgio Conceição saiu com um amarelo do jogo, e ser expulso não esteve muito longe -, com Aboubakar a ser derrubado na grande área, o mesmo Aboubakar que se tornou salvador depois.
O FC Porto estava em clara fase ascendente depois da entrada de Luis Díaz, aos 74', para o lugar de Loum. Crescia, sabia que sair da Suíça com uma derrota era imperdoável. E aos 76' lá começou a tardia reviravolta: Aboubakar recebeu um cruzamento de Marega e finalizou para o empate; aos 79' bisou na sequência de um canto de Alex Telles. Para quem esteve tanto tempo afastado por lesão, nada mal fazer renascer o Dragão na Europa!
O FC Porto tem várias razões de queixa da equipa de arbitragem, sendo que a ideia que fica é de que houve dois penáltis que deviam ter sido assinalados. Além disso, também o golo do Young Boys poderia não ter existido em caso de vídeo-árbitro. Nota muito negativa para o árbitro, que sentiu falta do VAR.
O FC Porto bem precisava de um D. Sebastião para ultrapassar nova tarde de nevoeiro, Aboubakar acabou por ser isso mesmo. Problemas físicos à parte (e esses ainda existem, não haja dúvidas), teve a frieza de matador necessária para virar o resultado. Estando em condições, é uma grande arma de ataque.
Foi demasiado tempo em que virar o resultado parecia demasiado difícil, contra um adversário cujo nome está muito longe de intimidar. Muitos erros não forçados, passes falhados, falta de ideias, excetuando o esforço e virtuosismo de Corona, que não podia fazer tudo sozinho. Na segunda parte viriam melhorias.