Ispeaksempolemicas 23-04-2024, 16:33
O arranque de jogo teve-o à esquerda e sobretudo escondido. O Luxemburgo soube fechar-lhe a porta à criatividade no seu meio-campo ofensivo, por isso foi ainda no meio-campo português que ele recuou para ter o espaço necessário para lançar a desmarcação de Bruno Fernandes. Andou depois por zonas centrais e constantemente à procura de espaço para pensar, num jogo onde claramente havia grande dificuldade na circulação. Terminou na direita, a ver a posição de Jota para assim lançar o segundo golo.
A forma como rasgou a defesa luxemburguesa não pode ficar abaixo do brilhante passe de Bernardo, pois o 16 soube também receber bem e rematar de forma eficaz para abrir caminho para o Europeu. Maioritariamente à direita, embora com muita alternância de posição com Pizzi e Bernardo, deu-se sempre ao jogo e voluntariou-se em termos defensivos, tanto que foi dos jogadores com mais desarmes no jogo (7), juntamente com Ricardo Pereira.
Um dos desconhecidos do Luxemburgo foi também um dos melhores. Lateral direito, foi bastante ofensivo e perigoso pelo corredor, partindo quase sempre daí os lances mais perigosos da equipa da casa na primeira parte. No primeiro golo, ainda foi quem conseguiu adivinhar o movimento português, mas não chegou a tempo de evitar. Decaiu um pouco fisicamente na segunda parte, mas esteve igualmente em bom plano, mais em termos defensivos.
Num cenário diferente do que teve no Algarve, voltou a mostrar que está em grande forma e que o selecionador pode contar com ele. Fernando Santos tem, no lado direito da defesa, a melhor dor de cabeça, já que deve ser a posição com mais soluções de qualidade, mas Ricardo, pelo pendor ofensivo e pela capacidade de subir e descer, justificou plenamente a titularidade. Apenas pecou um pouco na precisão dos cruzamentos, o que se percebe pelo relvado, mas está em grande!
Bom jogo do Thill titular (houve o suplente), a mostrar que sabe tratar bem a bola e que tem boa leitura de jogo. Não se limitou a construir as várias jogadas de contra-ataque, como foi também capaz de chegar a zonas de finalização e de ter a sua oportunidade de tentar bater Rui Patrício. Saiu perto do fim, já muito desgastado, porque, se não fosse isso, ficava até ao fim.
Num jogo em que o adversário se mostrou bastante atrevido, sobretudo na primeira parte, Dias foi o mais seguro no setor defensivo. Em lances aéreos, as estatísticas dizem que ganhou todos os que disputou, o que dá para se ter uma ideia da eficácia nesse capítulo. Quando não dá para jogar bonito, é importante ter quem consiga ser eficaz na limpeza, e Rúben foi.
Não surge nos lances dos golos e, só por aí, logo se pode dizer que não esteve tão visível como Bernardo e Bruno, mas, ao ver o que foi a primeira parte, percebe-se o crédito que se lhe deve ser dado, já que deu-se sempre ao jogo, foi quem mais o tentou acelerar e teve também maior capacidade no cruzamento e no passe de rutura. Foi o primeiro a sair porque, depois de 15 bons minutos na segunda parte, seria natural que a frescura se perdesse. Bastante útil também no equilíbrio.
Poder jogar ao lado de Cristiano Ronaldo, acreditamos nós que vemos de fora, deve ser um privilégio tremendo. Só que, também vendo de fora, acreditamos que tal signifique um sacrificar pessoal (ainda por cima num avançado custa mais) em prol do coletivo. André Silva teve novamente esse papel e é justo dizer que deu tudo o que tinha, fartou-se de correr e sacrificou-se pela equipa. Só que, nos momentos com bola, faltou-lhe quase sempre a lucidez necessária para fazer melhor. Mas gabamos-lhe a abnegação. E mais: Ronaldo esteve claramente desinspirado (com limitações também) e era igualmente candidato a estar No Bolso, só que marcou perto do fim e safou-se dessa.
0-2 | ||
Bruno Fernandes 39' Cristiano Ronaldo 86' |