Parte I - Jordan Santos: «Quero inspirar e abrir portas aos mais novos»
Nesta segunda parte da entrevista ao zerozero, Jordan Santos recorda o que sentiu quando foi chamado pela primeira vez à Seleção Nacional e a forma como o papel agora se inverteu. Ou seja, agora é ele um dos mais experientes e um dos responsáveis por enquadrar os mais novos no contexto da equipa nacional.
O Mundial do Paraguai, que se realiza no próximo mês de novembro no Paraguai, também foi um dos temas abordados com o ala português, que acredita ser possível juntar a conquista mundial à europeia.
A mais recente aventura na Turquia, onde se encontra neste momento ao serviço dos chineses do Meizhou Hakka, ao lado de Léo e Bê Martins, e ainda uma mensagem muito especial para Bruno Torres também podem ser conhecidas nas linhas que se seguem.
ZZ: Ainda te recordas do primeiro dia na seleção junto daqueles que eram os teus ídolos? Como te sentiste, como foste recebido...
JS: Uii, lembro-me perfeitamente! Tive a sorte de ter lá um ídolo para mim, o Bruno Novo, e na altura um dos capitães, o João Carlos, que são da Nazaré e que ajudaram-me muito. O Torres também foi espetacular, assim como todos os outros. Mas lembro-me que estava muito ansioso, pois estava acostumado a ver o Madjer, o Alan e o Belchior apenas na televisão e lembro-me que estava nervoso. Mas foi passando...
ZZ: Agora és tu que recebes os mais novos. Como te vês nesse papel? E como vês o surgimento de novos talentos na seleção?
JS: É fácil, porque eu passei por isso e sei o que um jovem sente quando chega. Por isso faço sempre aquilo que gostei e gostava que fizessem comigo. Ou seja, metê-los à vontade e tirar toda pressão de cima, pois acima de tudo é só um desporto. Sobre a renovação, acho que estamos no bom caminho, temos mais competição e temos vários jovens com valor a aparecer. Podemos ficar descansados com o nosso futuro.
ZZ: Por falar em futuro. O ano ainda não acabou e no próximo mês vão ter o Mundial no Paraguai. Como perspetivam a competição?
JS: Verdade. Pés bem assentes no chão, sem ir de peito cheio, sabendo do nosso objetivo, mas também sabendo que há outras seleções com o mesmo objetivo que nós. Por isso, sem euforias e seguindo passo a passo, jogo a jogo e preparando bem sempre os nossos adversários.
ZZ: O campeão em título, o Brasil, que vos eliminou no último Mundial, está agora no vosso grupo. É possível conquistar o título?
JS: Sim, o Brasil é o mais forte candidato neste momento. Por um lado pode ser bom, pois só os apanhamos na final. Ganhar o Mundial? Claro que é possível, com trabalho e compromisso não há impossíveis nesta seleção.
ZZ: Seria a cereja no topo do bolo para ti...
JS: Sim, sem dúvida! Era o culminar de um ano de sonho. Um sonho que não queria que acabasse nunca!
ZZ: Estás agora na Turquia, a representar os cinheses do Meizhou Hakka, com mais duas caras bem conhecidas (Léo e Bê Martins), numa competição onde estão outros internacionais portugueses. O que nos podes contar dessa experiência?
JS: Sim estamos aqui os três e já falamos chinês. Mentira! [risos] Aceitamos este convite por parte de outra lenda do futebol de praia, o Amarelle, excelente treinador e excelente pessoa... Um apaixonado pela modalidade e outra referência minha.
ZZ: Portanto, mais um título?
JS: Difícil, pois os chineses estão num patamar baixíssimo. Nós vamos ter de jogar o jogo praticamente todo, vai ser difícil. Mas vamos dar sempre o melhor de nós.
ZZ: Por fim, imagina que o teu filho um dia chega ao pé de ti e te diz: "Pai, quero ser jogador de futebol de praia!" Qual seria a tua reação?
JS: Filho vai jogar futebol de campo ou trabalhar que esta vida mata. [risos] Não, agora a sério. Vou apoiá-lo sempre, em tudo aquilo que ele quiser ser... Se ele quiser seguir este caminho, então terá todo o meu apoio e ajuda.
ZZ: Obrigado, Jordan!
JS: Muito obrigado. Deixa-me só aproveitar este momento para deixar um elogio muito grande a uma pessoa muito importante. O Torres, nosso capitão no Braga. Estes títulos que o Braga conseguiu foi tudo muito por culpa dele, muitas horas perdidas, a escolher e a fazer tudo pelo melhor da equipa, ao gerir os estados emocionais de cada um. Ele conhece na perfeição os jogadores que tem ao lado e sacrifica-se sempre a ele próprio para que os outros estejam bem. É outro ídolo nesta modalidade. Um abraço para ele!