O Sporting, um dos grandes do futebol português, atual detentor da Taça de Portugal, está fora da prova. A defesa morreu logo em Alverca, onde a equipa do Campeonato de Portugal foi tomba gigantes e fez a festa da Taça. Um triunfo por 2x0 diante da equipa de Silas que, à partida, seria surpreendente, mas que, atendendo a tudo o que se passou, esteve longe de o ser. Mais do que merecido. Silas não vai ter vida fácil nos próximos tempos.
Há uma certa magia na Taça de Portugal. É a festa da Taça, a Prova Rainha, é a esperança de haver um tomba gigantes. Aquela surpresa em quem poucos apostavam. Em Alverca não era bem assim. Os da casa acreditavam que era possível vencer este Sporting. Em Alverca há um espírito de Primeira Liga, adormecido durante uns anos, mas que acordou por umas horas para receber a equipa de Silas. O encontro com uma equipa do Campeonato de Portugal parecia o momento ideal para Silas pôr em prática as ideias e o trabalho que fez durante a paragem. Os homens da casa trataram de mostrar que não ia ser bem assim.
HISTÓRICO: 1.ª vez que o Sporting tem uma desvantagem superior a 1 golo frente a uma equipa do 3.º escalão pic.twitter.com/Uv2k8asQL5
— playmakerstats (@playmaker_PT) October 17, 2019
A primeira ameaça veio dos pés de Apolinário, que aproveitou o erro de Ilori para ameaçar a baliza de Maximiano. Vasco Matos, no reencontro com o clube que o formou, aprovava a entrada em campo dos seus jogadores. Não era para menos. Depois do susto, o Sporting procurou assumir o jogo, fazer rodar a bola e controlar o ritmo. Aí, Vietto e Eduardo eram os únicos a procurar fazer algo diferente. O argentino tentava dar luz ao futebol leonino, mas pela frente havia um muro ribatejano pronto para tudo.
Enquanto o Sporting ia trocando a bola sempre com dificuldades para progredir no terreno, o Alverca não teve rodeios na hora de atacar. Ainda Apolinário entrava no último terço atacante e já o pé esquerdo entrava em contacto com a bola. Remate forte, a fugir de Maximiano, mas a entrar na baliza. O primeiro objetivo estava feito e em Alverca já se ouviam alguns adeptos: «Está na hora!».
Ainda não estava, mas para Silas estava mesmo na hora do intervalo. O Sporting perdeu capacidade de passe após o golo e sentiu ainda mais dificuldades para tentar atacar a baliza do Alverca, que, uma vez mais, mostrou sinais de objetividade. Erick estava a ser uma quebra cabeças e antes do apito para os balneários decidiu andar de bicicleta e obrigar Maximiano a uma boa defesa. Estava mesmo na hora... de chamar Bruno Fernandes. O médio não recolheu aos balneários, ficou a aquecer e a necessidade leonina fez com que o capitão não tivesse muito descanso depois dos confrontos da seleção. Em Alverca, não havia tempo, nem espaço, para passeios.
Saída de Eduardo, entrada de Bruno Fernandes e um ritmo diferente. Roleta, passe a rasgar e o Sporting a criar perigo. Havia um verde de esperança para os adeptos leoninos nos minutos iniciais, mas que durou muito pouco. O internacional português foi sempre combinando com Vietto, os únicos com futebol capaz de trazer mudanças, mas o Sporting errático voltou a entrar em ação e o Alverca não se fez rogado.
Canto ofensivo para a equipa ribatejana, que aos poucos ia tendo mais espaço para atacar e uma sucessão de erros defensivos dos leões que culminou no golo de Luan Silva. O médio saiu a correr, foi até à linha de meio-campo e deslizou nos festejos. Lá ia o Alverca, com caminho aberto para lembrar outros tempos e com esse deslize de Luan fazer deslizar o Sporting.
A entrada imediata de Bolasie trouxe um acrescento interessante à dupla Vietto-Bruno Fernandes, mas os três encontraram Paulo Víctor num nível assombroso. O guarda-redes parou tudo o que lhe apareceu pela frente e ainda contou com a ajuda da barra depois de um livre de Bruno Fernandes. O destino (e o jogo) dava sinais de que tudo estava do lado da equipa ribatejana. O Alverca fez por isso e a tranquilidade foi tanta que até se ouviram olés vindos da bancada. O vencedor da Taça está fora e a surpresa, para quem viu, não foi assim tão grande.
A equipa de Vasco Matos foi objetiva, protegeu-se quando foi preciso e soube os momentos certos para sair para o ataque. Marcou na primeira parte, voltou a marcar na segunda e teve várias ocasiões para fechar a eliminatória. Uma noite em grande, de sonho e a fazer lembrar outros tempos. Triunfo completamente merecido.
Parece-nos o melhor adjetivo para analisar o jogo da equipa de Silas. Durante a primeira parte, os leões tentaram ter bola, mas sempre sem ideias, rasgos e criatividade que fizesse a diferença. Havia dois escalões a separar as duas equipas, mas nem assim o Sporting conseguiu ser uma verdadeira ameaça para o Alverca. A entrada de Bruno Fernandes ajudou, mas esteve longe de ser suficiente. O capitão não pode ser sempre a única solução. Há mesmo muito a corrigir. O maior elogio para o Alverca é dizer que o apuramento foi justo e que, pelo que se viu no campo, esteve longe de ser surpreendente.