Na primeira grande entrevista de Jorge Silas desde que assumiu o cargo de treinador do Sporting, o técnico começou por lembrar o passado para justificar o que sentiu com uma oportunidade que nunca pensou que pudesse chegar tão cedo.
«Chegar a um clube da dimensão do Sporting já é um feito assinalável, mas para mim, que já joguei no Sporting e tinha como sonho jogar nos seniores, mas não o consegui concretizar, conseguir ser treinador é ainda mais especial», começou por referir ao canal oficial do clube.
«Há imensa gente que treina sete/oito anos só para chegar à Primeira Liga e muitos nem conseguem chegar durante a carreira toda e eu consegui em menos de dois anos. É motivo de orgulho, mas também uma grande responsabilidade (…) Quando comecei a treinar disse ao Miguel Garcia que ia chegar à Primeira Liga em dois anos, mas o Sporting nunca me passou pela cabeça, até pela questão dos cursos», acrescentou.
«O Belenenses contratou alguém que ninguém conhecia e não se sabia o que ia sair dali. O Sporting não, contratou um treinador com um trabalho de quase duas temporadas e pensou no futebol que praticávamos e nos jogadores que valorizámos. Não foi uma aposta no escuro. Já tínhamos um trabalho para trás e uma ideia de jogo que não mudamos», garantiu.
«Podemos adaptar no princípio, mas com o passar do tempo vai bater na ideia que trabalhamos. Uma equipa a tentar ter bola e mandar no jogo com bola porque é nisso que acreditamos e era nisso que acreditávamos como jogadores. Eu sei que é preciso defender e jogar sem bola, mas se puder encurtar esse tempo, melhor. Sinto-me mais confortável com bola e tentamos ter mais bola e rentabilizar isso, porque é preciso criar oportunidades de golo», explicou.
«Encontrei um balneário com vontade de aprender e de dar a volta à situação negativa que estavam a passar. As derrotas tiram confiança e eles estavam a desconfiar do seu valor. (…) Preocupámo-nos em criar automatismos que acreditamos que nos vão dar consistência defensiva. Apesar da nossa ideia ser muito ofensiva, queremos ser uma das melhores defesas, porque isso dá muita estabilidade à equipa», revelou.
«A nossa ideia foi tentar ir passa a passo. Primeiro recuperar os jogadores animicamente, depois implementar as nossas ideias, porque acreditamos que nos podem levar o mais longe possível e depois não podemos fugir aos títulos. Um treinador do Sporting tem de pensar em títulos e se eu já o fazia no Belenenses, imaginem aqui. O grande sonho são os títulos internacionais. É uma obrigação para o treinador do Sporting pensar em títulos nacionais», disse ainda.
«O Jorge Jesus, que foi aquele que trabalhei mais tempo, e o Mourinho, com quem tive só quatro meses, mas aprendi muito. (…) Quando apanhei o Jorge Jesus eu pensei “Com tanta coisa que aprendi com este homem, posso vir a ser treinador”. Tenho pena de não o ter apanhado antes, porque comecei a ver o futebol de forma diferente depois de passar por ele», lembrou.
Por fim, o técnico abordou ainda a tão discutida aposta na formação, onde, garante, Leonel Pontes e Emanuel Ferro têm tido um papel muito importante ao inteira-lo de todos os detalhes sobre os vários jovens.
«Tem que se ser valente e realmente acreditar que se pode apostar em novos jogadores, mas é preciso paciência. Nenhum jogador com 19 anos sabe tudo, porque ainda não teve tempo para aprender. É preciso prepará-los primeiro e depois apostar neles e se não corresponderem não os podemos tirar logo e nunca mais lhes dar oportunidade. Isso é jogar à sorte, não é dar a oportunidade», finalizou.