A um dia de comemorar 50 anos, Vítor Baía concedeu, ao jornal O Jogo, uma longa entrevista em que falou sobre o passado, o presente e o futuro. O ex-internacional português recordou o início da carreira, a mudança para o Barcelona e o regresso à cidade invicta. Quanto ao futuro, deixou em aberto a candidatura à presidência do FC Porto.
Vítor Baía 33 títulos oficiais |
«Estive na Académica [de Leça] dos 8 aos 13 anos. Num torneio no Estádio do Mar, fomos à final e acabei por não ter muito trabalho. Fomos a pénaltis, eu defendi-os todos e convidaram-me para fazer testes no FC Porto. Foi assustador chegar e olhar para o Estádio das Antas. Senti-me mesmo pequenino», confessou o ex-guarda-redes dos dragões.
Em Barcelona durante duas temporadas [1996/97 e 1997/98], a passagem de Vítor Baía na Catalunha não correu de feição. O guardião, que somou 51 jogos na primeira época, revelou aspetos fora do relvado que influenciaram a sua saída do campeonato espanhol.
«O meu principal problema ali foi o meu empresário, Luciano D'Onofrio, ter delegado tudo noutro empresário, o sr. Minguella, toda a documentação. O Minguella era o empresário do Guardiola e de outros valores do Barcelona. A meio da época, ele teve a noção de quanto eu ganhava e fez a comparação com os jogadores que representava. Houve uma campanha tremenda contra mim, não por causa das minhas exibições, mas por causa do que eu ganhava. Guardiola tinha de ganhar mais do que eu», assegurou o ex-camisola 1 da formação blaugrana, acrescentando os fatores decisivos da segunda temporada.
«No segundo ano, tive outros problemas, aí sim. O Sr. Robson, que era fantástico como pessoa e como treinador, saiu, veio outro, no caso, o Van Gaal. No início da época, ele teve uma conversa comigo e depois com os outros dois guarda-redes, o Ruud Hesp e o Arnau. Disse-nos que eu seria o número um. Uma semana antes do campeonato começar tive uma lesão grave. Estive oito meses a recuperar da lesão e foram tempos muito complicados. Quando voltei a jogar, ainda não estava totalmente recuperado...São coisas que não se explicam. [...] Ainda fiz dois jogos no campeonato e fui campeão. Achámos melhor procurar outras alternativas. Surgiu o AC Milan, mas surgiu também o FC Porto e, aí, não hesitei, regressar passou a ser a minha palavra de ordem», concluiu Vítor Baía.
Quanto ao futuro, Vítor Baía tem sido contantemente apontado como candidato à presidência do FC Porto. Acerca desse aspeto, o histórico camisola 99 dos dragões garantiu que essa é uma decisão para o futuro.
«Ainda há pouco tempo, assinei a recandidatura do sr. Pinto da Costa e fi-lo com muito gosto. Estou no lote de pessoas que gostam verdadeiramente do FC Porto e, naturalmente, que estou atento a tudo o que se passa no clube. Há de chegar o momento em que terei de tomar uma decisão. Também me parece indelicado estar a falar de algo que não está no horizonte próximo».
E acrescentou: «Nunca vão ouvir da minha boca que vou ser candidato. Sei que vou ser alguém importante no FC Porto mas, neste momento, o clube tem um presidente, há que respeitar. Quando chegar o momento, veremos. Não preciso de andar por aí a proclamar que sou portista, que amo muito o clube», concluiu Vítor Baía, assegurando que «Pinto da Costa é o melhor presidente de sempre».