Vic-54 25-04-2024, 06:41
Adversários na Série D do Campeonato de Portugal, SC Praiense e Casa Pia agendaram dois novos encontros no passado domingo, agora tendo em vista as meias finais do ‘play-off’ de promoção à Segunda Liga, isto depois de afastarem Fafe e Espinho, respetivamente, nos quartos da fase final do terceiro escalão do futebol português.
De modo a medir o pulso às equipas nesta fase decisiva da época, o zerozero conversou com um jogador de cada um dos clubes e a escolha recaiu sobre os dois guarda-redes: Tiago Maia, considerado o melhor guardião da Série D para o nosso site, e Rafael Marques, que esteve em destaque no passado domingo, na casa do Espinho, ao defender duas grandes penalidades no desempate na marca dos onze metros.
Tiago Maia não nasceu açoriano, mas já foi contagiado pela «força e energia» das gentes da Praia da Vitória. O guarda-redes, de 26 anos, cumpre o terceiro ano no SC Praiense e trabalha para retribuir o carinho recebido desde o primeiro dia.
«Sinto um orgulho enorme em poder representar este clube e esta região. É um sentimento de agradecimento pela forma como me receberam, como me têm apoiado… São incríveis na forma como manifestam o carinho pela equipa», conta o guarda-redes ao zerozero.Um apoio que tem sido importante para os resultados positivos, sobretudo em casa: zero derrotas nos 20 jogos realizados no Municipal da Praia da Vitória.
«Não posso estar com falsa modéstia e dizer que é obra do acaso, mas também não podemos cair no erro de pensar que somos invencíveis. Segredo? A humildade e o trabalho serão sempre o nosso baluarte. Entramos em cada jogo em busca da vitória e para defender o emblema que trazemos ao peito e o nome Açores que carregamos nas costas», aponta.
A última barreira para o Praiense chegar ao objetivo dá pelo nome de Casa Pia. Um adversário que traz boas recordações aos açorianos – vitória nos dois jogos durante a fase regular.
«É verdade que a vitória sorriu-nos nas duas vezes, mas o que significa isso numa fase a eliminar!? Nada, absolutamente nada… As duas equipas vão respeitar-se mutuamente e nós temos a consciência de que ainda nos falta derramar muito suor para levar de vencida a eliminatória», aponta Tiago Maia.
«Ser guarda-redes, por si só, implica ser diferente e desde cedo aprendi a conviver com isso. Temos equipamento diferente, somos os únicos a utilizar luvas, os únicos a poder jogar com as mãos… Ser guarda-redes é ser especial», defende.
«Naturalmente que quem escolhe esta posição sabe que tem sobre si um foco e uma responsabilidade enorme. O limiar entre a glória e o fracasso é muitas vezes tão ténue como um simples segundo. Mas já são alguns anos com as luvas calçadas e convivo bem com a responsabilidade», completa.
A época já vai longa, mas os índices de motivação e felicidade estão tão elevados que até se esquece a fadiga. «Estamos a correr por gosto e queremos muito subir de divisão», é o pensamento de Rafael Marques, certamente partilhado por todos os companheiros do Casa Pia e… pelas outras três equipas finalistas.
Depois de ter sido herói no domingo, o guarda-redes dos gansos assegura que a responsabilidade existe em todos os jogos, «não só agora por ser uma meia-final», e traça a importância do seu papel.«Nós guarda-redes somos os últimos, atrás de nós não há ninguém. Se a bola passar por nós é mau sinal e fazemos tudo para que ele nem sequer lá chegue. Farto-me de dizer aos meus colegas que quanto menos trabalho tiver melhor. É sinal de que estamos a fazer um bom trabalho», resume Rafael Marques ao zerozero.
O Praiense é um velho conhecido e o último obstáculo para o objetivo. Jogar bonito? Não é o momento para isso.
«Nestes jogos já não é tanto mostrar qualidade nem jogar bonito, agora é mais o coração. Queremos é ganhar os jogos! As duas equipas já mostraram essa qualidade durante grande parte do ano. Agora temos de ganhar a eliminatória seja de que maneira for», analisa.
«A subida seria algo histórico e o Casa Pia merece. É um clube que tem crescido muito nos últimos anos e que tem feito tudo para que esse objetivo seja possível», atira o guarda-redes.
«Sentimos que podemos ficar na história. Ficar ligado a uma subida de divisão, sobretudo neste clube, seria muito bom para nós jogadores», concretiza.