Golos decisivos no último minuto, reviravoltas impressionantes, enormes surpresas... esta edição da Liga dos Campeões teve um pouco de tudo. Durante grande parte dos 90 minutos, esta final esteve bem longe do nível que fomos vendo com o desenrolar da prova. Ainda assim, dois momentos-chave deram o título europeu ao Liverpool: o início e o fim. Tudo começou com Salah, tudo acabou com Origi e o trauma de Kiev ficou para trás.
No Wanda Metropolitano, na capital espanhola, coroou-se uma equipa com um percurso notável nesta competição. Bayern, FC Porto e Barcelona caíram na fase a eliminar contra os reds, o surpreendente e vizinho Tottenham foi o último obstáculo para a equipa de Jürgen Klopp, que desta vez não deixou fugir a oportunidade de conquistar pela sexta vez o principal troféu europeu de clubes e suceder ao Real Madrid como rei do velho continente.
Dois minutos. Foi todo o tempo de que precisámos para ver um golo em Madrid. Sim, o jogo teria pouco brilho, mas pelo menos esse início fez todos saltarem das cadeiras. 24 segundos de jogo trouxeram um desvio de Sissoko com o braço que o árbitro sancionou com penálti e o mundo virou o olhar para Salah.
Mohamed Salah, o craque egípcio que em Kiev se viu forçado a sair cedo da partida por lesão e que agora, bem mais cedo ainda, via Lloris como único obstáculo para um golo em plena Liga dos Campeões. Não tremeu, bola forte e o primeiro golo de uns reds decididos a fazer esquecer não só a desilusão do ano passado mas também a desilusão da Premier League.
O Liverpool era favorito, assumia-se desde cedo como tal no marcador, ainda que longe de dominar o jogo. Mais do que qualidade, mostrava experiência, segurança, contra um Tottenham que mesmo com o regresso de Harry Kane tardava a mostrar grandes virtudes (viria a aproximar-se do empate na reta final, sem sucesso...).
Son ainda tentava agitar a partir do flanco esquerdo, mas numa primeira fase do jogo eram demasiados os jogadores incapazes de criar ocasiões na equipa de Pochettino. Nem Eriksen, nem Alli, nem Kane... nenhum conseguia demonstrar o seu melhor nível e assim mesmo perante um Liverpool pouco dominador - só um remate forte de Robertson ameaçou o segundo golo na primeira parte - a vantagem mínima justificava-se. Viria uma reação positiva dos spurs, mas apenas mais tarde.
Não pela qualidade, mas muito pela falta dela. Com tão pouco domínio fosse de quem fosse, ficava a ideia de que um lance bem conseguido de um único jogador poderia mudar o rumo das coisas ou confirmar a vitória dos reds.
Firmino estava apagado no centro do ataque e saiu para ceder o lugar a Origi, que voltaria a ser herói com o golo da confirmação. Três minutos para o fim, um remate de pé esquerdo que deixou Lloris a ver a bola entrar de novo e o Liverpool a erguer o troféu. Foi esse o golo da confirmação porque Eriksen e Son não conseguiram bater Alisson - na fase mais interessante da partida ainda tentaram, e quase conseguiram, em particular quando o dinamarquês rematou em arco e obrigou o brasileiro a brilhar.
Como nessa fase de algum interesse e indefinição essas bolas não entraram, com o golo aos 87 minutos ficou tudo garantido. Depois dos três anos de domínio do branco do Real Madrid, a Europa é agora vermelha.