Desta vez é a ela que fazem reverência, à mais majestosa de todas as taças de clubes. Em Madrid, como em Baku, a equipa coroada será de terras de Sua Majestade. O futebol que hoje conhecemos começou em Inglaterra, porque não ver os grandes troféus da época irem para Inglaterra?
Quer este vá para Londres ou Liverpool, será uma recompensa pela crença inabalável, mesmo quando tudo parece perdido. Senão veja-se: o Liverpool esteve a perder por 3x0 no agregado contra o Barcelona de Messi e companhia; o Tottenham esteve a perder por 3x0 no agregado contra o sensacional Ajax. Ambas as equipas estão aqui, no Wanda Metropolitano, a um jogo de agarrarem a taça que todos querem.
Dois clubes que não têm conquistado os troféus que o futebol que apresentam merece, dois treinadores que tiveram a coragem de apostar em projetos e não em mera continuidade, duas equipas de futebol que fascina e agarra o olhar, 90 minutos (ou 120, ou os que forem) em que cada passe, cada drible e cada remate serão vistos e vividos por milhões e milhões de amantes do desporto-rei, sejam ingleses ou de outro país qualquer.
«Temos de jogar com liberdade, jogar como uma criança com liberdade, sem pensar que mil milhões de pessoas estão a ver». É a receita de Pochettino, o líder de uma equipa que sabe que chegar aqui foi já uma conquista que era difícil de imaginar... e agora venha o que vier naquela que pode bem ser a noite mais importante da história do clube.
A nível europeu, pelo menos, nada se compara a isto para o clube londrino. Uma Taça das Taças (1963), duas Taças UEFA (1972 e 1984), nada mais do que os quartos-de-final na Liga dos Campeões como agora a conhecemos. Agora, pela primeira vez, o troféu está mesmo à mão de semear.
O principal craque, Harry Kane, não está garantido no onze mas está de volta às opções. E faz sonhar os adeptos. Como fazem sonhar os passes de Eriksen, as corridas de Son, aquele hat-trick de Lucas Moura em Amesterdão. Já se chegou aqui, claro que é possível.
«Lembro-me de estarmos na fila no aeroporto de Kiev depois da final [de 2018], de fato de treino e a olharmos para o chão, todos estavam desiludidos. Havia muitas emoções diferentes, mas o plano era estarmos de volta; estaremos de volta». Disse-o Klopp na antevisão a esta final.
Há um ano, como há 12 anos, o Liverpool esteve neste jogo e perdeu, mas em cinco vezes esteve neste jogo e ganhou. Só duas equipas - Real Madrid e Milan - têm mais títulos europeus do que os reds, que festejaram pela última vez em 2005. Assim, é do Liverpool a maior responsabilidade e a maior urgência em festejar, até porque ver o título da Premier League fugir em definitivo na última jornada, numa prova em que a equipa somou incríveis 97 pontos, é exasperante para qualquer um.
O trio maravilha está agora reposto. Salah, Mané e Firmino, todos disponíveis, todos ameaças sérias. Lá atrás, Virgil Van Dijk, para muitos o melhor central do mundo. Laterais notáveis no processo ofensivo. Falta Keita, mas não é de certeza isso que retira responsabilidade a uma verdadeira potência do futebol europeu que nunca caminha sozinha.
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Tottenham | Liverpool | |||
8 | 20 | Golos marcados | 22 | 7 |
8 | 17 | Golos sofridos | 12 | 7 |
8 | 11 | Jogos | 12 | 7 |
7 | 5 | Golos Marcados | 4 | 8 |