Há três anos na Praia da Vitória, Francisco Agatão viveu o mesmo sentimento no primeiro ano ao serviço do Praiense, quando alcançou a fase de subida, mas acabou por cair no último jogo do play-off, e tem por isso consciência de que «nada está conquistado».
«O primeiro grande objetivo da época foi alcançado. Fruto de muito trabalho, disponibilidade e atitude que os jogadores quiseram colocar em campo. Mas temos de ter noção de que ainda não ganhámos rigorosamente nada», analisa o treinador de 58 anos, em conversa com o zerozero.
«Temos feito por merecer estar nesta posição. A grande verdade é que fomos a equipa mais regular ao longo destas 31 jornadas já disputadas e naturalmente que encaramos este play-off como uma possibilidade muito forte de chegarmos aquilo que pretendemos. Estamos nessa luta e vamos agarrar-nos ao trabalho e ao sonho para ver se conseguimos atingir essa felicidade», sublinha.
Época | Jogos | V | E | D |
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2018/19 | 19 | 17 | 2 | - |
2017/18 | 20 | 15 | 2 | 3 |
2016/17 | 18 | 14 | 2 | 2 |
Regularidade. A palavra que melhor descreve o trajeto de Agatão no SC Praiense. Desde que assumiu os destinos do emblema da Ilha Terceira, o treinador esteve sempre a lutar por objetivos maiores e criou mesmo uma fortaleza na Praia da Vitória [ver quadro]. E nem a saída de algumas das peças mais importantes bloqueou o caminho para o sucesso.
«Explica-se tudo com trabalho e organização da equipa. Não é fácil trazer jogadores para a ilha e temos de escolher muito bem entre aqueles que querem vir porque damos muito valor ao lado humano, além do lado profissional. Felizmente, temos conseguido acrescentar qualidade aos jogadores açorianos que temos aqui e isso permite-nos ter esta regularidade», explica.
Ponto prévio. Francisco Agatão não esconde que o regulamento foi conhecido no ínicio da temporada e por isso não pode/deve servir de desculpa. Contudo, o treinador não deixa de discordar com um modelo «injusto» e que pode mesmo colocar em causa todo um ano de trabalho.
Francisco Agatão Campeonato de Portugal Série D 18/19 |
«Falo do Praiense, mas poderia estar aqui a falar do Vizela, por exemplo. Uma equipa que demonstra esta regularidade deveria ser premiada com a subida e não com uma ida a um play-off, pois uma equipa que termina a 10 ou 11 pontos do primeiro classificado pode ter a sorte e subir de divisão. São coisas injustas, que nos custam imenso, mas não podemos fazer nada. Só temos de preparar-nos para conseguir o objetivo», sustenta.
«As pessoas que estão atrás da secretária têm dado mostras de que deveriam estar mais no terreno para chegarem ao melhor formato para esta prova», remata.
2000. Ano da primeira experiência no arquipélago dos Açores, mais concretamente no Santa Clara. De sucesso! Seguiram-se vários anos no Operário de Lagoa e agora o SC Praiense, com algumas interrupções pelo meio. Em suma, quase 15 anos de trabalho nos Açores para este alentejano de gema.
P | J | V | E | D | ||
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1 | SC Praiense | 71 | 31 | 22 | 5 | 4 |
2 | Oriental | 61 | 31 | 17 | 10 | 4 |
3 | Real | 60 | 31 | 17 | 9 | 5 |
4 | Olhanense | 57 | 31 | 17 | 6 | 8 |
5 | Casa Pia | 55 | 31 | 18 | 1 | 12 |
6 | Amora FC | 54 | 31 | 16 | 6 | 9 |
7 | 1º Dezembro | 48 | 31 | 13 | 9 | 9 |
8 | Armacenenses | 45 | 31 | 11 | 12 | 8 |
9 | Olímpico Montijo | 43 | 31 | 12 | 7 | 12 |
10 | Sp. Ideal | 43 | 31 | 11 | 10 | 10 |
11 | Louletano | 41 | 31 | 9 | 14 | 8 |
12 | Pinhalnovense | 39 | 31 | 10 | 9 | 12 |
13 | Sacavenense | 39 | 31 | 10 | 9 | 12 |
14 | Vasco da Gama Vidigueira | 36 | 31 | 10 | 6 | 15 |
15 | Angrense | 30 | 31 | 7 | 9 | 15 |
16 | Moura | 26 | 31 | 6 | 8 | 17 |
17 | Ferreiras | 17 | 31 | 3 | 8 | 20 |
18 | Redondense | 2 | 31 | 0 | 2 | 29 |
«Muito feliz por proporcionar alegrias a estas gentes. Merecem! Estão longe dos grandes centros, têm muitas dificuldades ao contrário do que se possa pensar…», acrescenta.
A subida seria então uma forma de retribuir tudo aquilo que os Açores lhe têm dado ao longo dos anos? «Sem dúvida!»
«Já tive a felicidade de ser campeão no Santa Clara, em 2000. No Operário [de Lagoa] fizemos um bom trabalho e agora estamos aqui há três anos na Praia da Vitória. Por tudo aquilo que temos feito, gostaríamos de colocar a cereja no topo do bolo: conseguir a subida de divisão. Vamos ver se é possível. Pelo menos determinação, empenho, vontade e profissionalismo vamos apresentar. Depois a bola é redonda e não sabemos o que pode acontecer», finaliza.
3-1 | ||
João Peixoto 10' (g.p.) Sérgio Teles 57' Vladimir Forbs 72' | Rúben Ribeiro 75' (g.p.) |