À Martelada e sem pena dos Young Lions

Meio jogo de sol, meio jogo de noite agradável e um ainda mais agradável triunfo por 1x0 no último grande teste da seleção sub-20 de Portugal antes da participação no Mundial, a disputar na Polónia. Em Penafiel, e perante bancadas com poucos lugares vazios, uma equipa lusa recheada de mudanças venceu a Inglaterra, que detém o título mundial (como seria de esperar, já não tem neste escalão as grandes figuras dessa conquista), e mostrou que há talento em toda a comitiva atual, não só na equipa mais provável para a participação na prova de maio.

Tal como a Inglaterra, vinda de uma derrota contra a Polónia, também Portugal tinha perdido o encontro anterior (1x0 frente à Alemanha), mas não terá sido por isso que Hélio Sousa promoveu uma revolução no onze. É altura de testes, de ver todas as alternativas disponíveis em ação, e daí a decisão drástica: onze caras novas em comparação com o jogo anterior.

Diogo Costa na baliza, uma defesa com Thierry Correia, Diogo Queirós, David Carmo e Francisco Moura, um meio-campo a três com Nuno Henrique, Gedson Fernandes e Nuno Santos e a frente de ataque com Martelo no centro, Jota e Trincão nas alas. Quatro jogadores do Braga (David Carmo, Moura, Trincão e Martelo, este último cedido pelo Deportivo), mais uns quantos jogadores dos três denominados grandes. E do lado oposto, caras relativamente conhecidas: Ronaldo Vieira, médio de origem guineense mas também com identidade lusa, ou Joe Willock, irmão de Chris Willock, que se mostra no Seixal.

Sinal mais apesar de um susto

Há qualidade nas duas equipas (apesar de muitos jogadores de destaque desta faixa etária já terem dado o salto para escalões acima), mas eram os portugueses quem mais procuravam agitar o jogo desde cedo. As alas ofensivas, com Trincão e Jota, eram solicitadas com frequência, e se foi o jogador do Braga que começou por tentar criar lances de golo vieram depois oportunidades para o avançado do Benfica abrir o marcador. Já depois de Nuno Santos atirar para defesa do guardião adversário, Jota recebeu a bola e acertou num defesa. Mais tarde, encheu o pé para atirar de fora da área mas falhou o alvo.

Pelo meio, houve um pequeno susto que por pouco não deu num valente azar: a aliviar, Diogo Queirós acertou em Willock e a bola voou na direção da baliza de Diogo Costa, que estava atento e voou para evitar um golo que seria demasiado fortuito. Gedson também procurava mexer com o jogo a partir da faixa central e foi o pé direito dele que bateu um livre a que o guardião Balcombe respondeu com segurança.

Se for assim, dá para sonhar

Antes de acabar por baixar o ritmo do jogo e sair de campo, Trincão tentou de novo agitar no arranque do segundo tempo, mas seria o ponta-de-lança de serviço a valer a vantagem lusa, pouco depois de uma hora de jogo: num lance com erros da defesa inglesa, Gedson Fernandes roubou a bola, entregou-a a Pedro Martelo e a finalização foi à matador, deixando por fim a bola no fundo das redes e o triunfo bem encaminhado para Portugal.

Caiu a noite entre o primeiro e o segundo tempos ©Gaspar Castro

Jota continuou a mostrar-se, mostrou classe perante Ben Wilmot e atirou para defesa apertada de Balcombe, saindo de campo pouco depois perante muitos aplausos. Uma das figuras do jogo, sem dúvida, e só faltou mesmo o golo.

Com o passar do tempo, Hélio Sousa deu mais tempo de jogo a jogadores como Diogo Dalot, Florentino Luís, Domingos Quina ou Rafael Leão, Portugal ainda se voltou a assustar quando Willock voltou a ameaçar - falhou o alvo -, assustou também o adversário quando Rafael Leão e Leandro Cardoso fizeram o mesmo e segurou a vantagem mínima até ao final, resistindo nos últimos momentos a uma bola que acertou na trave da baliza de Luís Maximiano (rendeu Diogo Costa ao intervalo),  ganhando assim alento na luta pelo título mundial de sub-20. É em maio, na Polónia, que estes jovens craques vão entrar em prova com os olhos postos no troféu.