Outro tropeço. Depois do desaire europeu, o Sporting não saiu do nulo nos Barreiros e perdeu a oportunidade de se aproximar bem mais do SC Braga na classificação. Num jogo com duas partes distintas, o Marítimo cumpriu a estratégia delineada por Petit - muito tempo perdido pelo meio - e conseguiu sacar um ponto precioso na luta desenfreada pela manutenção. Embora claramente superior e com mais bola, o conjunto leonino, após a mudança de sistema, cometeu vários erros e não conseguiu ultrapassar um enorme Charles na baliza contrária.
Não houve alterações nos onzes, nem no jogo que se esperava. Um Sporting com mais bola, um Marítimo aguerrido na pressão e focado em fechar espaços. A primeira parte nos Barreiros teve pouco sal. Mais bola para os leões, mais remates e mais iniciativa, mas as ideias, quando existiram, esbarraram nas luvas de Charles. O brasileiro defendeu um forte remate de Bruno Fernandes e, mais tarde, uma jogada bem desenhada que Rúben Ferreira quase desviava para a própria baliza.
Até ao fim dos 45 minutos, pouco ou nada mais a acrescentar. Do lado verde e branco, a posse não se traduziu em grandes oportunidades - a ânsia de procurar os pés de Bruno Fernandes foi mais do que evidente - e, do lado verde-rubro, a preocupação em não criar desiquilíbrios evitou aventuras no ataque.
Keizer apercebeu-se da apatia e mudou o panorama de forma radical. Nem poupou tempo. Raphinha e Doumbia saltaram para campo no início do segundo tempo e a exposição tática dos leões passou à mais familiar e utilizada nos primeiros tempos do holandês: o 4x3x3. Bastaram, por isso, poucos minutos para o Sporting ameaçar de novo as redes contrárias. Diaby, numa bela combinação com Dost, atirou por cima. A partir desse preciso momento, tal era o desespero de chegar à vantagem, a formação visitante começou a expôr-se mais ao erro. E quase pagou a fava.
Edgar Costa, num livre que tirou Coates do próximo jogo, atirou ao lado com perigo e, minutos mais tarde, nova chance para os madeirenses. Renê, através de um passe genial, descobriu Edgar Costa na ala - Ristovski mais uma vez ultrapassado - e o extremo obrigou Renan a defesa apertada.Ainda assim, Raphinha justificou a aposta. Desequilibrou no 1x1, correu, trouxe criatividade e sofreu várias faltas perigosas. Um delas quase deu golo de Bruno Fernandes, na cobrança de um livre direto. O brasileiro, para além do minuto 70, de cabeça, quase marcou, mas recebeu uma nega por parte de um compatriota, autêntico gigante entre os postes, em grande destaque.
Charles acabou por se tornar, inevitavelmente, na principal figura da partida. Segurou um ponto precioso - perdeu demasiado tempo, é certo - e ainda foi protagonista na expulsão de Coates que motivou uma grande confusão antes do apito final.