Não se pretende qualquer desprimor para com as alternativas aos goleadores habituais, mas o célebre ditado diz que «quem não tem cão, caça com gato» e para encontrar o caminho para o golo entre o breu da noite de Tondela - arranca pelas 21h15, com fim previsto para lá das 23h00 - Sérgio Conceição terá mesmo de recorrer a quem, por norma, está mais abaixo na hierarquia de dominância do plantel. É para encontrar soluções que é pago, insiste o treinador, e poucos jogos serão um maior teste à capacidade para tal do que este.
Para juntar a isto, há o registo ofensivo portista no João Cardoso: três visitas, dois golos marcados, duas vitórias, um empate. O saldo a nível pontual não é propriamente negativo para os portistas, mas marcar golos neste terreno tem sido tarefa árdua. Mais de um ano e meio depois da última vez, a equipa portuense volta a visitar este terreno da Beira Alta e terá de descobrir formas alternativas de somar os golos que não têm abundado por estes lados.
Aboubakar de fora, Marega de fora, Soares de fora (o único castigado), Brahimi em dúvida. Falamos da questão ofensiva, claro, porque há também Danilo Pereira fora de combate e também nessa zona do terreno terá de avançar um plano alternativo. Comecemos, então, pelo ataque: na zona central, Fernando Andrade é forte candidato à posição mais desfalcada, até porque, sem ter uma média de golos brilhante - dois golos em 11 jogos, nove deles saído do banco -, deu por várias vezes boas indicações. André Pereira marcou três em 20 jogos, já com 11 partidas a titular, e não tem conseguido esconder algumas limitações na finalização. E não podemos esquecer Marius: melhor média de golos do que os restantes dois, mas em apenas dois jogos. O avançado natural do Chade seria de longe a aposta mais ousada, até porque vem de lesão.
Afastando-nos do centro do ataque mas mantendo-nos na missão dos golos, o espanhol Adrián mantém-se como forte candidato à posição de Brahimi, caso o argelino não recupere até aos níveis necessários - na véspera do jogo, ainda não estava «a cem por cento» - e Corona parece indiscutível quando disponível. A respeito do mexicano, um fator de curiosidade: repetirá a presença em zonas mais interiores ou voltará a ter o olhar quase fixo no corredor? Por sua vez, Otávio não esteve ao seu melhor nível no último jogo mas as características do seu futebol abonam a seu favor e Hernâni tem sido arma guardada no banco mas é hipótese se Conceição quiser velocidade desde cedo.
Continuamos da frente para trás, porque não? Danilo voltou a ser traído pelo tornozelo, obrigando a mudanças também a meio-campo, e se há quem espere oportunidades de somar minutos que não abundam - Loum, a alternativa direta ao português, e Bruno Costa - há também a já utilizada solução do duplo médio-centro com Herrera e Óliver, seja com o espanhol a recuar mais do que o mexicano (já aconteceu) ou com o mexicano a protagonizar a luta pela recuperação de bolas. Sem quaisquer certezas, porque não lemos a mente do treinador, é nesta dupla de língua castelhana que apostamos para o onze, mas porque não juntar às contas Pepe ou Militão, jogadores com rotinas de trinco?
E é na defesa que terminamos, porque a baliza não parece ter grande discussão em jogos do campeonato, com San Iker dono e senhor do lugar. A receção ao Vitória FC trouxe a novidade de Manafá como titular à direita, o luso-guineense esteve inspirado na posição e permitiu o regresso de Militão ao eixo defensivo, onde poucas - se algumas - limitações se tinham visto entre os atributos do brasileiro. Repetir a aposta no último quarteto poderá estar dependente do nível de ameaça esperado por Conceição naquela faixa.
É verdade que os homens de Pepa só venceram um dos últimos seis jogos na Liga, mas em Tondela a história tem sido bem diferente: cinco vitórias nas últimas seis receções, duas dessas vitórias já em 2019 e contra equipas vários patamares acima dos tondelenses: Sporting e Vitória SC. Contra o líder do campeonato, o fator casa terá de valer como nunca.
E continuando em verdades absolutas: sim, o FC Porto só marcou duas vezes em três jogos por aqui, mas o Tondela nunca marcou em casa aos portistas. Aliás, em todos os sete jogos que as equipas disputaram entre si vimos apenas um golo auri-verde: Luís Alberto, que está já longe da Beira Alta, foi o autor do feito.
É a defesa que tem sido virtude nos confrontos com os dragões (com Cláudio Ramos a comandar na baliza, claro está), mas é apenas neste setor que a equipa apresenta baixas para este encontro: Jorge Fernandes, emprestado pelo FC Porto, não entra nas contas e deve ser rendido por Ricardo Alves, o lesionado David Bruno mantém o marroquino Fahd Moufi no onze titular.
De resto, analisar o futebol tondelense leva a algumas conclusões em particular: o habitual duplo pivô - com Bruno Monteiro e Jaquité - ajuda a estancar as tentativas adversárias, a qualidade técnica existente na zona de construção ofensiva não é de ignorar, como não é de ignorar o pé esquerdo de Xavier na procura de linhas de passe, e Tomané atravessa a melhor temporada a nível de golos.
E para terminar, uma outra conclusão que não é difícil de tirar: a equipa do Tondela é agressiva, intensa. Disse-o Pepa várias vezes, di-lo o capítulo disciplinar (que, para o treinador, tem sido excessivo). São já dez expulsões, mais do que em qualquer outra equipa, e se a legitimidade das mesmas tem sempre margem para debate é bem visível que o Tondela não entra em campo para brincar.
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Tondela | FC Porto | |||
8 | 13 | Posição | 1 | 7 |
8 | 23 | Pontos | 54 | 7 |
8 | 26 | Golos marcados | 44 | 7 |
8 | 33 | Golos sofridos | 12 | 7 |
22 | Jogos | 22 | ||
8 | 8 | Golos Marcados | 10 | 7 |