Dos assobios aos aplausos, dos lenços brancos às vitórias. Será este um Sporting de duas caras? Não sabemos, mas a verdade é que depois de uma exibição horrível diante do Villarreal, a equipa de Keizer respondeu à altura e com um triunfo por 3x0 diante do Sporting de Braga conseguiu a aproximação ao terceiro lugar e complicou bastante as contas da equipa bracarense no que ao título diz respeito.
Mudança tática, regresso de Bas Dost aos golos e aquele Bruno Fernandes que tem carregado a equipa às costas, este domingo com mais ajuda. Foi muito isto o encontro entre leões e arsenalistas. Muito isto e muito pouco Braga. A equipa de Abel não conseguiu responder à surpresa leonina e acabou o jogo sem qualquer remate à baliza de Renan. Terá a responsabilidade sido um fardo demasiado grande para os minhotos?
Se algo está a correr mal é preciso haver mudanças. Após a derrota com o Villarreal, os adeptos sportinguistas foram claros ao apontar uma alteração, a alteração técnica. Keizer quis mostrar aos seus adeptos que esta ainda não era a hora de saída e que havia capacidade para mudar, mesmo mantendo uma equipa idêntica à utilizada nos últimos jogos para o campeonato. Mudanças? Três defesas e liberdade total para Bruno Fernandes e Diaby. Ninguém estava preparado, muito menos Abel Ferreira.
O Sporting de Braga chegava a Alvalade com intenções de continuar a exercer pressão sobre o primeiro lugar e de acabar finalmente com as ideias sportinguistas sobre um possível terceiro posto, mas os bracarenses deixaram-se surpreender e mostraram que não estavam preparados para esta nova cara do leão.
O início parecia mais do mesmo, mas só os mais desatentos sentiam isso. Diaby aparecia em terrenos raros de se ver e Gudelj parecia outro. As incursões de Ristovski pela direita deram a pista que faltava. Os laterais eram alas e a mudança tática parecia estar a encaixar que nem uma luva nas características dos jogadores leoninos. Esta noite, não era Bruno Fernandes e mais 10. Esta era um noite de Sporting, mas não o de Braga.
Forte na recuperação e de linhas bem subidas, a equipa de Keizer causou sempre desconforto nos arsenalistas e os homens da frente andavam desaparecidos, porque a bola também andava distante. O silêncio e assobios nos primeiros 12 minutos de jogo, por mais um protesto das claques, foi, aos poucos, transformando-se em aplausos e entusiasmo.
Finalmente, diriam os adeptos sportinguistas. Mas de nada valia a nova postura sem que dela resultassem golos, não é verdade? Mesmo perante um coletivo mais forte, voltou a ser o génio da lâmpada a garantir o primeiro desejo. Livre bastante descaído para a direita e golaço de Bruno Fernandes. Sorrisos na face daqueles que pediam, nos últimos dias, atitude. Em contraste, do outro lado havia uma expressão fechada. Este não era o Sporting de Braga que todos falavam e Abel sabia disso. Os caminhos para o ataque de que o treinador tem falado foram tapados e cabia a Abel traçar uma nova rota para a sua tripulação de Guerreiros.
Os bracarenses até podem ter ficado a analisar o mapa nos balneários ou a consultar o Waze, mas Keizer tinha mesmo bloqueado o sinal de GPS à equipa arsenalista, que na segunda parte procurou outras ideias mas nem assim conseguiu encontrar forma de ameaçar a baliza de Renan, que acabaria por ter, talvez, a noite mais tranquila desde que chegou a Alvalade - o Sporting de Braga acabou sem qualquer remate à baliza.
Perante tamanho bloqueio arsenalista, o Sporting aproveitou os espaços que foram aparecendo no setor defensivo da equipa de Abel para ganhar conforto e confiança para repetir a exibição nos próximos encontros. Diaby, aquele que, taticamente, evoluiu mais com o papel que lhe foi entregue, não encontrou um caminho qualquer, mas sim uma auto-estrada e só acabou travado em falta por Claudemir, já dentro da área. Minutos depois, ouvia-se AC/DC em Alvalade. Bas Dost estava de volta aos golos, mas o holandês e o Sporting queriam mais.
Abel procurou a reação, Dyego Sousa e Wilson Eduardo apareceram mais em jogo, mas não havia escapatória para o muro leonino e quando a solidez defensiva está no ponto, lá aparece quem resolva. Bruno Fernandes, uma vez mais, assistiu Bas Dost para mais um golo que pode ser importante para a confiança do holandês, mas não só. Esta vitória serviu como uma injeção de confiança para os adeptos e jogadores leoninos, que acabaram o encontro num domínio completo sobre a formação bracarense e que, ao contrário do que aconteceu quinta-feira, saíram de Alvalade debaixo de uma forte ovação.
Uma vitória com muito significado para a equipa de Keizer, mas ainda mais para a de Abel. Uma vez mais, os bracarenses acabam por perder pontos num jogo de maior exigência e a questão do título fica mais complicada. Cinco pontos para o primeiro lugar são recuperáveis, mas se a tarefa já era difícil...