Rui Vitória concedeu a primeira entrevista desde que deixou o comando técnico do Benfica. O antigo treinador dos encarnados assinou, recentemente, pelo Al Nassr, da Arábia Saudita, mas, em declarações à TVI começou por fazer o balanço da sua passagem pela Luz.
«Houve aspetos menos positivos, mas também positivos, que têm de ser realçados. Deixou-me um grande orgulho e na altura aos benfiquistas também. O que não correu bem: tentámos levar este barco a bom porto, houve vontade das duas partes para conseguir o trabalho que tínhamos pensado, mas nesta fase final havia desgaste. Era um desgaste generalizado. Já tinha falado com o presidente para pensar na melhor solução. Em conjunto inicialmente pensámos na continuidade e depois chegámos a esta decisão. Pus o lugar à disposição. Foi um acordo das duas partes, mas eu coloquei o presidente à vontade para decidir. Entendemos que era terminar o ciclo e seguir caminho», afirmou o técnico, sublinhando que «admite claramente» regressar ao Benfica mesmo em outras funções: «Gosto de ter uma visão alargada por aquilo que é um clube, por aquilo que um clube tem de implementar. Sobre tudo o que são aspetos organizacionais. O futuro a Deus pertence».
Rui Vitória 8 títulos oficiais |
«De forma genérica sim, nesta fase final não tanto. Nesta parte final, em determinados momentos houve uma maior influência vinda do exterior e senti-me em determinados momentos mais sozinho. Em algumas conferências de imprensa tive de posicionar-me perante situação que não as mais importantes, que era a equipa. E por isso o desgaste enorme, perante os sócios, com o Rui Vitória a responder a aspetos que poderiam ser evitados», revelou.
A questão do caso E-Toupeira e dos emails também foi abordada e o ex-timoneiro das águias falou de um «menor sentido de união».
«Fez com que eu fosse a cara do Benfica. Tenho de ser, porque apareço muito em público, mas é evidente que quando começam a surgir notícias de fora... Podia ir de frente, quase respondendo o que o clube precisa de ser respondido. Mas independentemente do que se passava, tinha de levar os jogadores para a frente. Aquilo que me guiava era guiar a equipa e manter o equilíbrio. E perante tanta coisa era natural algum desgaste. Posso afirmar que andámos desde o ano passado com menos sentido de união» reforçou.