O dia de todas as decisões. Não deu em Buenos Aires, deu em Madrid. A segunda mão da inédita final argentina da Libertadores decorreu na capital espanhola num ambiente de grande festa e confraternização entre dois eternos rivais. E nem as maiores estrelas do futebol mundial escaparam: Lionel Messi, Antoine Griezmann, James Rodríguez, Nico Gaitán... todos eles marcaram presença na capital espanhola. O brilho seria diferente no Monumental, é certo, mas o fatídico 24 de novembro desapareceu, por momentos, da mente de todos. Jogava-se um River Plate x Boca Juniors, El Superclásico, o jogo de todos. O jogo que parou o mundo.
Para que a conversa não se alongue muito, convém referir que a Taça Libertadores tem um novo dono. O River Plate conquistou a quarta da sua história e proclamou-se, uma vez mais, rei do futebol sul-americano.
Se lhe falarmos em emoção, nervosismo e algum jogo feio pelo meio, a surpresa não será muita... até porque a primeira parte teve tudo isso. E mais Boca, também.
O River, de Gallardo, deixou amostras de grande sofrimento. A primeira fase de construção, levada a cabo por Enzo Pérez e Leonardo Ponzio praticamente não existiu. A disponibilidade era pouca e as movimentações limitadas de Pity Martínez e Palacios, os principais desiquilibradores, condicionaram, por completo, o jogo da equipa que só por uma ocasião - Nacho Fernandez à cabeça - ameaçou a baliza de Andrada.
A insistência deu os seus frutos e adivinhe lá quem é que fez das suas. Dario Benedetto, pois claro. Uma sequência de más decisões dos Millonarios - aconteceu frequentemente durante o primeiro tempo - bastou para que se produzisse um contra-ataque letal. O camisola 18 tirou Maidana do caminho com tremenda classe... e fez o que tão bem sabe. A festa, ao intervalo, fez-se em tons de azul e amarelo.
Marcelo Gallardo identificou o problema no mecanismo e o River Plate reentrou com uma estratégia completamente distinta. Muito mais intensa, a formação branca e vermelha importunou o rival durante grande parte dos 45 minutos. Atrevido no ataque, procurando explorar as costas da linha defensiva xeneize, e bem mais equilibrado no setor mais recuado, o River assumiu o jogo e empurrou o Boca para trás. Uma espécie de inversão de papéis que deu frutos, não fosse a tremenda pressão efetuada já com Quintero em campo.
Aos 68 minutos, e através de um envolvimento coletivo sensacional, Lucas Pratto estabeleceu o empate e apimentou, ainda mais, a batalha. Até ao último suspiro, o nível continuou tão alto que a fadiga não deu tréguas. As pernas tremiam, as cãibras não paravam de surgir, mas o jogo prosseguiu para prolongamento.
Senhoras e senhores, a 59ª edição Libertadores é do River Plate. O museu do Monumental vai exibir, a partir de agora, a quarta peça de prata mais prestigiada da América do Sul.