Na primeira parte da entrevista, o médio abordou o primeiro impacto por terras de Sua Majestade, inserido num Nottingham Forest que quer voltar à Premier League e que ocupa os primeiros lugares do Championship.
Vem aí um Boxing Day e, a abrir janeiro, há jogo em Stamford Bridge contra o Chelsea, para a FA Cup, na primeira oportunidade de a generalidade dos adeptos em Portugal verem o estado atual de João Carvalho pelo novo clube.
A adaptação também foi tema de conversa, por parte de um jogador que é líder de assistências no Championship e no qual os adeptos depositam muitas expectativas, mas que não tem prazo definido para chegar à ambicionada Premier League.
Que tal essa nova experiência? Estás numa realidade diferente, mas muito próxima do futebol de topo mundial.
Está a correr bem, como disseste isto está perto do topo mundial. Estou a habituar-me bem, comecei com o pé direito e a fazer boas coisas. É um futebol com paixão e agressividade, que era um dos defeitos do meu jogo. O clube foi excelente comigo, há também vários portugueses na equipa, o que facilita, e em termos desportivos estamos dentro do objetivo, portanto temos tudo para acabar bem.
Sei que já cantam o teu nome. Como é essa simbiose com os adeptos?
Têm sido incríveis, cantam várias vezes o meu nome e esse é um bom barómetro para eu perceber que as coisas correm-me bem. A minha transferência foi por valores altos e há sempre essa expectativa, mas acho que tenho correspondido.
Pegando nisso, e sabendo que o jogador português está na moda no Championship, o facto de teres tido um custo próximo do que custou o Rúben Neves é um peso negativo para ti?
Isso não me afeta. O Nottingham podia pagar isso por mim e achou que o devia fazer, a achar que talvez no futuro possa valer mais, e eu tento retribuir. Claro que, depois da campanha do Wolverhampton e do Rúben Neves, pelo valor que custou, claro que surgem comparações. Ele foi fantástico, talvez o melhor da Liga, eu só quero ajudar a equipa e logo se vê no final. Espero que aconteça a mesma coisa, seria bom sinal, mas não estou a pensar nisso nesta altura.
Colocaste algum prazo para chegares à Premier League?
Eu vim este ano com o clube a dizer desde o primeiro dia que era para subir. Temos andado no topo, ainda só vamos em dezembro, mas acredito que podemos conseguir esse objetivo. Se não der esta época, devo continuar aqui, a trabalhar e a evoluir para um dia chegar lá. Acho que estou perto disso, mas não dou datas ou limites, até porque acho que estou perto desse passo e, se ainda não o dei, é porque talvez ainda não esteja pronto para isso.
És o jogador com mais assistências no campeonato. O que é que isso representa para ti?
Muito, claro. Vinha de uma época em que não joguei muito no Benfica e é normal que os números nos tragam outra confiança, pois todos os jogadores precisam de minutos para mostrar o que pode valer. Tenho jogado muito, há muitos jogos e tenho conseguido retribuir com assistências e golos, mas mais importante é estarmos lá em cima.
Vais viver pela primeira vez um Boxing Day. Estás entusiasmado ou desanimado por não poderes estar com a família?
É um misto de coisas, claro, mas acho que estou mais ansioso do que triste. Isso é algo que tem muita história aqui em Inglaterra e quero jogar todos os jogos até janeiro. São muitos, sei disso, mas não quero perder isso, pois é com estádios cheios e grandes ambientes. Claro que é negativo não poder estar com a família quando ela se junta, mas por agora tenho de fazer esse sacrifício. Tenho aqui a minha namorada e estamos a ver se os meus pais vão conseguir cá vir.
Depois desse período, tens um jogo contra o Chelsea para a mítica FA Cup, que é um momento com outro mediatismo. Tens pensado nisso?
Sim, pensei muito quando saiu o adversário. É um clube com história aqui em Inglaterra e todos querem jogar em Stamford Bridge, um palco onde já atuaram grandes jogadores.
Em termos de quotidiano, como tem sido a adaptação?
É uma realidade totalmente diferente, a começar pelo clima. Aqui às 4h já começa a ficar de noite e já não te apetece sair de casa. Depois, há a parte da comida, que não é o forte de Inglaterra nem desta cidade. Felizmente, estão aqui muitos portugueses e juntamo-nos com regularidade para nos divertirmos. Temos muito tempo livre e aproveitamos isso para não pensarmos tanto neste clima algo triste. Existem festas, coisas para fazer e não pensamos muito nesse lado negativo.
Sentes falta do gosto português?
Sim, normal. Aqui é muito à base da fast-food, também muita comida italiana e é um pouco isso.
Parte II - Portugal fora do Euro de sub-21: o que falhou, segundo o capitão
Parte III - João Carvalho: «Tive a minha oportunidade e não a agarrei»