O jogo do Sporting no Fontelo foi um momento especial e memorável para o clube de Viseu, mas foi igualmente marcante para os leões, que viram a primeira versão da equipa com Marcel Keizer no comando. Durante 90 minutos, o zerozero observou com pormenor o treinador holandês e traçou-lhe um raio-x.
Desde logo, salta à vista que Marcel Keizer é homem de poucas palavras, de curta expressão e sorriso ausente. Até na conferência de imprensa se percebeu facilmente que o holandês não prima por grandes subterfúgios, antes é simples e direto. Introvertido, fechado, mas sempre ligado, o técnico de 49 anos apresentou ainda vários sinais de enfrentar um mundo novo, para o qual ainda precisa de algum caminho até chegar à fase de transmitir confiança para fora. Não foi o caso, visto ter sido a sua primeira aparição.
E houve, no campo, um jogador mais solicitado do que qualquer outro: Nemanja Gudelj, homem mais recuado do meio-campo, foi o jogador que o técnico preferiu para dar indicações, quer após o mau começo, quer depois do 1x2. E o facto é que tal coincidiu com melhorias na equipa.
Keizer começou sentado, mas foi um verdadeiro trampolim a sua prestação no banco. Aos 1:07 saiu pela primeira vez do lugar e foi em frente. Pouco depois, mandava imediatamente Jovane para aquecimento quando Dost caiu no relvado, mas logo depois hesitou e o 77 ficou de pé, sem direção, até se voltar a sentar.
Na meia hora seguinte, esteve bastante tempo de pé, mas sem interagir quase nada com os jogadores. Protestou uma vez ou outra, inclinou-se para trás de braços abertos quando Nani atirou por cima uma recarga após remate de Bruno Fernandes que Ruca defendeu, passeou pela sua área técnica sem exuberância ou mudanças radicais de comportamento.
O holandês interagiu com os jogadores que entraram no decorrer da segunda parte, mas sempre de forma fugaz, já depois das indicações serem dadas pelos adjuntos.
Num jogo onde, quando entrou, não mostrou grande expressão emocional para com as bancadas, tal também não se viu no fim e esse é um aspeto a reter.
O fim trouxe os habituais cumprimentos [ver com detalhe no vídeo acima]. O banco foi de uma ponta à outra, depois a ida para o relvado, onde o holandês se dirigiu à equipa de arbitragem com a mão estendida e ainda a Rogério Sousa, treinador adversário. Em seguida, rumou aos balneários, enquanto os jogadores se dirigiram aos adeptos. Uma situação que rompe com o comportamento standardizado, mas que se entende pelo que Keizer mostrou na forma de encarar o jogo. Até porque, na conferência de imprensa, houve espaço para agradecer à plateia e também para mostrar surpresa e satisfação com o forte apoio num jogo fora de casa.
1-4 | ||
Diogo Braz 44' | Bas Dost 42' 71' Bruno Fernandes 64' Abdoulay Diaby 73' |