Ufa! Mais de um ano e meio depois, o Benfica saiu da Liga dos Campeões com um triunfo, conquistado em Atenas, por 2x3, sob uma aura de muito sofrimento, alguma ponta de sorte e um herói improvável.
A equipa de Rui Vitória até entrou bem, com dois golos marcados e controlo quase total das operações, mas a expulsão de Rúben Dias teve o condão de confirmar aquilo que parecia uma certeza: a noite teria que ter (muito) sofrimento. Salvaram-se três pontos, pelo menos.
O primeiro lance da partida dava sinais de uma equipa ainda desconfiada de si própria depois do empate em Chaves, mas os primeiros minutos retiraram qualquer tipo de dúvida acerca da melhor equipa, em teoria .Sem deslumbrar logo desde o princípio, a equipa de Rui Vitória colocou a bola no chão e precisou de menos de 15 minutos para chegar a uma vantagem de dois golos. Primeiro, foi Seferovic a aproveitar uma recarga, antes de Grimaldo (imagine-se) finalizar de cabeça um belo cruzamento de Pizzi. Pelo meio, um par de erros grosseiros da defesa grega e mais uns quantos sustos para Barkas. Superioridade, portanto.
Com uma vantagem mais do que confortável, o Benfica retirou o pé do acelerador. A controlar com maior ou menor inteligência, os encarnados nem sempre conseguiram afastar o perigo da baliza de Vlachodimos, que, com o decorrer dos primeiros 45 minutos, foi passando cada vez menos bem.
Nos últimos 15 minutos do primeiro tempo, houve pouco jogo encarnado no meio-campo grego, antes uma desorientação geral em como lidar com a reação do adversário. Sem grande brilhantismo, o AEK criou um par de boas ocasiões, a segunda das quais defendida com brilhantismo por Vlachodimos. Para piorar, só mesmo a expulsão tão justa como infantil de Rúben Dias. Um cenário positivo transformado em algo preocupante, portanto.
Em inferioridade numérica, o Benfica entrou na segunda parte com mais um central e menos um extremo, mas com as mesmas dificuldades dos últimos minutos da primeira parte. Sem conseguir controlar minimamente os avanços do lateral esquerdo Hult, os encarnados caíram como um castelo de cartas daqueles muito frágeis, com dois golos sofridos em menos de 20 minutos (marcados pelo mesmo Klonaridis) e uma ideia de total apatia e caos tático.
No mesmo minuto, Alfa Semedo, num lance de crença e força inesgotáveis, decidiu enfrentar o rival grego e colocar a redondinha lá dentro da baliza de Barkas, também ele, porventura, surpreendido com a qualidade de meia distância do antigo jogador do Moreirense. Ele já a tinha testado...e na altura também deu golo, no palco da International Champions Cup. Nunca é só pré-época...