Do pesadelo à quase glória. A época 2017/18 ficou na história do Fabril Barreiro pelos melhores e piores motivos, já que o emblema do distrito de Setúbal desceu de divisão e chegou à final da Taça de Portugal. Situações que originaram uma espécie de verão quente (veja aqui e aqui) no Barreiro...
Para 2018/19, a realidade do Fabril é bem distinta. Sem qualquer jogador do ano transacto e com uma equipa totalmente nova, o histórico do Barreiro começa praticamente do zero, intimamente ligado ao clube, com a manutenção na II Divisão na mira e com... uma Supertaça para disputar.
Pela frente, o Fabril terá o tri-campeão nacional Sporting e João Reis, membro da equipa técnica do Fabril, falou ao zerozero sobre a preparação de um «bébé com 14 dias» para uma partida contra um dos melhores plantéis de todos os tempos do futsal português»...
ZZ: O Fabril passou por maus momentos - públicos - no final da última temporada. Como encontrou o clube?
JR: Sendo eu um fabrilista assumido (iniciei aqui nesta casa em 1983/84 a minha carreira desportiva no futebol de 11, fui o primeiro treinador deste clube nos nacionais de futsal em 2007/08, estando grato como fabrilista ao trabalho realizado anteriormente na modalidade que amo), não queria abordar os acontecimentos anteriores. A mensagem que me passaram, pelo presidente do clube no dia da apresentação, foi que teremos todo o apoio da direção. A direção quer a modalidade no clube, aumentaram os escalões de formação, existindo agora todos os escalões desde benjamins a juniores/sub-20, ao contrário dos anos anteriores, onde só existia sub-17 e sub-20. Como apaixonado da modalidade, é um orgulho ver o meu clube com todos os escalões.
João Reis: A pré-época está a correr conforme planeado. Temos um bébé em mão com 14 dias... Queremos potenciar ao máximo os atletas, para que o coletivo comece a dar os primeiros passos. O grupo tem sido brutal no compromisso, dedicação, entrega e ambição, que exige vestir a camisola deste grande clube que é o Grupo Desportivo Fabril.
ZZ: Um plantel completamente novo, o do Fabril para este ano... Tem sido complicado gerir esta situação?
JR: O plantel do GD Fabril é um bébé que tem neste momento 14 dias de vida. Que tem uma vontade enorme de trabalhar, que quer iniciar os primeiros passos como equipa o mais rapidamente possível. Mas estamos todos conscientes de que isto não é estalar os dedos e aparece tudo feito... Quem está na modalidade sabe que isto demora o seu tempo, anos e anos, e às vezes não se consegue chegar onde pretendemos. Do plantel de 15 atletas que o compõe, cinco no ano passado disputavam o campeonato de sub-20; tinha trabalhado com dois atletas, um na seleção distrital e outro como treinador-adjunto e já lá vão quase 10 épocas... Logo são métodos de trabalho diferentes, hábitos diferentes, mas estamos todos compenetrados em trabalhar e dar tudo, treino a treino, jogo a jogo, e os atletas nesse capítulo têm sido de uma entrega brutal. Este será o compromisso que todos temos, quando assinámos o contrato que nos liga ao GD Fabril para presente época desportiva.
ZZ: Qual é o objetivo do Fabril para a nova temporada?
JR: Como devem calcular, depois do que foi transmitido anteriormente, o objetivo coletivo será atingir a manutenção, que será difícil de alcançar por tudo o que foi transmitido e pela qualidade de todos os nossos adversários. O compromisso que temos perante os sócios e direção é que podem esperar deste grupo jovem e de toda a estrutura, que no final dos jogos não ficou nada para dar. Deixámos tudo, o que tínhamos e o que não tínhamos para orgulhar este grande clube do desporto nacional. Arranjar forças para minimizar todas as nossas limitações inerentes a um grupo muito jovem, todo ele novo, sem uma única renovação. Fazendo das nossas limitações forças. Se tudo isto for alcançado em todos os momentos do jogo, sabemos que os sócios do clube sentirão orgulho, fazendo do nosso pavilhão o caldeirão do Barreiro e que nos momentos menos bons da época lá estarão para nos apoiar.
JR: Sonhar faz parte da vida em todas as áreas e impossíveis não existem. Agora, o nosso objetivo é claro, pois temos os pés bem assentes no chão. Desfrutar deste momento, deixar tudo em campo e no final, ao analisarmos esta participação na Supertaça, podermos afirmar que deixámos tudo em campo, saímos do desafio mais fortes e realizarmos uma Supertaça, que é um sonho para qualquer atleta. Quem não gostaria de a realizar? Quantos atletas, no final da sua carreira, disputaram uma Supertaça sem ter representado um dos grandes?
ZZ: Como caracteriza este Sporting?
JR: Não existe nada esconder, muito menos a ocultar a realidade. Estamos na presença de uma das melhores equipas/plantéis de todos os tempos do futsal português, senão mesmo o mais forte em todos os domínios do jogo. Qualidade brutal em todos os setores... Tenho a certeza e estou convicto de que a qualidade desta equipa ao dispor da equipa técnica do Sporting, liderada pelo Nuno Dias, vai fazer com que o futsal português cresça mais. Todos irão trabalhar para destronar o tri-campeão nacional e o finalista vencido das duas últimas edições da UEFA Futsal Cup. Quanto maior for a qualidade, maior será o crescimento da nossa Liga.