Empatar a duas bolas com a Tunísia, em casa, depois de estar com uma vantagem de dois golos, não deixa boa imagem a ninguém, muito menos para um campeão da Europa. Desta vez, o adversário era mais forte e Portugal tinha a obrigação de criar outra sensação. Ela chegou, apesar do jogo ter terminado sem qualquer golo para ambas as formações.
O início foi complicado, a seleção belga demonstrou a sua força, mas nem por isso a turma de Fernando Santos se acanhou. A nota acabou francamente positiva, com fórmulas distintas de atacar o adversário e uma sólida e consistente postura lá atrás.
Com uma autêntica constelação de estrelas nas suas fileiras, a Bélgica entrou na partida a mandar, como uma forma de demonstrar, porventura, diante do campeão europeu em título, que vai á Rússia para fazer bem mais do que turismo. Muita mobilidade, muita qualidade técnica - quem tem Hazard, De Bruyne, Mertens pode ferir a mais perfeita das organizações - e muito caudal ofensivo, com Portugal a responder como podia e a tentar (sem sucesso) algumas combinações ofensivas.
Mas o pior foi passando...Com o decorrer do primeiro tempo, a seleção nacional começou a roubar o domínio territorial ao adversário, que se remeteu a uma postura de menor proatividade. A equipa de Fernando Santos, com muita mobilidade na frente - as trocas posicionais entre Gelson e Bernardo foram uma constante -, construiu uma série de lances e combinações ofensivas, que nunca tiveram o fim desejado.
Bernardo Silva, Gelson Martins e Gonçalo Guedes até criaram oportunidades flagrantes, mas a finalização não quis nada com a equipa das Quinas. Uma primeira parte de menos a mais, que mostrou várias caras da seleção nacional, com a última a exaltar uma equipa capaz de deixar boas sensações nos relvados czares. Faltava o golo para dar corpo às oportunidades.
Mesmo sem demonstrar o mesmo caudal e pujança ofensiva, a seleção belga voltou a entrar mais forte no segundo tempo. Com quatro unidades diferentes, a equipa de Martínez nunca conseguiu, ainda assim, descobrir os melhores caminhos para travar a organização competente do campeão da Europa. Para além do mais, a turma caseira sofreu ainda um forte e preocupante revés: Kompany queixou-se e saiu antes do equador da etapa complementar. Dores de cabeça, poucos dias antes do início do mais importante dos certames.
Portugal não criou os mesmos lances de perigo no segundo tempo, mas a turma de Fernando Santos não perdeu, ainda com algumas mudanças, o sentido coletivo e de organização. Com segurança atrás e criatividade e inteligência de movimentos na frente, a seleção nacional continuou no segundo tempo, com menos fulgor, é certo, com boas ideias e fórmulas para ferir o adversário, que, diga-se, poucas vezes foi na cantiga - aquando da perda de bola, a seleção belga recuava e dava poucos espaços.
O ritmo baixo passou a ritmo de treino à medida que o minuto 90 se foi aproximando e nem mesmo os quatro minutos de compensação resultaram em grandes oportunidades até ao final. Segue-se a Argélia, na Luz, antes da viagem para a terra dos czares.