ricardocunha251 25-04-2024, 12:16
O antigo internacional português Paulo Futre subiu ao palco do Pavilhão João Rocha, onde foi um dos oradores do painel "Liderança em tempos de crise" da 4.ª edição do congresso "The Future of Football", organizado pelo Sporting, para recordar um dos muitos episódios marcantes da sua passagem pelo Atlético Madrid.
Paulo Futre 11 títulos oficiais |
«Aquele dia em que soube que ia ser capitão do Atlético [Madrid] foi o pior dia que passei num balneário... Tive pânico. E, atenção, que passei por nove balneários. Tudo começou quando o presidente mais polémico do Mundo, Gil y Gil, no dia seguinte a despedir o nosso capitão Arteche, chamou-me ao gabinete para dizer que queria que eu fosse o próximo capitão. Eu disse-lhe que tinha 22 anos e que no balneário tinha colegas com 30 e tal anos e alguns que estavam ali desde a formação. "Você vai-me matar!", disse-lhe. Mas obrigou-me. Não havia hipótese», descreveu 'El Portugués'.
«Quando desci para o balneário ia a tremer. Recordei-me naquele momento de algumas palavras do meu líder e pai desportivo Manuel Fernandes. Nenhum miúdo com 22 anos, estrangeiro, está preparado. Qual líder? Não estás preparado. Estava em pânico. O presidente disse no balneário que eu não queria, mas que iria ser o novo capitão. Senti ali que os meus colegas me queriam matar. Aprendi ali que eu não era líder nenhum, mas aprendi a ser líder e a ganhar o balneário com os detalhes. Primeiro, consegui dobrar os prémios...», continuou, provocando o riso na plateia, que escutava atenciosamente a história.
«Estavámos num momento complicado e eu dava sempre a cara perante a pressão da imprensa espanhola. Comecei aí a ganhar pontos, mas sinto que ganhei todo o balneário numa situação que aconteceu com um miúdo que subiu da formação para a equipa principal - Aguilera. Começou a jogar ainda com contrato amador e começou a doer-lhe a tíbia. Foi fazer testes e foi-lhe diagnosticado um tumor na tíbia... Aquilo foi um drama para o balneário, não só para nós, como para todo o futebol espanhol», sustentou.
«O presidente disse que ia fazer um contrato com o Aguilera para cinco ou seis anos, mas as semanas passaram, o Aguilera foi operado, o tempo continuou a passar e eu sempre a dar o toque ao presidente que tinha de renovar com o Aguilera. Ele sempre a adiar... Chegou a altura de renovar o meu contrato, toda a imprensa foi chamada e tinha o contrato à minha frente para assinar. Mas quando me dá a caneta, eu digo: "Vais chamar o miúdo e o empresário, tal como prometido". Ele disse que eu não o podia chantagear, mas eu insisti nisso. Só assinava quando o Aguilera renovasse contrato», acrescentou.«Conclusão: o miúdo foi chamado e assinou à minha frente a renovação. Quando entro no balneário foi a primeira vez que vi o respeito no olhar dos meus companheiros. Senti-me pela primeira vez líder e respeitado no balneário do Atlético», rematou.