Quase duas semanas depois do levantar do troféu relativo ao EuroFutsal 2018, Ricardinho concedeu uma grande entrevista ao jornal Record, onde falou de tudo, abertamente. Da «maior conquista da carreira», do reconhecimento em Espanha e... do Benfica.
Ricardinho é, inegavelmente, um dos maiores jogadores da história do futsal. Está e estará no pedestal das grandes estrelas da modalidade durante muitos anos, acumulando títulos atrás de títulos. No passado dia 10 ganhou mais um: o maior da sua carreira.
«É mesmo a maior conquista da minha carreira, porque ganhar um título pelo teu país, pela tua seleção, é algo incrível. Depois de toda aquela caminhada dura, com muitos olhares negativos, e após aquela fase de preparação. Fizemos um percurso fantástico, ganhámos àqueles que nunca tínhamos ganho em grandes competições e fizemo-lo a bater recordes atrás de recordes. Ser recebido pelo Presidente da República, sermos recebidos como estrelas. Já o merecíamos há mais tempo. Vai ficar eternamente gravado nas nossas memórias», começou por dizer Ricardinho.
Os segredos, esses, são muitos para chegar a tão prestigiada conquista. Porém, Ricardinho salienta o espírito de grupo e particularidades que fizeram a diferença na Eslovénia.
«As pessoas focavam-se demasiado em mim, o que foi bom muitas vezes, porque conseguimos aproveitar outras qualidades que tínhamos [...] Foi a junção de muitos fatores. Alguns de nós estamos numa idade em que não sabemos se vamos poder voltar a jogar uma grande competição pela nossa Seleção e foi também o aparecer de novos jogadores, com a mente limpa», deixando ainda rasgados elogios à forma como o grupo lidou com o 'melhor do mundo'.
«Desta vez senti mais do que anteriormente algo do género ‘ok, o Ricardinho é a estrela, o melhor do Mundo, mas nós estamos aqui para o apoiar’. Parecia que me deviam algo, que não me devem, que me queriam dar este título, dá-lo a Portugal. Foi bom sentir isso. ‘Ok, ele tem os holofotes todos, mas nós estamos aqui a trabalhar’. Eu dizia sempre, ‘eu sou a cara, nos momentos bons e maus, mas temos uma equipa por trás que está com um trabalho fantástico’. Esse foi o alicerce desta grande estrutura para chegarmos ao título de campeões europeus», explicou.
«Ganhámos [Benfica] a UEFA em 2010 e ganhei o melhor do Mundo. Toda a gente associa isso ao Japão. Fiz duas grandes temporadas no Nagoya, ganhei todos os títulos, era o melhor marcador e melhor jogador. Estava no top 10, mas nunca chegava para isso. Porque estava no Japão, porque ‘ele é bom é ali, queremos ver noutra liga’. Quando cheguei a Espanha, ajudei o Inter a conquistar títulos e começar a conquistar corações dos espanhóis. Ainda há pouco tempo me fizeram sentir emocionado quando cheguei ao clube e vi o reconhecimento dos espanhóis a darem os parabéns a Portugal. É algo que não é fácil de sacar de pessoas tão patriotas como eles são! Tive de ir para a melhor liga do Mundo para ter esse reconhecimento. Aqui dão-te um ponto, lá dão 5 por cada coisa que fazes. O melhor troféu que podes ter é o reconhecimento dos espanhóis, dos treinadores, dos jogadores teus adversários e dos teus companheiros de equipa», lembrou.
Para finalizar, não podia deixar de faltar a já muito conhecida pergunta sobre o regresso a Portugal... e ao Benfica.
«[Regresso a Portugal] Não acredito, infelizmente não acredito muito que isso possa acontecer. Obviamente existe sempre a vontade de voltar a casa, estar mais próximo da família, dos filhos, dos amigos. Mas a carreira de desportista é assim mesmo. Sou profissional e para onde tiver de ir, vou. Estou na melhor liga do Mundo, no melhor clube do Mundo, e enquanto me quiserem ali, é lá que devo continuar. Sou ambicioso, quero ganhar muitas vezes a bola de ouro, títulos, e ali estou mais próximo. Mas se voltar a casa, voltarei com um sorriso na cara», começou por dizer, respondendo depois sobre um eventual convite do... Sporting.
«Não sei, sinceramente não sei. Respeito muito o Benfica, queria muito se um dia voltasse a Portugal estar no Benfica. Mas quando vais casar, os dois têm de dizer sim», concluiu.