Tem 20 anos e o seu nome ainda é pouco conhecido por Portugal, mas Paulo Alves, ou Paulinho (para ele, tanto faz), joga no Liverpool há três anos. Com uma história futebolística que se mistura entre o FC Porto e o clube de Anfield, foi na rápida passagem pela Sanjoanense que tudo mudou na sua carreira.
Hoje, acalenta a esperança de jogar pela equipa principal dos reds (já esteve no banco uma vez) e é em Inglaterra que quer construir carreira, depois de um começo onde Sturridge teve uma atitude que o marcou.
Em conversa com o zerozero, na antecâmara do duelo entre o seu primeiro clube e o seu emblema atual, o médio português contou as dificuldades que passou quando teve que emigrar sozinho, ainda como menor, e a forma como se sente realizado por estar na terra dos Beatles.
Começamos por falar do Paulo Alves que está em Anfield. Pedia que nos contasses essa aventura aí em Inglaterra.
Já é o terceiro ano que aqui estou, cheguei com 17 e tenho 20. É uma experiência muito boa estar no Liverpool. Tenho muito orgulho, todos os dias que vou para a Academia, em pertencer a este clube. Já vivenciei muito boas experiências, como jogar em Anfield, ser convocado para a primeira equipa, para um jogo da FA Cup. Não joguei, mas está a ser ótimo. De momento, estou lesionado, mas isso são coisas do futebol.
E a expectativa agora é de dar um passo em frente, certo? Com 20 anos, já olhas para a primeira equipa como uma realidade possível?
Exato. Claro que esse é sempre o objetivo. Não é fácil, há aqui grandes jogadores e nunca é fácil sendo mais novo. É o último ano de contrato e estou lesionado, por isso as coisas não estão tão fáceis, mas esse é sempre o objetivo. Tenho sempre isso em mente.
Mas já se falou da possibilidade de renovar?
Não, de momento ainda não. Mas, se não continuar aqui, continuo a lutar pelo objetivo noutro sítio.
Como é que surgiu a hipótese do Liverpool na tua carreira?
Joguei sete anos no FC Porto e, com 16 anos, decidi sair pois queria jogar sempre. Arrisquei em ir para os juniores da Sanjoanense, sabia que podia correr mal, mas sempre me apliquei muito nos treinos e as coisas correram bem. Fui chamado aos seniores com 16 anos e apareci na primeira equipa. Depois, tinha um treinador com quem tinha trabalhado no FC Porto e que entretanto foi para o Liverpool. Aconselhou-me aos responsáveis do clube, eles foram ver-me à Sanjoanense e chamaram-me para fazer testes. Estive duas semanas em Inglaterra, treinei e fiz dois jogos, eles gostaram e em maio assinei.
E depois? Foste sozinho?
Vim sozinho... Não foram tempos fáceis, tenho de o dizer. Era ainda muito pequeno. Vivi dois anos com uma família inglesa e a minha vida era ir para a academia e para casa... Não passava disso. Fiz sacrifícios, foram tempos difíceis, mas que me fizeram crescer. Só que o sonho do futebol compensa tudo.
Estavas fora do teu habitat, sem família e amigos... Foi crescer à força?
Exatamente. É estar num país mais frio, com comida diferente, numa casa com pessoas estranhas... Vou a Portugal de três em três meses. Agora já vivo sozinho, num apartamento.
Provavelmente, a tua prioridade deve ser o Liverpool. E se não ficares?
Quero continuar em Inglaterra. Esta experiência fez-me crescer muito e estou preparado para ir para qualquer sítio. Gosto de estar cá e aqui é onde está o melhor futebol. Aqui é diferente.
E, num futebol diferente, há um Klopp que é um caso à parte. Como é privar com ele?
É um pouco fora da caixa [risos]. É um treinador muito exigente, quer ser fiel às suas ideias, é amigo dos jogadores, mas quer que eles tenham paixão pelo jogo, que demonstrem isso em campo.
Quando vais à equipa principal, há algum jogador para quem olhas de baixo para cima? Alguém que tens medo de ter pela frente?
Admiro muitos deles, mas não tenho medo, pelo contrário. É muito bom treinar com eles. O Coutinho, que já saiu, o Firmino. São fantásticos e aprende-se muito. Basta ver os seus movimentos.
Ficaste com algum ensinamento na cabeça?
[pausa] Uma vez, o Sturridge disse para jogar só para mim, sem pensar muito no que os outros iam achar. Foi logo no meu primeiro ano e aquilo ficou-me, não só o conselho, mas o facto de ele me ter procurado para me dizer aquilo