Alvibranco 25-04-2024, 09:39
Depois de uma boa época ao serviço do Moreirense, onde ganhou a Taça CTT, optou por mudar de ares e seguir para o Guingamp, numa decisão que resultou.
Começaste por jogar, agora nem tanto. Que ilações tiras até agora?
São boas. É verdade que joguei logo de início e fi-lo bem. Tive uma lesão na coxa e perdi dois jogos. Estou a trabalhar para ganhar o meu espaço e conseguir jogar. Individualmente, sei que posso fazer melhor, dar mais à equipa. Já estou adaptado ao campeonato e à equipa, por isso quando voltar a estar no campo, vou dar o meu máximo para agarrar o lugar.
Portanto, estás agradado com o que já aconteceu?
Sim, disso não tenho razão de queixa, pelo contrário. Até me surpreendeu o que aqui encontrei, o clube, as pessoas que aqui trabalham. Tinha uma pequena ideia quando assinei, mas até agora tenho muita coisa boa a dizer sobre eles.
Os franceses parecem estar a apostar mais em jogadores portugueses. Sentes isso aí?
Porque é que achas que esta era a altura ideal para emigrar?
Tem a ver com as circunstâncias da vida. Estava no Moreirense, que luta pela manutenção, que tem boas condições para os jogadores, mas ambiciono sempre mais. Tendo esta oportunidade para vir para um campeonato melhor que o português, com outros objetivos, isso fez-me tomar esta decisão e abraçar este novo desafio.
Mas achas que te faltaram portas para continuares a tua progressão em Portugal?
Não, penso que não, até porque tinha mais dois anos de contrato com o Moreirense e podia ter continuado. Quis experienciar algo novo, um campeonato com outra visibilidade. Ao vir, sabia que a minha evolução ia ser maior.
Em algum momento pensaste que devias ter ficado em Portugal?
Não, até agora não tenho razão de queixa. Estou a gostar muito, adaptei-me ao país e à língua. Claro que as coisas nem sempre acontecem logo no início, mas temos de trabalhar para que aconteçam depois. Nunca me arrependi e estou muito bem aqui.
Então estás preparado para ser um emigrante por vários anos?
Sim, quando se aceita um desafio destes a ideia é essa.
Relativamente à tua passagem pelo Benfica, tem-se visto uma aposta crescente dos jogadores vindos do Seixal. Ficou alguma coisa por fazer? Tens alguma mágoa?
Nenhuma. O tempo que lá estive fiz o melhor para chegar à equipa principal. Não é só pelo Benfica que se traça o nosso caminho, há mais caminhos e então foi isso que me fez pensar que fiz tudo para lá chegar. O clube sabe do meu valor e não duvido disso. Não tenho qualquer mágoa com o clube.
Tens vários amigos na equipa principal. Como estás a avaliar a época deles?
Primeiro que tudo, estou muito contente por eles. Sei do trabalho que fizeram para chegar a este patamar. Sinto-me muito contente pelo Bruno, o Rúben, o Diogo. Chegar à equipa principal não é para todos, eles só têm de aproveitar a oportunidade.
Sendo tu um conhecedor da casa, quem indicarias como jogador a ter em atenção?
Isso é um pouco complicado, porque já não estive com estas gerações mais novas. Mas qualidade há lá muita. Não tenho visto tanto os jogos, mas chamo a atenção dos que estão emprestados, como o Pedro Rodrigues, o Yuri Ribeiro, o André Ferreira. São jogadores com potencial para a equipa A. O próprio João Carvalho, que não tem tido muitas oportunidades, o Guga Rodrigues, o João Félix, o João Filipe, o José Gomes.
Deixemo-nos de futebol e passemos para outra música. Conta-nos em que ponto está isso...
Estamos no ponto em que começou. Isto é um hobbie que faço nos tempos livres, que é escrever. É algo que me distrai, é um passatempo, pois enquanto jogar futebol não poderei ter duas vidas. Mas tenho tempo para o fazer e gosto disso, liberta-me do futebol.
Essa carreira paralela já estará a dar-te luzes para o futuro?
Depois do futebol, tenho a vontade de continuar com música. Sei que sou muito novo, mas já penso nisso. O feedback é muito mais positivo que estava à espera e isso dá-me mais vontade. Sei que há pessoas que confundem as coisas, pois se faço um jogo mau vem logo a conversa de eu estar a pensar na música, o que não é o que acontece. Dedico-me a 100 por cento ao futebol.
Encontraste em França novas inspirações para o teu estilo?
Sim. Adquiri um estúdio próprio para ter no quarto, uma ideia que já tinha há algum tempo para gravar as minhas coisas. Em Portugal, já levava tudo preparado, aqui posso fazer tudo com mais calma, respirar o estúdio. É um passo à frente, antes apenas escrevia.
Vais incluir umas letras em francês?
[risos] Não sei... Umas frases ou umas palavras, sim. Mas a minha língua é a portuguesa e eu gosto é de escrever na minha língua.
O que é que o Pedro futebolista tem a dizer ao Pedro músico?
[pausa] Para continuar sempre a fazer o que gosta, pois um dia mais tarde pode tirar os frutos que deseja.
E o que é que o Pedro músico tem a dizer ao Pedro futebolista?
Para se manter o mesmo trabalhador de sempre, quer em treinos, quer em jogos. Continuar a ser humilde, que é muito importante, e para procurar alcançar os seus sonhos.