Marco Meireles está pronto para mais um desafio na carreira. O extremo português é reforço do Gibraltar United e vai tentar ajudar a equipa que conta com o antigo internacional espanhol Michel Salgado como investidor a conquistar o título e a consequente entrada nas competições europeias. Mas já lá iremos.
Primeiro, nada como recordar o passado e trajeto deste jogador com passagem pela formação do FC Porto, junto de nomes como André Pinto e Ukra. Natural da Amadora, Meireles terminou a formação no Nacional da Madeira, emprestado pelos dragões, e acabou por ficar no arquipélago até 2013, altura em que deixou o Ribeira Brava para dar início à primeira aventura no estrangeiro.
«É sempre complicado deixar a casa dos pais com 17/18 anos, mas eles sempre incentivaram e apoiaram o meu sonho. Na altura, realizei uma excelente temporada nos juniores do Nacional, voltei ao Porto, mas depois o Nacional apresentou-me um contrato profissional e aceitei porque acreditava que seria mais fácil chegar aos seniores», recorda Marco Meireles, em conversa com o zerozero.O salto para a equipa sénior do Nacional nunca aconteceu, embora o extremo tenha jogado praticamente sempre na Madeira antes de abrir a porta ao primeiro desafio além-fronteiras. E é aqui que começa a nossa viagem com Marco Meireles.
Finlândia é a primeira paragem. O jogador português descreve a experiência no Sporting Kristina e no MP Mikkelin como bastante positiva. Até porque foi lá que tudo começou a ser mais profissional na carreira de Marco Meireles.
«Foi na Finlândia que as coisas começaram a aproximar-se da vida que queria ter. O início não foi fácil devido às saudades da família, sobretudo da minha mulher e do meu filho, mas acabei por gostar bastante da experiência. O futebol é mais físico e menos técnico e o clima é bastante diferente», relembra.
«As pessoas acolheram-me muito bem. O presidente e a sua família foram fundamentais», agradece.
Levantamos voo e viajamos para outro continente. O Brasil é o destino, embora a experiência não tenha sido tão longa quanto o desejado. O incumprimento salarial precipitou a saída quatro meses depois da chegada ao Grêmio Barueri.
«Sim, foi uma curta passagem… Fui com um amigo que também é jogador e que me acompanha em muitas equipas (Filipe Aguiar) e a adaptação foi mais fácil porque o país é muito idêntico a Portugal: comida, língua e cultura. A equipa era muito boa apesar de estar na Série D. É como se fosse a Liga 2 de Portugal. Estava gostar muito da experiência, mas depois de várias mentiras relacionadas com o salário tivemos de vir embora porque ninguém vive sem dinheiro», lamenta.
Europa. América do Sul. E que tal Ásia, agora? Embarquemos então rumo a Macau, região administrativa da República Popular da China, onde Marco Meireles passou três temporadas fantásticas, com a conquista de três Campeonatos macaenses.
«Gostei e gosto muito de Macau e espero voltar um dia. Fui campeão três vezes, ganhei a Taça o ano passado e fomos pela primeira vez na história à segunda melhor competição da Ásia, que é uma espécie de Liga Europa. Perdemos na qualificação, mas deixámos uma boa imagem de Macau», introduz o ex-jogador do Benfica de Macau.
«Apesar de o futebol não ser profissional, há muitos bons jogadores em Macau. Gosto muito de Macau. É uma cultura diferente, o nível de vida é muito alto e vive muito à base de casinos. Vê-se mesmo muita gente nos casinos e apostam em tudo o que mexe [risos]. Muitas pessoas que trabalham em Macau vivem na China porque compensa mais», acrescenta.
Última paragem: Gibraltar. Marco Meireles acaba de assinar pelo Gibraltar United, uma equipa de Gibraltar e que conta com a participação de um grupo de investidores onde estão nomes como Michel Salgado e Roberto Carlos. O objetivo é chegar às competições europeias.
«Cheguei há um mês e estamos na pré-temporada. Tem corrido bem. O Michel [Salgado], juntamente com o presidente, está a formar uma equipa competitiva. É muito boa pessoa e sempre interessado sobre tudo no clube. O objetivo é conseguir o acesso à Europa. Tanto eu como o Filipe Aguiar viemos para dar alguma experiência à equipa que é composta por muitos jogadores locais», sublinha.
E no meio de todas estas viagens, alguma mágoa por ter sido ‘obrigado’ a lutar pelo sonho fora de Portugal? Marco Meireles não esconde que gostava de jogar numa liga profissional no nosso país.
«Claro que sinto. Sou sincero, não tenho nenhum problema em dizer que gostava de ter ficado nos seniores do Nacional. Mas não me deram a oportunidade para isso. São opções e temos de respeitá-las. Já tive algumas ofertas de Portugal para jogar no Campeonato de Portugal, mas gostava de jogar numa liga profissional», revela.
«Tenho de continuar a lutar pelo meu sonho enquanto essa oportunidade não aparece. Até agora as coisas têm corrido bem e espero que esta aventura me abra boas portas», remata.