No Algarve, em novembro do ano passado, já havia sido assim. Apenas um golo no primeiro tempo e a tranquilidade conseguida no segundo. De Loulé a Riga são mais de 3 mil quilómetros mas o paralelismo foi evidente. Com dois golos de Ronaldo e um de André Silva - assistido pelo capitão - Portugal deixa a Letónia com sentimento de dever cumprido e com os três pontos no bolso.
Com Gelson Martins como titular, em detrimento de opções como Bernardo Silva ou Nani, Fernando Santos demonstrou a intenção de fortalecer os flancos e o jogo lateral e em boa parte do primeiro tempo apenas por aí o jogo luso fluía minimanente, com os laterais a assumirem-se como peças fulcrais do algo manso processo ofensivo. O jogo interior demorava a assumir-se como arma real e a equipa letã até conseguia de quando em vez ganhar bolas nessa zona e procurar o futebol direto para tentar dar um ar da sua graça.
De bola parada, a partir da bandeirola de canto, surgiu o primeiro aviso da equipa das quinas, com João Moutinho a permitir a André Silva um cabeceamento que Vanins agarrou. Fazendo um comparativo direto entre as equipas, seria pelo virtuosismo que a equipa lusa ficaria a ganhar, mas a procura do golo, até então, limitava-se a bolas altas e às tentativas de meia-distância, em particular de Cristiano Ronaldo. O capitão tentou surpreender aos 24' e ficou próximo de o conseguir, mas Vanins conseguiu desviar o remate em esforço e travou também um remate rasteiro da estrela maior de Portugal aos 36'.
CR7 leva 12 ⚽️marcados nos 6 últimos jogos por 🇵🇹e chegou aos 90⚽️ por todos os escalões:
S.15: 7
S.17: 4
S. 20: 1
S.21: 3
Olímp: 2
AA: 73 pic.twitter.com/q7E1Rist7O
— playmakerstats (@playmaker_PT) 9 de junho de 2017
Foi já nos últimos cinco minutos da primeira parte que a equipa lusa conseguiu desfazer o nulo, num lance em que um pontapé de canto acabou por ser determinante. Não pela cobrança em si, porque a bola batida por Moutinho não deu em nada, mas porque os centrais portugueses continuaram na frente do ataque na sequência do lance e um deles acabou por ser fulcral.
José Fonte respondeu a um cruzamento de André Gomes com um cabeceamento forte que acertou em cheio no poste e a bola sobrou para Cristiano Ronaldo, que ficou com a baliza aberta à sua mercê. Um simples mergulho do capitão bastou para abrir o marcador.
Ao intervalo, a sensação geral era de algum alívio e não cheirava a goleada, mas com o desgaste da equipa do Báltico abriram-se mais espaços, Portugal conseguiu impôr melhor o seu jogo e o marcador acabou por ampliar. Houve mais tentativas de Ronaldo bem travadas por Vanins - primeiro de meia-distância, depois de mais perto - e o capitão acabou por conseguir o bis com a mesma arma que usara no primeiro golo: a cabeça. Ricardo Quaresma, entretanto chamado a jogo, fez o cruzamento e um defesa letão colocou a bola sobre o seu guarda-redes. Ronaldo, novamente cheio de oportunismo, voltou a encostar.
Tem sido muitas vezes salientada a química em campo entre André Silva e Cristiano Ronaldo, que nos últimos tempos tem permitido ao avançado portista destacar-se bem mais de quinas ao peito do que propriamente no clube, e esta noite houve nova demonstração de sinergia.
Dois minutos depois do 2x0, André Silva recuperou uma bola, entregou-a a William, que a entregou a Ronaldo, que a entregou a André Silva, e aí foi só escolher para que lado atirar perante a saída do guarda-redes adversário. O ponta-de-lança escolheu bem e o resultado ficou fechado nuns tranquilos 3x0.
Cristiano Ronaldo teve ainda mais duas oportunidades para marcar de novo e chegar ao hat-trick, mas ficou-se mesmo pelo bis. Ainda guardaste uns golinhos para a Rússia, certo, Cristiano?
Perante as dificuldades iniciais, o capitão português tentou resolver de meia-distância, mas por aí não deu. Foi o oportunismo e capacidade de surgir no sítio certo à hora certa que permitiu ao avançado desbloquear o encontro a favor da seleção lusa.