Fim de linha para o Benfica na Liga dos Campeões. As águias não resistiram na Alemanha e baquearam à hora de jogo, quando Pulisic e Aubameyang ampliaram os números do resultado para 3x0, antes do 4x0 final. Dois golpes que materializaram a superioridade alemã, depois de uma primeira parte em que entre as limitações o Benfica até pareceu estável na execução da ideia de jogo.
E houve, por fim, Aubameyang. A noite «negra» da Luz ficou definitivamente esquecida com o hat-trick desta noite.
Rui Vitória mudou onde tinha sofrido mais. Os problemas no miolo verificados em Lisboa não se repetiram, porque André Almeida, esse «pau para toda a obra», cumpriu ao lado de Samaris e na missão de pressionar a construção do Borussia Dortmund. Gonzalo Castro, por exemplo, não teve o tempo e o espaço que Raphael Guerreiro teve na primeira mão - também, desde logo, porque não é o internacional português.
Uma abordagem que, no entanto, teve dois problemas: desde logo, o golo de bola parada, aos quatro minutos. Aubameyang não foi o avançado perdulário da Luz e na primeira ocasião acertou em cheio. O gabonês, solto ao segundo poste, cabeceou, com Ederson a voar sem glória. Um golpe duro, mas que não abanou o plano encarnado; um plano que teve outra restrição, a construção ofensiva.
Com Samaris e André Almeida essencialmente focados em fechar o centro, o Benfica teve problemas em fluir com a bola em sua posse. Imediatamente pressionados na saída, os encarnados só esporadicamente conseguiram chegar ao último terço na primeira parte. Mas teve os seus momentos. Cervi, aos 24 minutos, rematou para defesa segura de Bürki e Luisão teve na cabeça o empate, aos 32 minutos; mas o guardião suíço voltou a estar no caminho.
Entre a missão defensiva e o esforço ofensivo, o Benfica «congelou» o golo sofrido tão cedo e manteve-se «vivo» para a segunda parte - onde já não devia ter estado Dembéle, que aos 40 minutos escapou ao segundo amarelo depois de uma entrada dura sobre Eliseu.
Todas as boas indicações da primeira parte acabaram por ruir na segunda. Mas atenção, porque toda esta história podia ser diferente. Ainda antes do desmoronamento encarnado, Franco Cervi teve o matchpoint no pé, quando aos 47 minutos, em posição frontal e dentro da área, atirou contra um defesa. O golpe de fortuna não apareceu e seguiu-se o pesadelo. Ederson ainda travou o que conseguiu (defesas aos 53', 56' e 59 minutos), mas os buracos na estrutura encarnada abriam vertiginosamente.
Aos 59 minutos, Pisczek com um passe de rutura e Pulisic a picar à saída de Ederson; o Dortmund estava, oficialmente, na frente da eliminatória; e ainda o Benfica procurava reorganizar-se quando Aubameyang voltou a marcar (61'), numa demonstração do desnorte encarnado naqueles minutos.
Rui Vitória reagiu. Lançou Jonas, primeiro, e Zivkovic e Raúl Jiménez de seguida, mas a equipa foi incapaz de mudar o chip. Ferida de morte, mais homens na frente não correspondeu a mais caudal ofensivo, e acabou mesmo por ser o Dortmund a fazer o último golo da noite, novamente por Aubameyang. Perdeu-se a ideia e a estratégia. E sem a fortuna de Lisboa, o Benfica acabou vergado à naturalidade de um adversário melhor. Há que dizê-lo.