Alguns consideravam o seu estilo pouco ortodoxo, hiperbólico, louco demais para um representante da fria escola nórdica. As suas defesas apaixonavam os espetadores, e a incutia muito medo aos seus colegas com o seu génio, ou maus fígados. Medo esse que era ainda maior para os seus adversários, que quase tremiam das pernas e davam de frente com a imponente figura do gigante de Gladsaxe.
Schmeichel sempre teve o coração perto da boca. Grande, em todos os sentidos do adjetivo, o dinamarquês Peter Bolesław Schmeichel , defendeu o impossível e ganhou como poucos ousaram ganhar, mesmo que para tal tivesse que subir lá à frente num canto e ganhar a bola para a sua equipa vencer a Liga dos Campeões...
Um guarda-redes que gostava de ficar na história
O grande dinamarquês marcou por certo uma era entre os postes. Considerado o melhor guarda-redes do mundo em 1992 e 1993, foi fundamental na conquista dinamarquesa do Euro 1992, entrou para a história do Brondby, ao ajudar o clube dos arredores de Copenhaga a chegar aos quartos-de-final da Taça dos Campeões Europeus, brilhou em Inglaterra ao serviço do
Manchester United, onde esteve presente na conquista do título que escapava aos red devils há 26 anos.
Ainda em Manchester conquistou a
Champions, antes de passar para
Portugal, onde ao serviço do
Sporting ajudou os leões a quebrar o jejum de 18 anos...
Depois de jogar em clubes amadores, deu o salto para o Brondby onde conquistou três campeonatos dinamarqueses, antes de se mudar de armas a bagagens para Old Trafford.
A época de estreia valeu apenas uma Taça da Liga, mas no verão, durante o europeu da Suécia, Peter
Schmeichel foi fundamental na caminhada dinamarquesa até à final, onde os nórdicos bateram a Alemanha e sagraram-se campeões da Europa, isto depois de terem sido repescados para a prova à pressa, 15 dias antes do pontapé de saída da competição, para substituírem a excluída Jugoslávia.
Sucesso em Manchester e um salto para Lisboa
Em Manchester, com o seu estilo irreverente e a espetacularidade das suas defesas, com os gritos para os companheiros de defesa, o Grand Danois tornou-se um símbolo do clube.
Oito épocas ao mais alto nível e 15 troféus conquistados, levaram Peter
Schmeichel a ponderar procurar novas paragens, «
onde não tenha de jogar de três em três dias» lembrou ele.
Para surpresa de muitos, Paulo Abreu convenceu a estrela dinamarquesa que acabara de conquistar a Ligas dos Campeões, depois de uma final épica contra o
Bayern de Munique, a mudar-se para Lisboa, onde podia descansar do ritmo da
Premier League, ter sol, praia e comer bom peixe.
Aos 36 anos
Schmeichel aceitou o repto, e os leões ficaram loucos com a mais sonante contratação da sua história. Em troca, o gigante liderou a defesa leonina e o
Sporting, tal como havia feito o
Manchester United, conquistou a Liga, terminando um jejum de 18 anos.
Depois de duas épocas voltaria ainda a Inglaterra, onde defendeu as balizas de Aston Villa e
Manchester City, mas sem sombra do sucesso que tinha tido ao serviço da seleção, do Brondby, do
Manchester United ou do
Sporting.