Desde os tempos do Benfica de Béla Guttmann que o futebol português não tinha uma equipa tão assertiva na forma como vencia e convencia os adversários da sua superioridade, dentro e fora de Portas. Entre janeiro de 2002 e maio de 2004, aquele que viria a ser o «Special One» guiou o FC Porto ao período mais glorioso de sempre.
Baía, Maniche, Deco, Derlei, Ricardo Carvalho, Jorge Costa, Costinha... e tantos mais, fizeram do FC Porto de 2002/04, uma máquina demolidora. Dois campeonatos, uma Champions, uma Taça UEFA, uma Taça de Portugal e uma Supertaça Cândido de Oliveira, são um belo cartão de apresentação de dois anos e meio do casamento entre Mourinho e o FC Porto
Virar de página
Dobrada a primeira volta do campeonato, o FC Porto era quinto classificado, a sete pontos do líder Sporting e a seis do campeão em título Boavista. Eliminado da Taça pelo Braga, seguia atrás do Benfica e do Leiria, tentando não descolar da carruagem de frente.
Chegara ao fim da linha o consulado de Octávio Machado. Pinto da Costa demorara a reconhecer o erro de casting e pela primeira vez na história da sua longa presidência, corria o risco de ficar três épocas seguidas sem ser campeão. Era preciso agir!
Em Leiria morava a equipa sensação da competição, comandada por um jovem treinador, que surpreendia nesta segunda oportunidade, depois do fracasso da passagem pelo Benfica. Pinto da Costa estava atento e sentiu que apesar da tenra idade, aquele homem tinha a capacidade de liderança que queria no seu Porto.
Na Mealhada, a 22 de janeiro, reuniu-se com o presidente João Bartolomeu e José Mourinho, e depois da meia-noite havia fumo branco. Dias antes de completar os 39 anos, José Mário dos Mourinho Félix assinava pelo FC Porto, e é seguro afirmar que nessa noite fria de janeiro, uma página histórica do nosso futebol começava a ser escrita.
A primeira tentativa
Estreou-se no banco a 26 de janeiro, numa vitória sofrida sobre o Marítimo, com o primeiro golo portista a ser apontado pelo madeirense Briguel na própria baliza. Seguiram-se mais três vitórias que fizeram as hostes portistas voltarem a falar no título.
Tudo corria bem até que o Beira Mar visitou as Antas a 23 de fevereiro. Numa noite fria, os aveirenses surpreenderam os azuis-e-brancos, com três golos (dois de Fary) que provocaram a primeira derrota da era Mourinho.
Esse desaire por 2x3 seria a única derrota sofrida pelas equipas de Mourinho durante anos (1)...
Super Porto: das Antas a Sevilha
O Campeonato Nacional seria ganho com facilidade, terminando com oito pontos de avanço sobre o Benfica. Na Europa, a caminhada começaria a 9 de Março de 2004, quando uma histórica eliminatória com o Manchester United, foi ganha nos instantes finais, com o golo de Costinha que gelou Old Trafford e provocou a mais célebre correria de José Mourinho pela linha lateral.
Seguiu-se o Olympique Lyonnais nos quartos-de-final, antes de uma disputadíssima meia-final com o Deportivo da Coruña (0x0 em casa, 0x1 fora), ganho com o penálti decisivo de Derlei no Riazor.
Na grande final, em Gelsenkirchen, o Monaco nunca foi um adversário à altura do FC Porto. Golos de Carlos Alberto, Deco e Alenichev, coroaram os dragões como reis da Europa, com classe e um futebol maravilhoso, encantando portistas e não só.
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(1) - Só a 2 de abril de 2011 é que uma equipa treinada por Mourinho voltaria a perder em casa para uma competição nacional. Para a história ficou o nome de De Las Cuevas, o autor do único golo da vitória do ##Sporting Gijón no Santiago Bérnabeu.