Sebastião Lucas da Fonseca, o Matateu, está para o Belenenses como Eusébio estará para o Benfica. Podemos mesmo dizer que se não houvesse Eusébio, e sem desprimor para Vicente e Hilário, Matateu teria sido a par de Coluna o maior nome que Moçambique tinha legado ao futebol português.
Um fenómeno
Natural de Lourenço Marques, hoje Maputo, em Moçambique o pequeno Sebastião veio ao mundo numa família remediada da então colónia portuguesa. Filho de um tipógrafo, Lucas Matambo, e de Margarida Heliodoro, desde pequeno que se apaixonou pela bola, habitualmente de trapos, que os miúdos jogavam nas praias banhadas pelo Oceano Índico.
De Cruz de Cristo ao peito
A Lourenço Marques já tinham chegado sondagens de Benfica, FC Porto e União da Madeira, mas seria a proposta do Belém a convencer o jovem Matateu. Aterrou na capital a 4 de Setembro de 1951 e doze dias depois estreava-se num jogo contra o FC Porto, a contar para a Taça Maia Loureiro.
Curiosamente, os leões ficaram ligados à carreira de Matateu como nenhum outro adversário. Não só apadrinharam a sua estreia no campeonato, como lhe roubaram o título de campeão em 1954/55, como foram o clube que o Belenenses venceu na final da Taça de Portugal em 1960, o único grande troféu que Matateu levantou com a camisola azul.
Símbolo no Restelo
Fez o último jogo pela seleção, numa pesada derrota na Jugoslávia (1x5), oito anos depois da estreia contra a Áustria, no Estádio das Antas, no Porto. Na seleção nunca jogou ao lado de Eusébio, que só se estreou um ano mais tarde da sua última internacionalização, mas foi colega do seu irmão Vicente, um dos magriços de 66, de quem foi colega também no Belenenses durante 10 anos.
Passou pelo Gouveia e mais tarde pelo Amora, antes de emigrar para o Canadá, onde jogou até aos 50 anos, e viria a falecer a 27 de janeiro de 2000, contava então 72 anos de idade.