«A cidade de Matosinhos, tão cheia de pergaminhos, tem orgulho e tem valor, no seu grupo tão vareiro» assim reza o hino do Leixões Sport Club, cantando o amor que a cidade do Rio Leça nutre pelo seu clube desde a primeira hora.
O Leixões nasceu a 28 de novembro de 1907 pela fusão de três clubes desportivos existentes em Matosinhos: o Grupo Lawn-Tennis Prado, o Grupo Lawn-Tennis de Mattosinhos e ainda o Grupo Leixões Foot-Ballers.
No outono de 1907, dirigentes dos três clubes do concelho de Bouças - a que pertencia então a Vila de Matosinhos - reuniram-se com o intuito de juntar os seus clubes num só, o novel Leixões Sport Club.
Dois clubes que se dedicavam à prática do ténis e um clube que como o nome bem indica, preferia o jogo do «pontapé na bola», decidiram que o clube seria multidisciplinar. O símbolo, é a prova desse ecletismo, com uma raquete de ténis, uma bola de futebol e um bastão de críquete, um desporto que então rivalizava com os outros dois, entre as elites burguesas de
Portugal. Matosinhos há muito que era uma terra de amantes do desporto e o Leixões vinha unir as diversas forças do clube e dotar os matosinhenses de um motivo de orgulho.
Ao longo da sua gloriosa história, o futebol tornou-se a principal modalidade do clube, mas os leixonenses conseguiram resultados de grande destaque em outras modalidades de referências como o voleibol, o boxe e a natação, mas não obstante o sucesso nas outras disciplinas sempre foi até aos nossos dias o futebol a fazer bater mais forte o coração da gente matosinhense.
Começo humilde
O Leixões começou por enfrentar equipas locais, passando a competir pouco depois no recém criado Campeonato do Porto e mais tarde no Campeonato de
Portugal.
A primeira grande conquista seria a Segunda Liga em 1937/38, seguida pouco depois pela conquista do Campeonato do Porto (1939/40) pondo fim a uma sequência de 22 títulos consecutivos do
FC Porto. Feito histórico que foi festejado com pompa e circunstância em Matosinhos.
As primeiras presenças dos leixonenses na Primeira Divisão saldaram-se por fracas participações. Só duas vitórias valeram o último lugar em 1936/37; Uma vitória e cinco empates permitiram um penúltimo lugar à frente do Vitória sadino; e por fim o desastre de 1942/43 em que o Leixões se tornou o primeiro e único clube a terminar uma edição do Campeonato Nacional sem conhecer o sabor da vitória. Ao longo de dezoito jornadas salvaram-se dois empates caseiros com text.php?id=74 e Académica, pelo meio de dezasseis derrotas e muitas goleadas.
A melhor hora
Seria preciso esperar dezasseis épocas para assistir ao regresso leixonense à primeira divisão, numa época em que o clube de Matosinhos conseguiu um seguro oitavo lugar. Na época seguinte repetiu o oitavo lugar, mas seria na Taça de
Portugal que a equipa matosinhense escreveria a mais bela página da sua história.
Tudo começou a 29 de janeiro de 1961 com um empate pouco prometedor a duas bolas em Alhandra com o clube local. Na segunda mão, no campo de Santana, o Leixões venceu por 4x0.
Seguiu-se uma equilibrada eliminatória com o Caldas, antes do Leixões eliminar o Vitória de Guimarães nos oitavos. O senhor que se seguiu foi o União da Madeira, despachado com dupla chapa três. Na meia final a vítima seria o
Belenenses, derrotado no Restelo (2x3) e em Matosinhos (1x2). Chegou então esse histórico Domingo, dia 9 de julho. O palco da grande final era o Estádio das
Antas no Porto, e os finalistas eram o Leixões e o próprio
FC Porto. Para surpresa de todos o Leixões deu a volta ao resultado com golos de Oliveirinha e Silva, numa segunda parte em que o clube de Matosinhos foi guiado até à vitória pela magia do brasileiro Osvaldo Silva que fora dispensado precisamente pelos azuis e brancos.
Sucesso na Europa
Vencedor da Taça o Leixões marcou presença na Taça dos Vencedores das Taças. A estreia seria um verdadeiro desastre. Na Suíça, perante o La Chaux-de-Fonds a equipa portuguesa baqueou por 6x2, mas na segunda mão o Campo de Santana assistiu a uma das mais épicas reviravoltas do futebol europeu e os suíços foram despachados com um histórico 5x0.
Eliminou-se a seguir o Progresul da Roménia e o trajecto chegou ao fim nos quartos-de-final, quando o Leixões perdeu com o Carl Zeiss Jena numa eliminatória em que se viu obrigado a jogar os dois jogos fora por culpa da política internacional do regime de Salazar.
No campeonato o clube continuaria a dar cartas nos anos seguintes, chegando ao quinto lugar em 1963. Durante anos (18) o clube manteve-se no primeiro escalão.
Abismo e sonho
Em 1976/77 após dezoito épocas entre os grandes o Leixões caiu de divisão e teve de esperar 12 anos para regressar ao convívio dos grandes em 1988/89. A época foi muito complicada e o 19.º lugar final custou nova despromoção, obrigando o Leixões a longa viagem pelos escalões secundários que só acabou em 2007/08.
Mas antes de voltar à Primeira Liga o Leixões viveu nova página de sonho em 2002. Jogando na 2.ª Divisão B o clube do Mar chegou à final da Taça de
Portugal depois de ter eliminado o Sp. Braga em pleno Estádio 1º de Maio por 1x3 com golos de Abílio, Nené e Detinho.
Na final, no Jamor, o Leixões encontrou o
Sporting de Bolöni com
Jardel, João Vieira Pinto e companhia e deu grande réplica, acabando batido pelo golo do Super Mário, num lance em fora-de-jogo que indignou a gente matosinhense.
Meses depois em Setúbal na Supertaça o Leixões não resistiu à força do «Leão» e perdeu por 5x1. Na Europa o clube de Matosinhos fez história ao eliminar o Belasica da Macedónia, chegando à 1.ª eliminatória onde apesar da vitória por 2x1 na primeira mão sobre o PAOK, acabou vencido na segunda mão em Salónica (4x1). Com a derrota na final da Taça o Leixões tornara-se o primeiro clube do terceiro escalão a marcar presença na Taça UEFA.
Regresso e queda
Depois de ter estado próximo da subida em 2006 com um terceiro lugar, o Leixões conseguiu a conquista do título da Segunda Liga em 2007 e a tão ansiada promoção ao «clube dos grandes». Na primeira época pós-regresso uma campanha complicada terminou num 14.º lugar. Em 2009 com José Mota, o Leixões surpreendeu.
A época até começou com uma derrota em casa com o Nacional (1x3) seguida de uma série de nove jogos sem conhecer o sabor da derrota. A terceira derrota só chegaria à 20.ª jornada, quando o clube começou finalmente a ceder na tabela...
O começo de época da equipa foi avassalador. O país desportivo parou quando o Leixões surpreendeu e venceu o
FC Porto nas
Antas por 2x3 tomando a liderança em parceria com o Nacional que duraria só uma semana.
Na 8ª jornada foi vez do
Sporting provar do veneno leixonense e perder em casa por 0x1. Só à 11ª jornada é que o Leixões cederia, perdendo em Guimarães e vendo o
Benfica isolar-se na liderança. O campeonato acabaria com um excelente 6.º lugar, muito perto da Europa.
Depois de um ano excelente sucedeu-se nova época negativa com o 16.º lugar final a custar nova descida à Segunda Liga, onde o clube matosinhense se encontra desde então.